Uma daquelas expressões, esta. Estar num dia não. Ser dia não. Dias feitos de nãos. Acordamos e achamos que sim. E depois, não. Todo o irreconhecível de uma palavra tão breve. Devia ser insignificante, de tão breve. Mas não. Fundamental, antes. Conseguir ouvi-la. Conseguir dizê-la.
Num dia não, a única saída é quase sempre ir ao fundo do que nega. E só conseguimos realmente o tal fundo, se o olharmos de frente. E a sós. Para que seja entendido, integrado. A sensação de querer o cimo de uma montanha ou estepes que não acabam. Os extremos dos pólos gelados ou a quietude de um deserto. E não, não deu para nada disso, o dia não. Para verde e lilás no jardim. Para música que faz com que aconteçam estepes, desertos e montanhas. Jóga. Unravel. Queria a música da voz que é estes lugares. E tantos outros que não conheço. Representações de lugares onde estar a sós, no fundo.
Num dia não, uma mesa com hortelã-pimenta num copo de água. Hierba buena, como na América do Sul. Pedras. E um bocadinho de luz. Uma espécie de lugar para querer estar num dia não. E sentir que no final, afinal é sim. Que o dia não conseguiu um sim. Um jantar, uma mesa e a música dos tais lugares longínquos para onde queremos ir nos dias feitos de nãos. E este sim. Dizer este dia também pode ser um sim.
Para a minha Sandra dos livros:
Estou preocupada consigo, Sandra. Não por nunca mais a ter lido aqui. Mas por não a ler no seu blog. Isto dos afectos é mesmo assim. As pessoas acabam por fazer parte. E o silêncio tem destes efeitos. Não saber é sempre pior, creio. Por isso, tente dizer só se está bem. Não precisa de dizer mais nada. Quero só sabê-la bem. Mar
Na vida, a grande sabedoria é conseguir fazer de um não um sim!
ResponderEliminarUm dos meus piores dias não. Sexta-feira passada.Depois da diversão nocturna, o meu filho mais novo regressa a casa.Como sempre, desço para o "ver".Uma cara de revolta e humilhação revela ter sido vítima de assalto na carruagem do metro.Todos os passageiros(cerca de quarenta)tiveram de entregar os seus pertences a um gangue armado com facas.
O não teve de ser sim. Para abraçar, para deixar chorar, para reprimir a minha própria angústia,a minha revolta.
O resto do dia não.Por vezes sim, para aliviar o não dum filho que precisava do sim da mãe. Os filhos esperam sempre o sim da mãe. O colo que ajuda a suportar o que a vida tem de não. Desculpe o desabafo.Mas precisava.
Um resto de semana com dias sim,muito felizes e com muito sol nas vidas dos que ama.
Beijinhos
Emília Melo
SIM, saber que a'Mar é a sempre a melhor solução...
ResponderEliminarTão bonito ler a Mar no início de um dia de sol, mesmo quando ela nos fala de um dia não. Do desejo de espaço que procura em montanhas e estepes, do silêncio associado a esses locais. Talvez por isso no seu centro de mesa encontremos uma tentativa de materialização desse querer. Mas o toque de cor e de elegância das bolas de melancia num prato de folhas faz a ponte para a Mar dos dias sim.
ResponderEliminarVotos de um dia muito feliz
Fa
Uma mesa Sim em dia Não. Ajudou, aposto!
ResponderEliminarUm beijo
Babette
Olá Emília:
ResponderEliminarUm grande não, esse que partilhou. Começo por agradecer isso. De partilhar essas e outras coisas. E sim, acaba por ser possível transformarmos tudo o que nos nega na realidade que há e que não depende da nossa acção, em gestos afirmativos. Plenos de sim. Como o colo que deu ao seu filho depois de um não da vida.
Ontem foi um dia difícil. Ficou aqui. Tinha outras coisas para deixar, mas no momento de escrever, não consegui abstrair-me da minha circunstância. E de sentir que, não obstante os nãos, há sempre a possibilidade de sim. O seu comentário e os outros prolongaram essa ideia de sim. Obrigada por isso, então.
Um beijo com carinho.
Mar.
PS: O dia hoje foi melhor:)
O mais possível, happy single mother. O amor. Amar. Uma espécie de ofício, creio. Ou acredito. Melhor a palavra acreditar.
ResponderEliminarUm beijo pelo teu carinho.
Mar
PS: E mais para a tua menina dos olhos grandes e brilhantes:)
Olá Fa:
ResponderEliminarJá registei no seu blog o meu carinho por este seu comentário. Obrigada por gostar de ler o que fica. Mesmo aquilo que não é muito luminoso, de difícil.
Devolvo-lhe as palavras. Que bonito ter lido a Fa num dia de sol. A propósito de um dia em que o sol não chegou, que foi insuficiente.
Um beijo. Com ternura e sol e todas as coisas boas que não conseguem ser ditas.
Mar
Ajudou muito, minha amiga doce. A mesa, o jantar, os carinhos do meu filho. E escrever aqui, também. E ler-vos no dia seguinte. Coisas gratas que nos fazem felizes.
ResponderEliminarUm beijo.
Mar
Olá
ResponderEliminarUltimamente também tenho tido muitos dias não. Custa dizer, custa ouvir mas a verdade é que a escuridão destes últimos dias "não" também foram causadas pelo afastamento da cozinha, dos cheiros, dos sabores. O sorriso dos filhotes faz com que até o mais escuro dia não se transforme num tímido dia sim:)
Gosto muito de a ler
Um beijinho
Raquelita
deliciascasa.blogspot.com
Querda Mar
ResponderEliminarDo fundo do coração muito obrigada pela preocupação. Também nutro por si, como sabe, um grande afecto. Descobri-la foi um momento único que espero poder prolongar "para sempre". E nesta minha ausênca causada por imensos dias não e bastante turbulência interor, sempre que pude vim cá espreitá-la e lê-la. Faz-me bem a Mar.
Estarei de volta aqui e ao meu cantinho que também me completa logo que possível.
Um grande bem-haja. POR SI.
Sandra
Olá Raquel:
ResponderEliminarJá fui ver as suas delícias. E deu para perceber que sim, que ultimamente tem tido dias não. Espero que entretanto tenha melhorado. E sim, quando o nosso corpo fica fragilizado e temos mesmo que nos afastar da cozinha, tudo fica pior. No entretanto, os miminhos dos filhos são uma espécie de antídoto:)
Obrigada por gostar de me ler. Fico feliz por isso.
Um beijo de melhoras para si.
Mar
Olá Sandra:
ResponderEliminarEstava a ficar ainda mais preocupada. Mas o importante é que esteja. Ainda que silenciosa. Seja o que for, minha Sandra dos livros, terá solução. Quero muito que fique tudo bem consigo. E rápido. Está nos meus pensamentos. Ainda que seja sem rosto, a minha Sandra. Mas está. E vou fazer como me ensinou uma amiga que esteve na Índia: vou enviar-lhe coisas boas com o meu pensamento.
Um beijo com muito carinho. A querer que fique tudo bem.
Mar