Gratidão.


Ir até ao fim. Das coisas. De todas as coisas que nos acontecem. As boas e as más. Principalmente das más. Paradoxalmente destas últimas. Sabendo que, de alguma forma, o que nos magoa nos faz estar mais atentos ao que encanta, ao que maravilha. Acontece assim. Desde quase sempre. A mágoa tem trazido sempre coisas boas. Bem no auge. Estar atento, portanto. Não me esquecer disto tem sido fundamental.
Foi assim na sexta-feira, bem no centro da perda da Sushi. Um telefonema que me encantou. De tão encantador. Do meu filósofo carinhoso. Palavras lindas e doces do Professor Anselmo Borges. A propósito da descoberta das coisas da Mar. As coisas que são de amar. Alguém que deu notícia. Muito bom que tenha acontecido assim. De forma gratuita e inesperada.
E então, a minha gratidão. Por sexta-feira. Pelas palavras que estão nos livros que já publicou. Nos jornais. E pelas que disse em todas as circunstâncias em que fui ouvi-lo, com expectativa. Pela mão do amor, a melhor forma de olhar e sentir o mundo.
A melhor homenagem que se pode prestar a quem escreve e pensa, é ler. E o professor Anselmo Borges escreve e pensa de uma maneira irrepetível. Com uma inteligência sem rédeas. Sem possibilidade de ser rotulada, integrada inequivocamente numa corrente, numa filosofia, até mesmo numa religião. Lembro-me de uma formulação de há uns anos. Uma página de jornal guardada. Definir é limitar. Pois a inteligência e o espírito deste filósofo é sem limites. Uma janela para o (in)finito. Um pensamento que nos faz querer pensar. O finito e o infinito. O dizível e o indizível. O material e o imaterial. E mais. O mais que puder ser pensado.
Um almoço prometido. Uma mesa. E a música que há-de haver. Até lá, a palavra: obrigada. E a quem deu notícia. Não sei quem terá dado notícia. Mas fica também essa palavra para o/a mensageiro(a).

2 comentários:

  1. Olá, Mar

    Estava quase a fechar o computador, depois de ter escrito uma série de banalidades necessárias, mas que por esse facto não mudam de estatuto, quando deparo com duas entradas recentes no seu blogue. A última bastante enigmática, que eu interpreto como o início de alguma coisa muito preciosa que já se encontra em construção.

    Acabei de ler esta semana um livro do Pedro Paixão - Perdido em Xangai, uma excelente surpresa. Já ando à procura de outros títulos. Enquanto isso não acontece aproveito para regressar ao Proust. Em cima da minha secretária repousa um livro de ensaios do Ralph Waldo Emerson, que ainda que ainda não chegou à fase de me prender. Comprei-o por ter um ensaio dedicado à Natureza.

    Retenho o "definir é limitar" como tema de reflexão.

    boa semana

    bjs

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  2. À procura de mais livros do Pedro Paixão, a Fa. Que bom. E a coragem de regressar a Proust. Eu estou em suspenso, algures no segundo volume. Precisava de mais um ano de pausa, como o que me fez chegar a Proust. Depois de todos os volumes lidos nesse ano. Há livros que nos obrigam a estar em pausa. Quase uma ascese.
    Nunca li nada de Emerson. Mas também gosto da ideia de me faltar ler muito. Acrescenta sentido aos dias.
    "Definir é limitar". Para reflexão.

    Uma boa semana para si também.

    E um beijo de Primavera:)

    Mar

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