Como o mundo está tão quente, um bocadinho de azul. Ou muito. Muito azul. Num pano guineense que parece um mar profundo. Na cerâmica entre o esmeralda e o turquesa. Um início de noite azul, esta mesa. No meio do verde. Comida fresca para uma noite azul no meio do verde, a que fica. Pela primeira vez, concebi fazer uma sopa para se servir fria. É que apeteceu tanto, exactamente pelo calor ser tanto. De agriões muito frescos. Um mar de possibilidades. E uma salada que alimenta só de olhar. Servida em doses individuais, para a estética poder persistir até ao último momento. Beterraba fresca e nozes. Comida que foi assim uma espécie de arrefecimento global. Numa mesa feita água. Beleza líquida. E efémera. Como quase tudo o que é belo. Quase tudo.
Creme frio de agriões com chèvre e coentros
2 courgettes + 1 batata + 1 cebola + 1 molho de agriões (médio) + azeite, sal, chèvre e coentros q.b.
A cebola e o azeite, primeiro. Depois de uns segundos, junta-se as courgettes (sem a casca) e a batata. Cobre-se os legumes com água e acrescenta-se um pouco de sal. Deixa-se cozer. Depois de ferver, reduz-se o lume e fica durante uns vinte minutos. Depois, junta-se os agriões e cozem durante dez minutos. Passa-se até ficar creme e rectifica-se os temperos. No fim, é só escolher: quente ou fria. Tanto numa hipótese como na outra, o chévre e os coentros ficam mesmo bem:)
Salada de beterraba e nozes
Rala-se a beterraba (que deve estar bem fresca). Coloca-se em saladeiras individuais e cobre-se com nozes esmagadas grosseiramente. É importante que não se reduza as nozes a pó. Esmagadas, antes. No momento de servir, um pouco de flor de sal, um fio de azeite e vinagre de maçã.
Mais música. Parece que se ouve o Verão, nesta música. Do género de querer ouvir perto de água.
NB: O título do texto é de um daqueles livros que deslumbra. De Hubert Reeves.
Linda, a tua mesa azul. Refresca, só de olhar.
ResponderEliminarTambém nunca fiz sopa fria.Para mim, sopa é sinónimo de comida quente e reconfortante. Mesmo no verão, as minhas sopas são quentes. Hoje, por cá, o dia também esteve muito quente. Um dia para sopa fria. Vou ver se ponho de lado o preconceito e contribuo para o "arrefecimento global" :)
Um beijo,
Ilídia
PS: Vou tomar nota do livro. De mais este :)
Olá Ilídia:
ResponderEliminarDevemos ter escrito ao mesmo tempo. Quando acabei aqui, fui ver o que é vocês tinham andado a cozinhar e vi agora o teu comentário:) A pizza quase vegetariana tem um aspecto inspirador. Depois daqueles dias caóticos que vão acontecer, vou fazer a tal massa para pizza. A ver se corre bem, que não é nada o meu departamento:)
Pensava assim, em relação às sopas. E sempre foram quentes, mesmo no Verão. Mas nem sonhas o calor deste dia. Não quis abdicar de sopa, mas não dava para a hipótese de ser quente. Tenta. Acho que és capaz de gostar.
Um beijo.
Mar
Querida Mar
ResponderEliminarMais uma das tuas maravilhosas mesas, com uma ementa a condizer. Por aqui, no verão, por vezes a sopa é fria, sobretudo o incontornável gaspacho (ADORO), algumas de beterraba, cenoura, pepino... uma infinidade de hipóteses.
Tens dado hipóteses a tantas novidades, falta mesmo as ostras e quem sabe uns cogumelos crus :)
Um abraço,
Guida
Olá Guida:
ResponderEliminarAinda não dei segunda hipótese ao gaspacho. Mas uma amiga algarvia anda a tentar que isso aconteça. Desconfio que um dia destes, pego na receita de gaspacho da Leninha de Lagos e desfaço as minhas dúvidas:)
E deste Verão não passa: ostras. E cogumelos ao natural, em saladas bem frescas:)
Um abraço,
Mar
Mais uma mesa que me "enche as medidas"! Lindíssima que é. Gosto muito dos tons e aprecio a forma como dá várias utilidades a coisas que à partida só se usariam d uma forma.
ResponderEliminarAs duas sopas frias que comi provocaram em mim reações opostas. A de pepino não é para dar segunda oprtunidade, enquanto que a de beterraba é para ser repetida.
Faz-me bem ver as suas mesas!
Boa semana,
Graça
Olá Graça:
ResponderEliminarIsso é que é perspicácia:) Este pano da Guiné é originalmente usado pelas mulheres, para ficarem mais bonitas:) Achei que, para além dessa utilização original, ficava mesmo bem à mesa.
Quanto a sopas frias, para além de ter tentado gaspacho (e não correu lá muito bem), tentei esta hipótese. E gostei:) Faz parte das minhas possibilidades, agora.
Gosto sempre da maneira como gosta das minhas mesas. É uma graça:)
Um beijo.
Mar
O meu comentário não ficou ;(((
ResponderEliminarMas repito a ideia. Que apetece mergulhar nessa mesa azul com objectos desse dia. Uns levei-tos, outros compraste comigo ao lado ;) Bom, isto de os objectos poderem ter memórias de nós as duas ;) O pano africano é lindo!!!
Olá Babette:
ResponderEliminarFoste a minha intermediária e trouxeste-me a loiça. E sim, os copos estão associados a um domingo muito quente, algures em Ílhavo.
O pano veio daquela loja de que te falei, no Príncipe Real. Lembro-me do nome da dona da loja, a Júlia. Mas não há meio de me lembrar do nome do lugar:) Há-de surgir.
Um beijo.
Mar