Rua do Alecrim, 99.






























Há endereços assim. Ficam na memória. Dizem-se de memória. Rua do Alecrim, 99. A República das Flores. Sei este caminho há anos. Sei que depois de sair da Basílica dos Mártires, viro à esquerda. Depois disso, sei que o caminho é curto até se ver a placa da rua com nome de flor. Tinha mesmo de ser numa rua com nome de flor, este lugar. Um lugar onde escolher flores com a luz filtrada da noite. E chás. E vidros com cores vindas de perto e de muito longe. Tecidos e cheiros. Azul turquesa misturado com laranja. Verde escuro com azul petróleo. Velas e incensos. A sensação de ali estar um pequeno universo. E sempre o que acontece depois de ir à República das Flores. Sempre mesas com coisas vindas daquele universo que parece que nunca dorme.

10 comentários:

  1. Adoro lugares assim, cheios de coisas que nos fazem bem. Gostei do atrevimento da bola de espelhos, a contrastar com o resto :)
    Beijos,
    Ilídia

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  2. Na rua que desce até ao rio ! Uma loja aberta pela noite dentro, que salta à vista pela luz, pelas diferentes luzes que vêm lá de dentro. Passei lá da última vez em Lisboa, mas só vi da porta. Para a próxima hei-de entrar ! Gostei muito das fotografias. E da descrição do percurso, como se pudesses fazê-lo de olhos fechados.

    Beijos !
    da Pipinha

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  3. Olá Ilídia:

    Este é um dos meus lugares em Lisboa. Passo muito tempo ali. Sem dar conta. E faz bem só de olhar. Mesmo que não se compre nada. As pessoas passam na rua e ficam um bocadinho em suspenso. Principalmente à noite, pelo inusitado. E a bola de espelhos dá um ambiente difícil de dizer. Linda, a luz dali.

    Um beijo para ti. Começo as aulas amanhã:)

    Mar

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  4. A tal rua que vai dar ao Pensão Amor, o bar de que me falaste:) Parei aqui, logo depois de jantar. Sem estar a contar, desta vez. E sim, é um lugar para entrares. Vais ver que isto é só um vislumbre. Bom mesmo é andar ali a ver coisas. E a sentir que hão-de fazer parte de coisas maiores e futuras. Chegas lá de olhos fechados, vais ver:)

    Um beijo.

    Mar

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  5. Falaste-me ao telefone deste sítio. Fiquei com uma vontade enorme de conhecer. A ver se não me escapa na próxima ida a Lisboa, já que está aberta até tarde... As idas em trabalho não permitem muito, como sabes. Fico à espera de ver o que trouxeste daí nas tuas mesas. Um beijo. E um bom início de semana.
    Babette

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  6. Lugares assim lavam e perfumam a alma através do olhar e também a apaziguam em momentos menos serenos. Foi o que senti há dias à saída do Centro de Emprego, como profª contratada não colocada, e "me empurro" até à Zara Home, logo alí ao lado. Não para afogar a alma em compras desmesuradas, mas simplesmente para banhar o olhar em pequenos objectos, detalhes que combinam e alimentam o nosso gosto que é também uma parte do nosso bem estar. O da casa, o da família cujo afecto é também ele alimentado pelo belo. Por isso gosto tanto das suas mesas e me identifico tanto com elas. Já não é a primeira vez que encontro algumas pequenas peças que também possuo, é muito curioso.

    Não conheço essa casa em Lisboa, onde infelizmente vou poucas vezes, mas com vontade sempre renovada de lá voltar e explorar mais a cidade que está cada vez mais encantadora.

    Como sei que é professora, a si e ao Vasco votos de um ano de trabalho sem grandes sobressaltos, pese embora a conjuntura. Eu aguardarei pela minha colocação que, espero, seja já na primeira bolsa...

    Isabel Fonseca

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  7. Olá Babette:

    O ponto é mesmo esse. À noite está aberto:) Sei que vais passar ali tempo a ver e a pensar à frente. Numa mesa. Num lugar da tua casa branca. Imagino assim. E sabes, faz bem. Ver aquelas flores todas. Só por isso vale a pena a paragem depois do jantar.
    E já houve mesas com coisas dali. Não vi os registos, ainda. Passei a tarde de Domingo a trabalhar na escola. Quando cheguei, só havia vontade de fazer comidinha de mãe. E mimos também de mãe. Hão-de fazer parte, as coisas que vieram da República das Flores. Com tempo.

    Um beijo.

    Mar

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  8. Olá Isabel,

    Li o seu comentário bem no final do primeiro dia de aulas na minha escola. Acabei há pouco de corrigir trabalhos de duas turmas e o invariável, quando falam de expectativas, de desejos: "quero trabalhar para ajudar os meus pais"/"quero trabalhar rápido"/ "não quero ter de ir para outro país".
    A minha leitura lamenta tanto que eles não tenham sonhos. Daqueles sonhos à solta de que só somos capazes aos dezassete ou aos dezasseis anos. De querer muito. Mais. De sonhar com o impossível que nunca é, quando se é tão novo. Não agora. A consequência maior deste tempo será a ausência de horizonte. De não se saber como ou por onde sonhar. Pensar no futuro.
    Creio que sim. Que tudo o que pudermos integrar de bom é um bem por si. Pode não ser solução. Pode não apontar caminhos infalíveis. Mas fazer bem é uma coisa tão grande. Penso isso, quando entro neste lugar. Que aquelas flores todas juntas são tão bonitas. Que haver um lugar onde possa haver flores assim ao alcance do nosso olhar, é tão poesia.
    Um amigo escritor enviou-me um texto que acabava a dizer que acreditar é ser mais. Não nos resta muito mais do que a capacidade de acreditarmos ainda assim. E sabe, a meio do meu dia, uma das melhores pessoas que conheço recebeu uma notícia que ninguém devia receber. Estar aqui. Viver. Um dia. Mais outro. Sem ter muito medo junto.
    Vai correr tudo bem consigo. Peço para que sim. E hei-de pôr uma mesa a pensar em si e nas coisas boas que eu quero que lhe aconteçam.

    O nosso carinho.

    Mar

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  9. Não querendo abusar deste espaço, não posso deixar de agradecer as suas palavras sempre "cheias, sensíveis e generosas". Acreditar é como diz o escritor, ser mais,acrescentaria eu, o móbil do nosso combate. Se deixarmos de acreditar é o fim da existência naquilo que lhe dá sentido, não é verdade?... Por isso continuarei a acreditar!

    Bem-haja
    Isabel

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  10. Olá Isabel:

    Um espaço de liberdade, este. Com os pressupostos da liberdade. E sim. Acreditar. Acreditarmos sozinhos. Acreditarmos todos juntos. Ainda mais sentido, que faz. Neste tumulto todo que pode servir de pretexto para baixar a guarda. E desistir de acreditar. E não. Não a isso, que isso é desperdício de vida. Tal como escreveu.

    Bem-haja a si.

    Mar

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