Pipocas com caramelo e três respostas erradas.






Quando escrevi neste post que fazia pipocas "à antiga", foi só porque não encontrei formulação que traduzisse melhor a realidade. Tenho ideia que é o género de coisa que habitualmente se faz recorrendo a um micro-ondas. Eu não tenho disso, por uma opção que obedece a uma lógica que não interessa estar a alargar aqui. Por isso é que escrevi "à antiga". Entretanto, recebi alguns emails a perguntar pela receita. Partilhei-a nesse registo e de imediato. E agora partilho-a aqui, para o caso de haver mais pessoas com vontade de satisfazer pedidos de crianças que gostam de pipocas com caramelo "à séria":)
Tenho um carinho especial por esta sequência. Vou contar porquê. Eu comecei a cozinhar muito cedo. Quando tinha sete anos, a minha mãe ensinou-me a mexer no fogão e foi a partir daí. Como todas as crianças, gostava imenso de pipocas. Fui logo tentar perceber como é que se fazia e pareceu-me fácil. Qual foi o problema que veio logo a seguir? Panelas queimadas com açúcar que tinha ultrapassado todos os pontos possíveis e imaginários. E uma mãe extremamente alterada com a sua filha de sete anos:) Aconteceu três (lamentáveis) vezes. Dei cabo de três panelas, para aprender a fazer caramelo. Bem que é verdade, aquilo de às vezes serem necessárias várias respostas erradas, até se chegar à certa. No meu caso, três respostas erradas a cheirar a esturro:) Mas aprendi. E nunca mais me esqueci.
O cheiro das pipocas é a alegria do meu filho e do meu marido, nas nossas noites de ver filmes. Nem que às vezes até seja tarde para fazer coisas do género. Mas, citando o meu filho, "assim não tinha tanta piada". Dei-lhe razão nesse ponto, quando ontem me pediu para fazer pipocas às onze horas da noite. É bom que ele possa aproveitar a liberdade dos dias sem escola. E que seja liberdade para as crianças até à última pipoca com caramelo. 

Pipocas com caramelo

Milho para pipocas + óleo + açúcar 

Numa panela, um fio de óleo e o milho. Leva-se ao lume e deixa-se estar, até que se deixe de ouvir o estalar característico destas coisas. Retira-se do lume e acrescenta-se o açúcar, de acordo com o nosso gosto e com a quantidade de milho. Leva-se ao lume de novo e envolve-se muito bem o açúcar nas pipocas, até ser caramelo. Retira-se e transfere-se para uma taça. No seguimento, o cuidado (imediato) de mergulhar a panela e a colher de pau em água fria. Esse é o tempo suficiente para que as pipocas estejam prontas para serem ligeiramente mexidas, para se soltarem. Depois, é ir rápido para o sofá mais confortável da casa e o resto é felicidade sem horas para acordar. 

Pipocas dão sede. Por isso, por perto, tem de haver copos com este chá bem gelado. 

A propósito de serões com pipocas, um fragmento deste programa. Alguns dos serões foram feitos deste humor subversivo que está ali na fronteira. É que "assim não tinha tanta piada":) 


19 comentários:

  1. Gostei deste modo de errar e de acertar. Um género efetivo de tentativa e erro mas com cheiro a esturro. Na vida, são pouco as coisas em que acertamos à primeira. Já John Dewey, o pedagogo do "learning by doing", afirmava que a aprendizagem só se processa verdadeiramente através da ação. Aqui, esta aprendizagem custou umas quantas panelas. Pronto, teve de ser. E eu adoro estes impulsos de ir para a cozinha fora de horas. Não me acontece muito com pipocas, mas mais em modo panquecas. Apetece aos miúdos e temos uma "late night meal". Curioso, pois faço as pipocas de caramelo de maneira diferente, mas nunca ninguém me ensinou a fazê-las, por isso, o meu processo não deve ser o certo. Depois do milho estar aberto, retiro as pipocas para uma taça. Na mesma panela coloco o açúcar a caramelizar e quando este está com a cor de caramelo que desejo volto a colocar dentro da panela as pipocas e aí as envolvo no caramelo. Contudo, hei de experimentar esta tua versão antes do ano letivo arrancar, o que cá já acontece na próxima semana. Que este seja proveitoso para todos nós, miúdos e graúdos. Beijinhos
    Patrícia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Patrícia:

