Está a acontecer outra vez:)

































Para dançar. Dias inteiros dedicados a um objectivo com algo de etéreo. Dançar. E a sequência é a mesma desde há muitos anos. Estar num lugar e ouvir uma música à distância. E ir. Guiada pela música. Que podia ser celta. Ou oriental. Ou de valsa de lugares com nomes que não conseguia pronunciar. E chegar a uma tenda que parecia uma espécie de núcleo momentâneo e tomar parte no que estava a acontecer. Fazer parte. Dar as mãos a alguém que nunca tinha visto e entrar numa dança colectiva. E depois mais música vinda de outro lugar. O mesmo apelo. Num momento que dura os passos que nos separam da outra música que chama, está-se lá. E já não é uma dança colectiva. É-se mais corpo. Para uma dança individual. Oriental. Indiana. Não interessa. Mais à frente, há um bocadinho de Buenos Aires. Porque há tango. Passos declarativos que falam da ambiguidade possível de dizer. Ao ritmo de uma dança que é poder e fragilidade e raiva e amor a seguir. Depois volta-se ao início. Volta-se sempre ao início nestas coisas.
Pela dança. Pela alegria e liberdade que pressupõe. Foi isso que fez com que interrompesse as férias. Para estar aqui enquanto acontece. E pela memória que se renovava todos os anos. Vinha para o Andanças. Noites quentes, cheias de estrelas. E a música dos mundos todos que me eram desconhecidos. Ali. E bastava dançar. Algo de primordial, em cada uma dessas evocações. Mantém-se muito desse encantamento inicial. Com as perdas inevitáveis associadas ao passar dos anos. De ingenuidade e de ligeireza, muito possivelmente. Mas há coisas intocadas. E são as que têm a ver com a parte mais importante. Que é dançar. Num festival de dança que lembra que é possível evitar toneladas de desperdício. Que é possível contornar o uso de copos de plástico. Que é possível alimentar milhares de pessoas com produtos vindos da terra próxima. E que não é mesmo necessário deitar comida fora. Por haver uma coisa básica a que se dá o nome de Dose Certa. Está a acontecer agora. Há pessoas a chegar todos os dias. De muitas maneiras. Com muitas maneiras diferentes de viver o que está a acontecer agora. Mas há um denominador comum. Aquele que fez com que alguém se lembrasse de juntar pessoas num lugar onde houvesse verde e água e dançar. Passar os dias a aprender a dançar e celebrar isso tudo à noite. Um lugar onde as crianças podem andar livres. Onde podem ser duendes amorosos de manhã ou borboletas com saias de bailarina à tarde. E quando estão cansados, há sombra de árvores centenárias. E erva muito verde. E histórias contadas com música e dança. Também há isso, aqui. A alegria sem angústia de que só as crianças são capazes. O meu filho diz que sim. Que gosta de ver dançar. Quieto e muito atento. Mesmo que às vezes não consiga pronunciar os nomes das danças "esquisitas":).
Está a acontecer outra vez. Ainda bem que sim. E que posso tomar parte do mundo transitório em que dançar é sempre a coisa mais urgente a fazer. Até Domingo, dançar vai ser o mais urgente. No Andanças. Que este ano faz a apologia da pausa.

8 comentários:

  1. Uma pausa para reflectir, uma pausa para ponderar, uma pausa para (aprender a) viver bem, uma pausa a dançar...
    Gostei da ideia, tenho pena de não estar aí, mas há sempre outras prioridades! Njoy, Sweetie! :)

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  2. http://sic.sapo.pt/programas/boatarde/article720238.ece Professora está aqui :)

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  3. Parabéns à Marta e à professora da "aluna dos cabelos às cores" pela cumplicidade e ternura, que me fizeram recordar, com carinho, as minhas professoras preferidas! Bjs Sorriso Doce

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  4. Acabou hoje, a pausa que foi o Andanças. Uma espécie de intervalo, sempre pensei assim. Fui muito feliz ali, desde há muito tempo. Os Verões eram também aqueles dias em que se andava de tenda em tenda. Em busca de música e de dança. Mas tenho a certeza que a tua prioridade te terá feito muito bem:)

    Um beijo com carinho.

    Mar

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  5. Olá minha linda:

    Vi-te outra vez com alegria e orgulho. Estiveste muito bem. Com sobriedade e ponderação. Com espaço de silêncio entre as respostas. Desculpa não ter visto no momento em que estava a acontecer. Que continuem as coisas boas associadas ao teu livro. Que ele te traga só alegrias. Eu sei que hei-de gostar sempre de estar a assistir. E a ouvir-te nos nossos telefonemas longos. Descansa, agora. Tenta retirar-te um bocadinho, que te vai fazer bem.

    Um beijo da tua professora Mar.

    PS: Dá um abraço meu aos teus pais. Falam sempre de uma maneira muito sóbria e tranquila. Sobre coisas difíceis de dizer.

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  6. Fico feliz que este episódio tenha despertado em si recordações das suas professoras preferidas. Também eu tive professores que me marcaram. Tanto, que me fizeram querer muito dar aulas. Queria perguntar-lhe se posso dar a minha parte dos parabéns à minha aluna do cabelo às cores. Inteiros para ela. Que os merece. Eu só quero a parte de ficar feliz com as coisas boas que lhe estão a acontecer. E a continuação da ternura e da cumplicidade.

    Um beijo para si.

    Mar

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  7. Olá, Mar. Só hoje vi o seu beijinho de boas férias (já do dia 5). Tenho andado afastada do blogue e dos computadores. Estive uma semana em S. Miguel, esta semana vim a casa e parto novamente na próxima sexta-feira. Pelo que vejo, tem tido umas férias recheadas de coisas boas. Fico feliz. Aproveite. Descanse e divirta-se. Beijos para si e para o António.

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  8. Olá Ilídia:

    Faz muito bem em conceder-se tempo de descanso. Mesmo das coisas que lhe fazem bem. O meu espírito tem sido mais ou menos esse. Ir por bocadinhos. Depois voltar. Depois ir outra vez. Daqui a uns dias vai ser para sol. E mar. Muito do que me recomendou para si. Muitas coisas boas. Que saibam a descanso.

    Um beijo para si. E outro para o seu pequenino.

    Mar

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