Aveiro.
















As parcas referências a Aveiro aqui neste meu lugar são quase imperdoáveis. E isso do "imperdoáveis" tem que ver com o dado biográfico incontornável de ter vivido lá uns anos. O que significa muito. Muitos rituais. Muitas pessoas. Muitas memórias. E, claro, muitos sítios, que é o que interessa para aqui.
Em primeiro lugar, Aveiro é uma cidade para andar a pé ou para andar de bicicleta. O relevo e a frescura natural da cidade ajudam. A sensação que se tem, no final de um dia inteiro, é que caminhámos muito, mas não sentimos cansaço. Tem uma vocação marítima e comunicante, ou não fosse serpenteada por canais de água. Foi sempre a impressão mais vívida que tive. Que era uma cidade comunicante, ligada a outras cidades. E muito, a ligação à água. Respira-se bem, em Aveiro. A geometria das ruas, a arquitectura rigorosa e séria do Estado Novo, as construções a dar para a ria. E o silêncio da Sé, vazia de gente. Gosto de igrejas vazias seja onde for. Ouvimos o lugar onde estamos com um distanciamento silencioso que faz com que nos sintamos imersos nele. E não estou só a falar de geografia. Mas bom mesmo, é ir andando. É assim que se respira a cidade como ela merece.
Este sítio que fica hoje é uma pizzaria com uma longevidade assinalável. Vou lá há anos e é como se o tempo não passasse. Chama-se Pizzarte. É um lugar amplo, com uma vocação declarada e declarativa para a arte. Assim que entramos, tudo quanto acontece/vai acontecer na cidade está ali, num painel caótico, mas com uma lógica muito particular:) O serviço é descontraído, mas sério e expedito. O universo da comida italiana está na ementa. Podemos escolher a partir da base da ementa ou então, podemos ser criativos e fazer a nossa pizza, a partir da matriz da margherita. Por algum motivo o lugar se chama Pizzarte. Vinho a copo, se assim o quisermos. Ou o cocktail que entendermos, feito no bar. Muito bom, o serviço de bar. Um dos melhores gins tónicos que bebi foi aqui. Feito com os rituais solenes a que deve obedecer e sem aquela componente pretensiosa de show off que este universo tem vindo a conhecer e que já irrita um bocadinho. As sobremesas são muito clássicas. E deliciosas. Numa das imagens, o crepe com ovos moles e canela. Muito bom:) 
É um lugar boa onda. E muito abrangente. Há sempre famílias e grupos grandes de amigos. Namorados a fazer juras (sempre) eternas. E também há coisas como a de uma das imagens. Gente que se senta a uma mesa para estar a olhar para um telemóvel. Não resisti a fazer o registo desta ilha silenciosa de três pessoas. E sim, tenho a noção de que esta consideração também pode cair-me em cima, dado o óbvio de ter estado a tirar fotografias para escrever um texto num blog. Mas são espaçados e discretos, esses momentos. Nunca comprometem o prazer da comida nem da companhia.
Aveiro é este lugar e outros de que falarei noutras páginas. Porque Aveiro é tantas coisas. Para já, também a morada dos doces de Aveiro "à séria". A Casa Maria da Apresentação e Herdeiros. Perto do canal de São Roque, uma casa discreta. Paramos o carro, tocamos à campainha e abre-se a porta para um mundo maravilhosamente doce:)


E Unknown Mortal Orchestra. Esta música (linda) com cadência solar. A uns dias dos concertos aqui


9 comentários:

  1. Gostei de conhecer um pouquinho de Aveiro por aqui ;) A pizza tem tão bom aspecto!

    E a música é muito gira! :)

    Beijinho

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    1. Olá Cláudia,

      Ainda bem que sim. Há-de haver mais coisas sobre Aveiro. Com hambúrgueres e assim:)

      Esta é uma daquelas músicas. Uma alegria boa, mal a oiço. Bom que tenhas gostado.

      Um beijo.

      Mar

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    2. Fico a aguardar novos posts sendo assim :) Gostei sim Mar, a música é uma alegria boa, mesmo.

      Hoje passei por aqui para agradecer o comentário no meu blogue :)

      (respondi hoje, peço desculpa pela demora)

      Beijinhos

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    3. Não tens nada a agradecer nem nada por que pedir desculpa, Cláudia. Gostei tanto do teu sítio. Guardei-o na minha lista, para estar por perto:)

      A música faz-nos logo bem. Esta. Outras. A música é assim.

      Um beijo.

      Mar

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  2. Ao contrário de ti, nunca me demorei muito em Aveiro. Mas é, na minha opinião, das cidades mais bonitas do país. E sou doida por ovos moles, por isso vou guardar este endereço.
    Quanto à imagem dos três jovens, uma coisa tão triste como frequente. Temo que os adolescentes de agora, daqui a uns anos, não saibam ir jantar fora e simplesmente conversar com amigos, sem o auxílio do telemóvel.

    Um beijo para ti,

    Ilídia

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    1. Olá Ilídia,

      A questão é que isto não é exclusivo dos adolescentes. Há uns dias, um dos meus alunos dizia-me que a mãe dele, no Facebook, era um desastre e que isso o zangava. Sempre que ela o fotografa, tem receio de se transformar num post e de ficar à mercê dos "gostos" de gente que não conhece. Disse-lhe que tem idade suficiente para lhe dizer que não quer nada disso. E que tem direito à reserva do rosto dele e à privacidade. Não é um problema só dos adolescentes. Estes em particular pareceram-me de uma indigência só triste. Estiveram assim o tempo todo.

      E sim, Aveiro é uma cidade bem linda. Cheia de sítios e de pretextos. Doces e salgados:)

      Um beijo. Boa semana para ti.

      Mar

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  3. Ai, o "meu aveirinho"... e que bonitas palavras para o descrever. Obrigada por me transportares até lá :)
    Um beijinho!

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    1. Que bom que gostaste dessa viagem breve:) Aveiro é (mesmo) muito. Os canais. A comida de pescadores, no porto. O Mercado Negro. O Ramona. Se Aveiro é teu, conheces isto tudo:)

      Um beijo. Obrigada.

      Mar

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  4. Confirmo de novo tudo sobre a Pizzarte, tem 29 anos e no ano 1987 que abriu a parte que foi à data também um bar para copos, com Nike Cave e outros que tal à abrir eu trabalhei neste bar Pizzarte e foi muito bom e o bar não dorou muito (os nativos de Aveiro não gostam de barulho às suas portas) e como tal e passou a ser a parte da Pizzaria onde de come e fuma (como antigamente se fazia!), mas tudo continua igual e sabem porquê?! porque os 3 sócios são os mesmos e são uma grande equipa, ainda bem que continua tudo igual...até o artista que decora periodicamente as paredes, sim a parte da Arte está nas paredes!

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