Coisas súbitas de Verão.



























Ao meu filho, apeteceu arroz doce num dia de calor. Não tinha vontade de gelados. Não queria bolos de chocolate. Nem pipocas. Queria arroz doce. Um desejo improvável para dias de praia. Não deu para recusar a possibilidade de uma memória improvável ao meu filho. Sei que sim. Que há-de lembrar-se que quando era pequeno, lhe apeteceu um doce que não é de praia. Na praia. E que teve o que queria. Um mimo da mãe. Em forma de arroz doce. E então, com a cumplicidade da Dª Deolinda do mercado de Lagos, consegui que fosse com ovos caseiros. Para que o arroz doce do António não fosse branco. Ele merecia que fosse assim como o sol de Lagos. E acabou por ser assim como ele pediu. Um bocadinho de felicidade solar, no rosto dele. E no meu, por ser lindo fazer um filho feliz. Com arroz doce numa concha brilhante. E poesia por perto.

Arroz doce para o António

1 chávena de arroz carolino + meio litro de leite + casca de limão + 5 gemas de ovos + 5 colheres de açúcar generosas + canela para polvilhar.

Leva-se o leite ao lume com a casca de limão. Quando ferver, junta-se o arroz e aguarda-se que fique bem cozido. Entretanto, bate-se as gemas com o açúcar até ficar uma mistura cremosa. Quando o arroz estiver no ponto, acrescenta-se a mistura das gemas e do açúcar. Integra-se bem, com a ajuda de um batedor de varas. E leva-se novamente ao lume durante uns dois minutos, mexendo sempre. A parte de mexer continuamente é importante, senão fica tudo estragado:) e é o toque final para que o arroz doce fique cremoso. Coloca-se numa taça e leva-se ao frio. Na altura de ir à mesa, polvilha-se com canela e umas raspas de limão.

Se ao meu filho apeteceu arroz doce, a mim apeteceu sumo de morangos. Bem fresco. Pouco doce. E foi fácil satisfazer a minha vontade de morangos. Assim: morangos triturados num copo misturador. Umas colheres de açúcar e água. No final, gelo picado. E estava pronto, o meu desejo súbito de morangos. Com revistas de Setembro, que antecipam o Inverno quando isso parece mentira:)

13 comentários:

  1. Apetites tão singelos... Que hão-de perdurar na vossa e agora também na nossa memória!...
    Beijo em dia muito quente,
    Babette

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  2. Olá, Mar. Já não vinha cá há alguns dias e vejo que o seu blogue está cheio de vida. Em todos os sentidos. Um desejo improvável, o do António. Principalmente vindo de uma criança tão pequena. O meu menino só agora descobriu os gelados e não é grande apreciador. Diz que são frios :) Gostei da imagem improvável de um arroz doce servido numa concha. Beijos e bom descanso.

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  3. Olá minha Isa, só agora parei com o tempo devido para ler a tua pausa, os teus dias ao pé do mar. Com o tempo de responder e de me deliciar com as receitas dos peixes frescos da praça de Lagos, até ao arroz doce para o António. Mnham ! Com uma concha, muito lindo.
    Na Comporta estiveram dias bons, cheios de praia e de leituras para por em dia, mas no fim também houve a chuva e o tempo carregado.
    Já de volta a casa, com a alegria de regressar, deixo te um beijinho grande. Bons dias em Lagos,
    da Pipinha

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  4. Fiz uma pausa nas minhas visitas, devido a um capricho do meu PC, que resolveu fazer uma birrinha, coisas desta era moderna!
    Viroses controladas, eis que regresso e vejo que mesmo de férias, continuas a a'Mar tudo o que fazes e espalhar encanto por onde passas. Foi o caso da Dona Deolinda, cúmplice para que o desejo do teu António, tão puro e singelo, se realizasse de uma forma tão mágica: arroz doce numa concha brilhante. Arroz doce com os ovos caseiros da Dona Deolinda e o toque doce d'aMar...