      Como eu gostei disto que tu escreveste. Foi assim, errei três vezes até perceber a fórmula certa para as pipocas. Mas valeu bem a pena, apesar da desolação da minha mãe, a olhar as panelas queimadas. Eu não sabia o que fazer com aquilo tudo queimado:)
      Estas memórias assim pequeninas são muito, muito grandes. Mais do que todos os parques de diversões, mais do que as piscinas mais estranhas, mais do que os espectáculos todos. O meu registo como mãe é extremamente modesto, porque sinto que a maior parte das vezes estarei a falhar ou a não ser capaz. Mas sempre que ele pede coisas destas e eu acho razoável, faço. Como tu com as panquecas. Posso confessar-te que sou uma nódoa, nesse departamento. Nunca ficaram bem:( A ver se vejo a tua maneira, para que corra melhor. E o teu processo de fazer pipocas parece-me muito bem. Também hei-de experimentar.

      E sim. Que seja bom para todos, o ano de escola que vai começar.

      Beijos.

      Mar

      Eliminar
    2. Nós mães nunca estamos satisfeitas por completo com o nosso desempenho, especialmente devido à falta de tempo. Se te consola penso o mesmo em alguns momentos, mas estou certa que 99% das mães de todo o mundo estão na mesma situação. Quanto às panquecas, tenho algumas frigideiras em que elas ficam perfeitas e outras em que não. Por isso, acho que o segredo não está só na massa, mas isso na cozinha quase tudo acontece por tentativa e erro.
      beijinhos
      Patrícia

      Eliminar
    3. Eu gosto de mães assim:) Muito mais interessante esse registo do que o daquelas mães que querem esmagar, cheias de certezas e "realizadas". Não tenho a mínima paciência para discursos do género. Seja como for, não perco muito tempo a teorizar sobre isso. Melhor pensar em receitas de panquecas ou assim. Engraçado que nunca tinha pensado nessa questão das frigideiras. Vou tentar errar mais vezes:) Depois conto-te.

      Beijos.

      Mar

      Eliminar
  2. Tão verdade isso de muitas coisas serem aprendidas à boleia da tentativa. Tantos erros que se cometem no percurso. 3 não foram assim tantos ;) E o resultado está à vista: "Mar, a fazer pipocas deliciosas há quase 30 anos". Os rapazes só podem ficar felizes, nessas noites longas com cinema na TV.
    Um beijo
    Babette

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Vai dizer isso à minha mãe:) Ficou furiosa, na altura. E sim, estas noites de sofá, só os três, são memórias bem lindas. No Algarve, numa das noites deste género, tive de fazer pipocas duas vezes:) Um dos nossos melhores serões em Lagos. Não é (mesmo) preciso muito.

      Um beijo.

      Mar

      Eliminar
  3. Lindo, este post a lembrar a infância...Mesmo tendo como imagem as panelas queimadas e o cheiro a esturro, só mesmo a Mar para nos incitar a, hoje mesmo, fazer pipocas "à antiga"! E como o ano letivo já começou, mas hoje é sexta-feira, e depois de uma ida (prometida) aos carrocéis da Feira de S. Mateus, vou tentar não queimar as minhas panelas!!!
    Um beijinho muito grande
    Maria Jorge

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Maria Jorge:)

      A memória grata de nos termos conhecido, ao ler o seu comentário. Foi um belo presente de aniversário conhecê-la. Não sei se cheguei a formular assim, no dia.
      E sim, sexta-feira à noite é um tempo mesmo certo, para fazer pipocas. A ver se correu bem e se não houve panelas queimadas por aí:)

      Um beijo muito grande para si.

      Mar

      Eliminar
    2. Olá Mar!
      Conhece-la no seu dia de aniversário e ter o privilégio de provar do seu maravilhoso bolo, que por sinal, vou fazer este fim de semana, foi daqueles momentos que não têm explicação. Como é que eu, olhando para si...deduzi que era a Mar. Será sempre um momento que irei recordar, porque no meio do turbilhão que a minha vida profissional se encontrava, naquele momento, e porque era a responsável por aquela iniciativa, descubro a pessoa por detrás do blog que eu adoro de tão delicado que é! Sim, a melhor caraterística para descrever as suas palavras, as imagens e depois a música sonora, é a delicadeza com que se exprime e que sempre foi uma inspiração para mim...
      Ah! e quanto às pipocas "à antiga" não houve panelas queimadas, mas penso que tenho que aperfeiçoar a técnica.:))
      Um beijinho muito grande
      Maria Jorge

