Nós somos exactamente como as casas. Inacabados, imperfeitos, limitados, cheios de silêncios e de lugares mais ou menos escuros, mais ou menos densos. Por isso, acho que sim. Que somos como casas. Volta e meia, precisamos de dar um jeito. De deitar fora coisas que estão a mais, de viver com todas as nossas imperfeições mais ou menos biográficas. As biografias das casas são feitas de momentos assim. Tal como as nossas biografias.
Por estes dias, oscilei entre o caos e a quietude que vem depois do caos. Respirei (n)a minha casa. Sem horários, sem ser entre um dado ou outro, um lugar ou outro. Quis que assim fosse. Mas não sabia que seria um tempo tão reconciliador, tão intenso. Nós e os nossos sedimentos.
Sentir a minha casa. Depois dos meses longos de trabalho, queria sentir a minha casa. Tenho feito muita comida, tenho registado as coisas nos meus cadernos aleatórios, tenho visto filmes pela noite dentro, tenho lido pela noite dentro. E abraço o meu filho as vezes que me apetecer. Faço pipocas de caramelo à antiga, tal e qual como ele gosta. Bebo café quente sozinha, quando a casa está silenciosa e já é muito tarde. Lembro-me de coisas, digo interiormente que é preciso esquecer outras. E que é muito importante cuidarmos de nós como a casa que somos.
Durante uns dias, deixarei uma casa e estarei noutra. Perto do mar e do vento de Lagos. O mercado pela manhã, os peixes, os frutos, as ervas frescas para a minha comida que sabe a sul. E as outras coisas todas. Hão-de fazer parte destas páginas, que eu sei. Enquanto não, ballet. Um solo muito belo.
Até daqui a uns dias. Um mundo de coisas boas!
Olá Mar.
ResponderEliminarAdorei (mais) este texto. Pena que seja sempre muito mais fácil arrumar casas...
Boas férias e beijinhos para o sul. É para lá que vou também :)
Maria
Olá Maria,
EliminarMesmo assim. As casas são menos complicadas do que nós. Obrigada por gostares. Por desejares coisas boas de férias. Para ti também. Muitos dias felizes.
Um beijo.
Mar
Boas férias Mar ;)
ResponderEliminarAo longo da vida precisamos fazer arrumações grandes. O resultado é sempre bom embora por vezes o processo seja trabalhoso e mesmo doloroso.
Beijinhos,
Mom
Obrigada:) estes momentos são bem necessários. Mesmo que às vezes custem, são exercícios fundamentais. E fundadores.
EliminarBeijinhos, Mom:)
Mar
Isto é tudo para lá de bonito! A casa, as tuas palavras, o ballet a música. Respiro. Obrigada!
ResponderEliminarPara lá de linda, és tu. E dizes sempre tanto, com frases condensadas. Isso é bem difícil. E admirável. Respiro, também. Obrigada outra vez pelo texto lindo no teu blog. E a casa está à tua espera, tu sabes:)
EliminarUm abraço grande.
Mar
Olá, Mar.
ResponderEliminarEstes dias dedicados à casa são indispensáveis. Para mim também. Tenho-os tido agora. Mesmo a trabalhar, que os dias de agosto parecem mais longos. Depois das 17:30 ainda há muito dia pela frente :)
Que as tuas férias sejam boas, com direito a muitos banhos, idas ao mercado e mimos trocados.
Um beijo,
Ilídia
Olá Ilídia,
EliminarMuito necessários, estes reencontros com as nossas casas. E sim, muito dia, depois dessa hora:) estão a ser muito lindos, os dias aqui. Tenho feito muita comida. Coisas que só aqui, de imperdíveis. E sol, mar, carinhos e tudo o mais. Que os teus dias te façam bem.
Um beijo.
Mar
Tu deixaste a tua casa. Eu cheguei à minha ;) As nossas casas como os nossos castelos. Muralhas de protecção. É bom ir, estavas a precisar. Os teus dias azuis e salgados são necessários. Um beijo! E continuação de muitas coisas boas ;)
ResponderEliminarBabette
Montes de coisas boas, azuis e salgadas. Lagos. A cidade linda, azul e branca que me faz feliz. Um Algarve distante do Algarve frenético e à superfície. Nós e as nossas férias desencontradas:)
EliminarUm beijo.
Mar