Para o último dia de Maio.




Termina Maio. Os dias das flores por todo o lado. E bem no último dia, assinalar que há cheiro a tília. Que por estes dias, a árvore imponente acolhe o regresso a casa de uma maneira sempre irrepetível. Mesmo que assim seja todos os anos. As coisas de sempre têm este poder. O de encontrarem formas de nos encantarmos como se nunca nos tivessem acontecido. Um registo, este. Para dizer que o último dia de Maio cheirou a tília.
Para assinalar mais um mês de vida, uma mesa. Antes da parte da comida, a mesa precisa sempre de concretização. Para deixar de ser um conceito difuso. Num impulso, ramos de loureiro. E uma grinalda de luzes. Numa toalha branca. Com loiça branca. E copos largos de cristal. Não quis mais nada. Era importante que fosse branca, a mesa de hoje. Só com o verde das folhas de loureiro. Mais um aroma. A juntar ao das tileiras lá fora. Para o jantar, peixe muito fresco. Postas generosas de garoupa. E arroz com legumes que chegam todos os anos em Maio. As ervilhas de quebrar. Delicadas e muito verdes. Uma coisa a precisar de vigilância, o arroz. E uma outra mais autónoma:), que se faz sozinha, o peixe. 
Assim, o jantar do último dia de Maio:
Garoupa cortada em postas relativamente altas + sal e sumo de meio limão + 1 tomate cortado em cubos + 1 alho francês + metade de um pimento vermelho + coentros picados + azeite.
Basta colocar as postas numa frigideira larga e juntar todos os ingredientes. Deixar um bocadinho neste tempero e levar ao lume. Decorridos uns cinco minutos, virar as postas com cuidado e deixar ficar o mesmo tempo, para se cozinhar por igual dos dois lados.
O arroz de coentros e ervilhas de quebrar:
Uma chávena almoçadeira de arroz carolino + cerca de 1 litro de água + azeite e sal a gosto + metade de uma cebola picada + 2 cenouras cortadas em pedaços pequenos + metade de um pimento vermelho + coentros picados + as ervilhas de quebrar que quisermos:)
Um refogado elementar: a cebola, as cenouras, o pimento e azeite. Uns minutos até a cebola ficar translúcida. Junta-se a água quase toda, deixando-se um pouco para o final, caso seja necessário acrescentar. Deixa-se ferver. Depois, o arroz e sal. Quando estiver quase cozido, junta-se as ervilhas de quebrar e os coentros. Depois, é só esperar que o arroz fique com a consistência certa. Acrescentar água e sal. E servir de imediato.

Coisas para o último dia de Maio. Para chegar à conclusão que sim. Que foram muito bonitas, as flores de mais um mês. Uma maneira possível de se prestar culto. Ao deus das pequenas coisas. As de todos os dias.

14 comentários:

  1. Mar:
    Gostei deste "desfilar" de tantos legumes, que bem deve ter ficado. E o agradecer,assinalando, mais um mês de vida.
    Beijinhos e tenha um dia da criança feliz, para o seu António também.

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  2. Que engraçado. Ontem desfolhei umas revistas antigas, e detive-me na foto de uma mesa que estava decorada com uma grinalda de luz. Coincidências! Muito bonita, a tua mesa. Como sempre.
    Um beijo de dia bom
    Babette

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  3. Já vejo que tivemos o mesmo pensamento. No último dia de Maio ou no primeiro de Junho. Coisas pequenas que nos compõe os dias. Um beijinho

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  4. Linda, esta mesa! A pureza do branco. E luz. Gostei muito da grinalda. E o ramo de loureiro foi um impulso muito feliz. Uma mesa linda para celebrar as "pequenas coisas". Um beijo, Ilídia

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  5. Olá Isa!

    E as tuas mesas brancas, que nunca são iguais, ficam sempre muito compostas com as cores dos legumes, nos pratos. Que ar apetitoso tem o peixe, com o arroz a correr!
    Hoje, para começar bem o mês Junho, fui à praia, com vento e sol.
    Espero que venham um dia, para irmos juntas!