      Eliminar
    3. Olá Maria Jorge,

      Lembro-me bem do sorriso da directora da minha escola, a entrar na sala onde eu estava a trabalhar. Disse que alguém lhe tinha perguntado se "a menina com flores no cabelo era a Mar":) E sim, até que era. A seguir, o improvável de a conhecer. Como eu gosto de coisas improváveis. Ainda para mais, no dia do meu aniversário. Havia bolo de iogurte com baunilha. Feito para as pessoas que trabalham comigo. E para si, que apareceu feita estrela cadente:)
      Essa técnica carece mesmo de tentativas. Foi assim que aconteceu comigo. Mas apanhei o jeito do caramelo, à conta de queimar panelas. Que corra bem, o bolo de baunilha. E um fim-de-semana feliz!

      Outro. Assim grande. Obrigada. Adorar é um verbo muito bonito.

      Mar

      Eliminar
    4. Olá Mar,

      Mesmo com muita chuva e trovoada à mistura, foi um ótimo fim-de-semana!! Usei uma forma de bundt e ao desenformar não correu muito bem (mesmo colocando margarina e farinha) ou provavelmente deveria ter esperado um pouco para arrefecer. Mas o bolo ficou divinal!!
      E trouxe um pouco da Mar a nossa casa...

      Obrigada

      Beijinhos

      Maria Jorge

      Eliminar
    5. Olá Maria Jorge:

      Se quiser aceitar a sugestão, compre desmoldante, para não acontecer isso das formas. Nunca uso manteiga nem farinha, que detesto untar as formas. E fico mesmo feliz por ter ido aí um bocadinho:)

      Beijos para si. E muito carinho.

      Mar

      Eliminar
    6. Olá Mar,
      Aceito a sua sugestão mas tenho de lhe perguntar onde compra o desmoldante que nunca vi à venda.
      Beijinhos e um abraço apertado

      Eliminar
    7. Em Viseu, no Recheio. Se não conseguir arranjar, diga-me. Eu arranjo maneira:) Acredite que simplifica muito o processo de fazer bolos. Mesmo. Foi a Babette que me falou disto e nunca mais untei nenhuma forma:)

      Um abraço grande para si.

      Mar

      Eliminar
    8. Este fim de semana vou fazer uma visita ao Recheio! Depois digo se consegui arranjar ou não.
      Obrigada!
      Beijinhos da Maria Jorge

      Eliminar
  4. Que as pipocas acompanhem também os bons momentos de descontração ao longo do ano letivo, e este seja um ano bem caramelizado para os três!!...

    Um abraço,
    Isabel Fonseca

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Isabel,

      Coisas boas para todos nós. Os anos lectivos são inícios cheios de antecipações. Também dá para antecipar todos os momentos ligeiros e felizes. Para ajudar a dar conta do resto:)

      Um abraço,

      Mar

      Eliminar
  5. Estas noites de filmes e pipocas são tão boas :) Ontem, também houve noite de cinema cá em casa. Depois de uma semana de muito trabalho, houve tempo para ficarmos os três no sofá, a ver um filme. Não houve pipocas, mas haverá, em breve. De caramelo, provavelmente :)
    Gostei do relato dos teus "desastres" :) Com pipocas, acho que não tive. Mas tive outros, que envolveram bolos e refogados esturricados ;) E, volta e meia, ainda acontecem alguns, que sou uma grande distraída.

    Um beijo,

    Ilídia

    ResponderEliminar
  6. Olá Ilídia,

    Algumas das nossas memórias mais acarinhadas, estas noites. Curioso que nem quero pipocas quando vou ao cinema. Talvez seja por ter a ideia destas que incluem o ritual e a alegria deles, assim que começa a haver aquele aroma a caramelo. E recuso-me a falar de trabalho, senão só reclamo. Por ter de reclamar tempo, muito provavelmente:) Mas está tudo bem.
    E para que saibas, ainda há uns dias fiz um bolo salgado/desastre:) Mesmo. Fico furiosa interiormente e depois volto a tentar. Tenho é de deixar que a neura passe:)

    Boa semana!

    Mar

    ResponderEliminar

AddThis