Ninguém consegue dizer o mar como ela o disse. Ninguém diz Lagos como ela o fez. A mulher das palavras que são água. Já longe do mar do sul, fica aqui a evocação de um dia de chuva numa praia sem ninguém. Com imagens. E com as palavras dela. Que também foi feliz ali.
Praia
Os pinheiros gemem quando passa o vento
O sol bate no chão e as pedras ardem.
Longe caminham os deuses fantásticos do mar
Brancos de sal e brilhantes como peixes.
Pássaros selvagens de repente,
Atirados contra a luz como pedradas,
Sobem e morrem no céu verticalmente
E o seu corpo é tomado nos espaços.
As ondas marram quebrando contra a luz
A sua fronte ornada de colunas.
E uma antiquíssima nostalgia de ser mastro
Baloiça nos pinheiros.
Sophia de Mello Breyner Andresen
: ) absolutamente maravilhoso
ResponderEliminarJo
Mar, um belíssimo tributo a Sophia. Lindo poema. Acompanhado de belas imagens. Gosto muito do Algarve visto por si. Um beijo
ResponderEliminarOlá Jo:
ResponderEliminarEla disse o nosso mar de uma maneira irrepetível, não é? Adoro este poema. Muito especialmente os dois últimos versos.
Um beijo com carinho. Pelo adjectivo. E por si.
Mar
Olá Ilídia:
ResponderEliminarUm tributo a ela, sim. Nunca vou ao Algarve sem a evocar. No meu olhar, estão as palavras dela. Há um outro poema dela. Muito breve. Quando eu morrer, voltarei para buscar todos os instantes que não vivi junto do mar. Estou a dizer de memória, creio que é assim. Tão bonito, não é? Chama-se Inscrição. É assim que eu sinto. Que tudo o que eu não viver junto ao mar me há-de ser devolvido.
Obrigada pelo seu carinho. Que vem de um lugar junto ao mar. Muito verde. Um lugar que imagino habitado por fadas ou assim:)
Mar
Adoro os versos aparentemente tão simples da Sophia. Que descrevem o Mar tão plenamente.
ResponderEliminarNem me atrevo a dizer mais nada! (a não ser que as fotos do mar zangado são tão belas quanto as demais).
Beijo a chegar a casa...
Babette
A tua amiga irregular está a assentar:) Sempre a tempo, não é? Uns dias em que não. Mas depois sim. Regressa-se ao que nos faz bem. Gostei de ter guardado aqui o mar ligeiramente zangado. A traduzir um dia quente com chuva. Pouco antes de coisas solares que foram inesquecíveis.
ResponderEliminarJá disse que tenho muito orgulho em ti? Muito principalmente quando chegas tarde a casa. Pelas coisas boas que estás a fazer com a tua vida.
Um beijo por isso. Que é bom fazer coisas boas com a nossa vida.
Mar