    E o Clube do Chá. Que tu me indicaste, há muito tempo, e que eu demorei outro tempo a encontrar :), para mim é chá de jasmim, com scones com manteiga e doce, só uma vez, para celebrar, num dia frio, perto de Dezembro!

    Beijinhos
    da Pipinha

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  6. Olá Lusitana:

    Um dia feliz, que foi. Com aulas que cheiraram a verbena, para os meus alunos sentirem o aroma da Condessa de Gouvarinho, d' Os Maias:)
    É mais forte do que eu. Mais um mês de vida. Direito a mais um mês de Maio. Este foi muito lindo. De agradecer, portanto.

    Um beijo para si. Feliz e terno como os das crianças.

    Mar

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  7. Olá minha Babette:

    Sabes que a ideia veio justamente de uma revista? Não terá sido a Habitania, a revista folheada? Mais uma coincidência?:)
    Obrigada por teres gostado de mais uma mesa branca. São as mesas de que gosto mais. Próximas de coisas que me definem um bocadinho.

    Um beijo no final de um dia que foi isso. Bom. E com sol.

    Mar

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  8. Olá Filipa:

    Coincidimos. No subjacente aos posts de hoje.O de assinalar últimos e primeiros dias. E em muitas outras coisas que parecemos partilhar. Já disse que gostei dos teus textos antes das receitas?:)

    Um beijo da Mar.

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  9. Olá Ilídia:

    Acredite que isto dos ramos de loureiro foi mesmo um impulso. E como eu sou obstinada nestas coisas. Digamos que não estavam numa zona do jardim que fosse propriamente acessível:)
    Grata por ter achado linda a mesa branca. Fico feliz. Porque ela foi de celebração das coisas pequenas.

    Um beijo para a sua ilha verde.

    Mar

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  10. Olá Pipinha:

    Que lindo que aches que as minhas mesas brancas nunca são iguais:) Inveja boa, da tua praia no primeiro mês de Junho. A água que me falta aqui. A do mar. Há o rio perto. Mas não é inquieta como a do mar. Sim. Vamos juntas à tua praia aí longe:)
    Já não me lembrava se tinhas chegado a ir ao lugar dos chás. Ainda bem que sim. No mês frio do teu casamento.

    Um beijo da tua amiga com nomes de três letras:)

    Mar

    PS: Consegui aquele pedacinho verde de que te falei. Vem a caminho:)

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  11. Sim, a água do mar estava agitada e inquieta! E muito claro verde e azul e branco. Parecia contente. Havia já algumas pessoas na praia, mas na água só do lado da lagoa, mais sereno.
    Que bom que conseguiste o verde de que falaste, deve ser bem bonito. Tens de me mostrar depois!

    Hoje encontrei uns tecidos do oeste, numa retrosaria daqui, e vou fazer uns cadernos com eles, para me lembrar do ano nas Caldas ! Já pus no burro!

    Outro beijo, para a minha amiga com nomes de 3 letras, Isa e Mar.

    da Pipinha

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  12. Mar:

    Por acaso não foi a Habitania. Desta vez a coincidência teria de ser demasiado grande .Vi a grinalda de luz numa Blue Cooking antiga, o n.º de Natal do ano 2007!
    Mais um pormenor em que reparei: a referência ao "Deus das pequenas coisas", outro dos livros da minha vida.
    Um beijo

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  13. Vais ver como é lindo, o pedaço de verde que vem a caminho:)E lindo que deve ter sido olhar o mar contente. Aí no lugar onde estás. Vou olhar os teus tecidos. E esperar que se transformem em cadernos.

    Um beijo para a minha amiga Pipinha.

    Mar

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  14. Sim, a grinalda de luz tinha um bocadinho de Natal. Prestam-se a isso, as filas de luzes.
    O livro também foi um dos meus. Na faculdade. No tempo em que andava a aprender a reparar nas pequenas coisas. No deus que havia nelas. Ainda falta aprender tanto. Bom pensar nisso. Que ainda falta muito.

    Um beijo.

    Mar

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