Massinhas de peixe com gambas

Eis um prato reconfortante. Sempre bom, independentemente da estação do ano. Embora seja particularmente feliz no Verão, por permitir abdicar de uma sopa quente, que é sempre melhor no Inverno. Por ser tão informal, costumo servir estas massinhas numa tigela, para se comer à colher, como se de uma sopa se tratasse. Como quase todas as minhas receitas, é fácil e rápida!

Aqui fica, então:
1/2 postas de peixe (pode ser cherne, corvina, perca,...); 10 gambas; 1 cebola; 1 dente de alho; tomate; 1 cenoura; pimento; meio pacote de cotovelinhos (dos mais pequenos); 1 copo de vinho branco; azeite, sal, água e coentros q.b.

Fazer um refogado com a cebola, o alho, a cenoura cortada em pedaços pequenos, o pimento e o azeite. Levar ao lume e deixar fazer durante uns minutos. De seguida, juntar o tomate (eu costumo usar tomate em pedaços, de lata) e depois o vinho branco. Deixar mais um pouco e juntar água, assim que for necessário. Depois, colocar o peixe e as gambas e tapar o tacho. Deixar ao lume durante cinco minutos. Retirar o peixe e as gambas e reservar, para arrefecerem um pouco, enquanto tudo se faz sozinho ao lume. Passados uns minutos, juntar água até meio do tacho e esperar que ferva. E enquanto isto, preparar o peixe, retirando as espinhas e a pele e descascar as gambas. Quando a água começar a ferver, juntar a massinha, sal e mexer. Deixar fazer durante uns dez minutos, mexendo sempre que for preciso. Adicionar mais água, de modo a cobrir sempre a massa. Quando estiver quase cozida, juntar as gambas, o peixe e os coentros. Rectificar os temperos (há quem goste de colocar piripiri), transferir para uma terrina e servir logo de seguida.

And now...for something completely different


Uma boa mousse de chocolate é a rainha das sobremesas, por ser um clássico. É igualmente relativamente simples de preparar e agrada a toda a gente. Bem... a quase toda a gente, uma vez que há pessoas (estranhas :)), que não gostam de chocolate. De qualquer forma, há duas coisas a ter em conta: a qualidade do chocolate e os ovos (se as gemas e as claras estão bem batidas). Posto isto, vamos ao que interessa!

Mousse de chocolate
1 tablete de chocolate preto para culinária; uma colher de sopa de manteiga; 6 ovos; 6 colheres de açúcar.

Primeiro, derreter o chocolate e a manteiga em banho-maria. Enquanto isto decorre, bater as natas em castelo (bem firme). Depois, bater as gemas junto com o açúcar, até que esta mistura duplique. Quando o chocolate estiver derretido, juntar à mistura das gemas e mexer. Finalmente, ir juntando as claras em castelo, envolvendo bem e sem bater. Colocar numa taça de servir e levar ao frigorífico (ou ao congelador, quando é urgente). Antes de servir, pode raspar-se chocolate branco ou picar frutos secos, como nozes e avelãs.

Um livro de receitas para LER


Um livro que celebra a comida, a terra, os mercados e a lentidão do tempo. Com fotografias e receitas deliciosas e textos de duas senhoras australianas que fizeram uns cursos de culinária em Itália e que partilham o que viveram.

Um clássico (que se pode reinventar)

Este é um dos meus recursos preferidos, para antecipar a refeição. E fácil de fazer, também. Costumo acompanhar com baguettes, levemente tostadas no forno, e cortadas em fatias finas. E vinho branco, bem fresco.
Pasta de Atum
1 cebolinha picada; 1 lata de atum; 4 cournichons de conserva picados; 3 colheres de sopa de maionese; 1 colher de sopa de ketchup; 1 colher de chá de mostarda de Dijon; salsa, coentros, pimenta e sal q.b.

Numa tigela, desfazer o atum com a ajuda de um garfo. Adicionar de seguida os restantes ingredientes e misturar bem. Rectificar os temperos e colocar no frigorífico, para esfriar.

Nota: É aconselhável que a cebola e os cournichons estejam muito bem picados, e que o atum esteja bem desfeito, para que todos os ingredientes se possam fundir harmoniosamente.

