Pedi emprestado parte do título a uma obra de John Langshaw Austin. How to do things with words. Um filósofo que trabalhou no MI6 e que depois aplicou a filosofia à linguagem. Um título a propósito da mesa de domingo à noite. Com parte dos objectos que trouxe da minha tarde de procura em Aveiro. A figura principal chama-se Chloé. Achei que era um nome bonito para esta mulher em marfinite, na atitude muito frágil que pressupõe a nudez. Gostei da ideia de multiplicar a fragilidade da minha Chloé e fui buscar espelhos. Juntei os dois copos dourados de cristal que encontrei durante a minha busca. E mais copos antigos, de família. Tudo iluminado por velas que se chamam Blue Tangerine, Kenneth Turner.
Depois da mesa, uns minutos para fazer uma tarte de cebola e queijo fresco, inspirada numa receita da pessoa que mais estudou/estuda a nossa gastronomia: a Maria de Lourdes Modesto. Uma mulher que não é lembrada com a frequência que lhe é devida. Deixo uma nota hoje. A que darei continuidade depois, com a receita que resultou da inspiração que procurei num dos seus tratados.
Simplesmente fabuloso...
ResponderEliminarE dando continuidade ao comentário do post de domingo no mundo... que feliz se deve ter sentido a Chloé no meio de objectos tão lindos e cuidados!
Babette
Hesitei qual dos post iria comentar... Escolhi o que fala dos objectos já em seu uso e na nossa querida Maria de Lourdes Modesto. Penso que a Mar estimará sempre os seus objectos de família, que por vezes podem numa certa altura parecerem " fora de moda". No entanto se lhes tiver carinho, arranjará, sobretudo se forem de valor, algum cenário onde poderá recordar as pessoas queridas que os doaram!
ResponderEliminarÉ por isso que eu às vezes tenho algum pudor em aquisições; porque atrás estão histórias de pouco afecto, nem sempre por necessidade, apenas pouco respeito pelo que se herda. Mas sim, ainda bem que vão parar à mão de quem os vai estimar e dares-lhe brilho. Recordo muitas vezes as histórias fantásticas do seu colega José Régio, que tantas peças portuguesas salvou de um triste fim!
Continue a revelar-se perante os seus leitores como até agora: vamos conhecendo-a pé ante pé...e gostando muito!
Beijinho.
Para a Babette:
ResponderEliminarCreio que sim, que a nova personagem arranjou um espaço afectivo em minha casa. À mesa. Quis que fosse o elemento central do jantar de domingo.
Beijo de segunda-feira. Para começar bem a semana, vou agora ao blogue da Babette:)
Mar
Para a Lusitana:
ResponderEliminarSim, todos os objectos que de alguma forma me vêm parar às mãos, merecem todo o meu afecto. Já são sem conta. Entre móveis que estavam a acumular tempo e pó, loiça e copos por onde não se bebia há demasiado tempo. Dar-lhes uso é a minha forma de render homenagem às pessoas que os tornaram seus. E que já não existem. A minha sogra fica sempre comovida. De cada vez que reciclo uma peça que pertenceu a uma avó, a uma tia. Ou à mãe dela, que gostava muito de cozinhar. E que permaneceu na memória afectiva de muita gente assim: pela comida.
Obrigada por vir aqui. Pé ante pé. Espero merecer sempre as suas visitas e palavras afectuosas.
Beijo da Mar
Não sei por que razão, não gostando especialmente de velas, dei comigo a pesquisar sobre as Blue Tangerine...talvex tenha sido a belíssima construção que fez com lights and mirrors. Talvez a construção que faz com words. A Mar é uma construtora...
ResponderEliminarTalvez...Sorry!
ResponderEliminarEmília
Esta marca é inglesa. E as velas têm aromas deliciosos. Consigo arranjar estas pequenas preciosidades numa loja que fica junto ao Tia Alice, em Fátima. Creio que se chama "Lendas e Rendas". E talvez estas pequenas velas de chá tão perfumadas fizessem com que passasse a gostar destas luzes efémeras. Talvez:)
ResponderEliminarBeijo da Mar. That builds things with lights and mirrors:) Para a Emília. That writes wonderful things.
A velocidade é inimiga da perfeição. Aqui vai a correcção " dar-lhes brilho" ! Bom, a Mar é professora de Português, há que ter cuidado redobrado...Eu sou às vezes muito veloz e trapalhona...já viu...
ResponderEliminarBeijinho.
Tão amorosa, a correcção!Não acho nada que seja trapalhona a escrever. Pelo contrário. Sempre generosa e empenhada no que aqui fica.
ResponderEliminarEsqueça isso da professora:) Só sou vigilante em relação à minha escrita. Nos comentários, gosto muito da substância do que é escrito. E as suas palavras têm sempre muita substância.
Beijo da Mar
Olá, Mar
ResponderEliminarAdorei a composição pela luminosidade que transmite. Esta imagem remete-me para os filósofos naturais gregos. A associação não é óbvia nem surge apenas da estátua central, resulta principalmente do efeito que o espelho provoca. Adoro a brancura das suas mesas.
bjs
Olá Fa:
ResponderEliminarFoi mesmo a luz a motivação. Por querer iluminar a figura que evocou toda a fragilidade de um corpo despido, na Feira de Velharias. Gostei desta Chloé de uma forma muito intuitiva, tanto que nem me interessou o possível valor intrínseco da peça em si, mas o que ela provocou.
Que bom que goste de mesas brancas. Eu também. São como páginas vazias onde se pode escrever com as cores que quisermos.
Beijo da Mar.
PS: Adorei a ironia poética de hoje, no seu blogue. O cachecol a enlaçar a sopa de feijão manteiga:)
Com tão inspiradas inspirações :), só podia resultar em cheio!
ResponderEliminarcheguei aqui hoje pela mão da Babette e gostei muito do blogue. :)
Voltarei.
Beijinhos