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  5. Olá Mar,

    Gostei muito da ideia de colocar o arroz doce dentro de uma concha. Uma apresentação poética e coerente com algumas das suas leituras.

    Um beijo

    Fa

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  6. Olá minha linda Babette:)

    Simples, os gostos do António. Que gosta de aletria e arroz doce. Hoje pediu aletria, acreditas? A descrever a sensação e o aroma a canela. Já sabe persuadir a mãe. Integrou alguns mecanismos de persuasão, creio.
    Mas sim, uma coisa boa que perdura na memória. É bom reunirmos coisas boas que perdurem na memória.

    Um beijo nocturno:)

    Mar

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  7. Olá Ilídia:

    Que bom que as coisas aqui tenham significado vida. Registo e agradeço. O António gosta destas coisas. Arroz doce, aletria, bolo de iogurte e gelado de natas. Quatro coisas doces de que gosta muito. E todas elas um bocadinho essenciais. A parte boa é que, de tão elementares, estes apetites são fáceis de saciar:) Isso de o seu filho dizer que os gelados são frios fez-me lembrar uma amiga que quando era pequena dizia à mãe para guardar os gelados para logo, que estavam muito frios:) Uma ternura, o seu menino.
    A concha tinha acabado de vir de uma loja de que falei num post anterior, a Mogador. Apeteceu-me dar-lhe uma utilização imediata.

    Um beijo.

    Mar

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  8. Olá Pipinha:

    Gosto de te sentir feliz por regressares. Sempre fundamental, essa noção de que lá fora pode ser bom, mas que voltar com felicidade e acrescentada às coisas quotidianas é igualmente bom. Ou melhor. Gostei de vos imaginar na Comporta. E também acho lindo que o vosso primeiro Verão de casados tenha tido sol e chuva. Um dia de chuva na praia é uma daquelas coisas que vale a pena sentir por inteiro. O calor e a chuva. E mar zangado. Pessoas a fugir do mar. E outras a ir para.

    Um beijo pelo teu regresso feliz. Que fico feliz contigo.

    Mar (ou Isa para ti:)

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  9. Olá minha happy single mother:

    Que bom que o teu computador caprichoso se tenha deixado de birras. Estas minhas férias são assim. Muito de casa. Muito a viver as coisas pequenas que se tem em casa. Com a particularidade de em Lagos haver um mercado que eu não tenho o resto do ano. E então, por estes dias, o meu propósito é aproveitá-lo o mais que puder. A Dª Deolinda é uma querida. Apareceu aqui o ano passado e tudo, orgulhosa junto à banca de frutas e legumes:) Este ano, ajudou-me a fazer um arroz doce inesquecível para o António.

    Um beijo com carinho. Que estejas bem. Que estejam bem as duas.

    Mar

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  10. Olá Fa:

    Olhei para a concha e imaginei o meu arroz doce nela. Tão poética, mesmo. Um bocadinho de mar e arroz doce:)

    Um beijo para si.

    Mar

    PS: A loja de onde veio a concha do arroz doce fez-me pensar em si, por ter achado que seria o género de lugar que gostaria de conhecer. Bom, não é? O ano passado ainda não havia uma Fa(da) na vida de uma Mar:)Este ano sim. E eu acho lindo que assim seja.

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  11. Olá Mar,

    Imagino que nessa loja também existiam umas pedritas e uns fósseis.

    Um beijo

    Fa

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  12. Sim. Muitas pedras lindas. E tecidos étnicos. Peças em madeira. Coisas que me fizeram lembrar o seu amor pelos continentes das comidas exóticas que têm ingredientes que eu não conheço assim muito bem:) Mas a minha Fa sim.

    Um beijo.

    Mar

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  13. Lagos é uma cidade que gosto, passei lá bastantes férias, e em bebé vivi lá um ano.
    Foi um bom apetite o do teu filho, a minha adora, faço imensas vezes.
    Fico feliz que tenhas gostado da salada de morangos e beldroegas, sabe a Verão.
    Um beijinho e boa semana

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