A Rua Miguel Bombarda. E depois o Alexandre.
























A Miguel Bombarda é como se fosse uma cidade dentro da cidade. Uma das (muitas) coisas boas do Porto: a capacidade que tem em se reinventar. Até há uns anos, esta era uma rua ingrata. Uma daquelas zonas desaconselháveis e/ou desaconselhadas. Mas, a partir de uma certa altura, começou a ser como nesta história universal do Jean Giono. A história do homem que plantava árvores. Foi também assim, só que sem a parte das árvores. Umas pessoas começaram a fazer coisas. Outras fizeram mais coisas por causa dessas outras. Houve reformulações, reconstruções, adaptações, reinvenções. E a Miguel Bombarda é, neste momento, uma artéria cheia de vida. Mesmo que, numa primeira impressão, se pense que a cena é só arte. Mas não. Há tanta vida para lá da arte. E creio que é até mais disso que se trata. Da vida e dos seus ritmos imprevistos e imprevisíveis. Cafés, restaurantes e tascas. Vendas de rua. Livrarias. Lojas só de chás. Lojas só de especiarias. Lojas só de papéis e de canetas. Supermercados e mercearias. Esculturas em sítios improváveis. Grafittis com mensagens mais ou menos encriptadas. Antiguidades e velharias. Sentimos que os sentidos estão atentos, concentrados. A Miguel Bombarda é linda seja quando for, mas nos dias das inaugurações simultâneas, é ainda mais. A ideia é circular, deambular, determo-nos num pormenor qualquer, não gostarmos nada de um quadro, gostarmos muito de um outro. É como nós quisermos. Por estes dias, as galerias estão cheias de coisas acabadas de acontecer. Para quem tiver o interesse específico, é uma boa altura para circular por estas paragens. E para quem não tiver esse interesse, também:) Com esta indicação, uma outra, a acontecer no Porto por estes dias. O Fórum do Futuro. Deixo o programa que é bem difícil de escolher, porque só dá vontade de ir ver/ouvir tudo. Entre os dias 4 e 8 de Novembro, muitas palavras a propósito de uma palavra. A palavra felicidade. É ver o programa e escolher. 
Com isto, um sítio muito, muito especial. Não no Porto. Mas em Aveiro. Cidade que é cidade tem de ter, pelo menos, um destes sítios. Para comida (muito boa) fora de horas, se for o caso. E de balcão, se assim o quisermos. Gosto tanto do Alexandre, que acontece muitas vezes não jantar no Porto para ir ali. Gosto tanto do Alexandre, que acontece muitas vezes ir a Aveiro só por causa do Alexandre. E o curioso é que não se trata de nada de muito especial, em termos gastronómicos. Mas o ponto é que os pregos do Alexandre são uma daquelas delícias. No prato. No pão. E a canja. E a sopa de peixe. E o pudim de laranja que parece o meu pudim Abade de Priscos. E a cordialidade e a eficiência das pessoas que ali trabalham. Sempre um sorriso. Sempre a disponibilidade. Mesmo quando a casa está cheia. E como aquela casa está tantas vezes cheia de gente. Sempre correctos. Sempre atentos ao serviço. Um elogio enorme aos homens que servem às mesas e ao balcão do Alexandre. 
E estas notas finais, a propósito do léxico deste sítio. Para pedir um prego no pão, deve dizer-se: prego especial no pão. Ser-nos-ão servidos dois pães quentes, com uma peça de carne maravilhosamente tenra e saborosa. Para pedir um prego como o da imagem, deve dizer-se: um churrasco especial no prato. Há sempre três sopas: canja, sopa de peixe e caldo verde. A propósito da sopa de peixe, convém medirmos bem o nosso apetite, porque corremos o risco (bom) de não conseguir espaço para mais nada e é uma lástima perder os pregos do Alexandre:) 
Deixo a morada segura deste sítio: Cais do Alboi, 14. Mesmo à entrada principal da cidade, corta-se à direita, estaciona-se junto à ria e a seguir, é só atravessar a ponte pedonal. As janelas largas a dar para a rua estarão logo à nossa frente. 

A música é dos Chemical Brothers. Galvanize. Porque foi bom ouvi-la no caminho entre o Porto e Aveiro. 

6 comentários:

  1. Boa tarde, Mar.
    Descobri a Miguel Bombarda pela mão e olhos do meu filho. Continuo a lá ir com ele, ver os sítios que vai descobrindo e que acha que eu vou gostar. E gosto. E gosto de lá ir com o meu filho.
    Quando for a Aveiro, vou tentar ir ao Alexandre que o prego e o ovo já me deixaram com água na boca.
    Uma boa semana.
    Bjs
    Ana

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  2. Boa tarde, Mar.
    Descobri a Miguel Bombarda pela mão e olhos do meu filho. Continuo a lá ir com ele, ver os sítios que vai descobrindo e que acha que eu vou gostar. E gosto. E gosto de lá ir com o meu filho.
    Quando for a Aveiro, vou tentar ir ao Alexandre que o prego e o ovo já me deixaram com água na boca.
    Uma boa semana.
    Bjs
    Ana

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    Respostas
    1. Boa noite, Ana

      No meu caso, foi através do meu marido. Mesmo se/quando gostamos de coisas muito diferentes. Na Miguel Bombarda há espaço para todos os gostos:) Adoro a vida desta rua. É isso. E fico feliz por a saber ali também. Com o seu filho. O meu também anda por lá connosco.
      O Alexandre é um lugar certo, seguro. Se sim, não se esqueça que se pede "churrasco especial no prato". Demorei anos a integrar esta formulação:)

      Uma boa semana para si. Um beijo.

      Mar

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  3. Adorei as imagens, tão diferentes e algumas gráficas, muito curiosas, muito giras !

    Adoro as 3 sopas ;) Não vai ser fácil a escolha, se um dia tiver a possibilidade de visitar o Alexandre... :)

    Beijinhos doce Mar

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    1. Boa vontade tua:) Mas fico feliz por teres gostado. Obrigada.

      Espero que sim, que vás ao Alexandre. E que gostes muito, sim? Já percebi que estás longe.

      Um beijo, doce Cláudia.

      Mar

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  4. Confirmo tudo sobre o restaurante Alexandre...conheço-o vai para 30 anos, desde os tempos meus tempos de universidade em Aveiro e foi sempre assim bom, em tudo!

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