Ratatouille

E pronto. Uma das receitas mais míticas. Para mim. Por significar toda a humildade e toda a simplicidade do acto de cozinhar. E por evocar uma viagem igualmente mítica ao sul de França. Por ter sido o meu jantar, depois de um percurso longo e algo errático. Le Clos Fleuri. Era assim que se chamava a estalagem. E já era tarde. E a senhora perguntou se não nos importávamos de comer ratatouille. E foi, seguramente, uma das melhores refeições que já comi. Depois de tantos anos, aquele jantar tardio ainda está na minha memória. É esse um dos poderes da comida. O de nos levar aos lugares da nossa memória. E de conseguirmos recuperar num flash a felicidade de um momento que supostamente estava lá atrás.
Este é um prato de camponeses, muito provençal. E por isso, é muito simples. Eu procuro orientar-me pelo meu instinto, apesar de ter lido muito sobre a cozinha provençal. E cheguei à conclusão que realmente, o importante seria a minha intuição. E assim, procuro só juntar os legumes mais tenros e mais saborosos que conseguir. E normalmente são estes: courgettes pequenas, corações de alcachofras, pimentos doces, cebola vermelha, cogumelos, espargos brancos e verdes, beringelas. E mais. Os legumes que entendermos. Depois, basta colocar azeite numa frigideira e levar ao lume. E ir juntando os legumes partidos. Em cubos, em rodelas. A interpretação pode variar, mas o que conta mesmo é o prazer que se retira de cumprir um ritual tão colorido. Deixa-se saltear e tempera-se com sal e pimenta preta. E mais um pouco de azeite. Quando os vegetais estiverem com a consistência certa, adiciona-se tomate cereja aberto ao meio e deixa-se cozinhar mais um pouco. E serve-se. Como acompanhamento. Ou não. Neste dia, havia um frango dourado que estava mesmo a precisar de um belo ratatouille! E ficaram muito bem harmonizados. De tal forma, que o meu filho quis repetir. Já depois de termos terminado o jantar:)

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