Um oásis de silêncio em Lisboa





Os chinelos no chão, um tapete singelo em linho, a cama aberta. E o silêncio. No centro da cidade. Uma janela aberta para um pequeno bosque. Somos feitos de memórias. Inevitavelmente compostos daquilo que vivemos. Senti aqui que uma memória grata havia sido incorporada no que já existia. Deixo umas imagens breves, que fui guardando. E o site, com informações e mais imagens, certamente melhores que as minhas.

Raia com tomate e coentros

Como a raia é muito ligeira, resolvi perfumá-la com coentros e com tomate fresco partido aos pedaços. Fica mesmo uma delícia e o acompanhamento deve ser o mais neutro possível: arroz branco ou batatas cozidas. A acrescentar que é mesmo uma receita expresso: uns escassos vinte e cinco minutos e temos felicidade para distribuir!
A receita:
Metade de uma raia, cortada em postas; 2 dentes de alho; metade de um limão; 2 dentes de alho; azeite; 1 tomate coração-de-boi (grande); meio copo de vinho branco; coentros picados; piripiri e sal q.b.

Temperar a raia com umas pitadas de sal e o limão. Reservar durante algum tempo (15/20 minutos). Entretanto, descascar os alhos e esmagá-los para uma frigideira, regar com azeite. Deixar fritar um pouco os alhos, no azeite, colocar a raia e juntar gradualmente o vinho, o tomate descascado e cortado em pedaços, o piripiri e os coentros. Deixar fazer cinco minutos de cada lado e virar as postas com regularidade, para se cozinhar o peixe por igual. Rectificar os temperos e servir bem quentinho, com arroz branco.

Sopa fresca de cebolinho

Uma das minhas ervas aromáticas preferidas é o cebolinho. E isso acontece, simplesmente porque é suficientemente versátil para se incluir em quase tudo e também porque é muito suave, não anula os outros sabores, deixa-os marcar presença. Claro que, como tudo, deve ser usado com parcimónia. Esta sopa tem a particularidade de ser muito ligeira, ideal para estes dias quentes, por isso, também pode ser consumida fresca, numa tigelinha, para ser bebida.
A base (que é quase sempre a mesma)
1 cebola média; 2 courgettes; 2 batatas pequenas; 1 cenoura; cebolinho partido em rodelas fininhas; azeite, água e sal q.b.

Fazer um refogado breve com a cebola e o azeite e ir adicionando o resto dos ingredientes, partidos em pedaços. Mexer e juntar água aos poucos, de modo a cobrir os vegetais. Passados vinte minutos, passar com a varinha mágica e juntar o cebolinho cortado. Deixar cozer e servir quente com um fio de azeite ou fresquinha, numa tigela.

Como preparar um almoço de Verão, com coisas da terra e do mar





Queijo fresco com azeite e coentros
1 queijo fresco; azeite e flor de sal q.b.; coentros picados

Cortar o queijo fresco em cubos pequenos e dispor num prato de servir, salpicar com um pouco de flor de sal e regar com o azeite. Adicionar por fim os coentros picados e servir, acompanhado por pão alentejano cortado generosamente em fatias e por uma bela salada de tomate.

Salada de tomate coração-de-boi
2 tomates coração-de-boi; 1 cebola pequena; cebolinho picado; rabanetes; azeite, vinagre e flor de sal q.b.

Cortar os tomates, a cebola e os rabanetes em rodelas e dispor num prato. Juntar o cebolinho picado e temperar a gosto por esta ordem: flor de sal, azeite e vinagre.

Arroz de gambas da costa
Meio quilo de gambas (frescas); 1 cebola pequena; 1 dente de alho; 1 cenoura pequena; 1 tomate coração-de-boi maduro; uma chávena de arroz carolino; meio copo de vinho branco; cebolinho e coentros a gosto e azeite q.b e sal.

Num tacho, colocar a cebola picada, o alho esmagado, a cenoura cortada em palitos pequenos e o azeite. Levar ao lume e deixar refogar durante dois minutos. Juntar de seguida o tomate (já descascado e cortado em pedaços), mexer e adicionar o vinho branco. Deixar estar durante algum tempo. Juntar depois um pouco de água e quando ferver, pôr as gambas no tacho, deixando-as durante uns três minutos. Depois, retirar as gambas para um prato, esperar que arrefeçam um pouco e descascar, reservando-as depois. Entretanto, junta-se água (até meio do tacho, por exemplo) e espera-se que ferva. Quando começar a ferver, adicionar o arroz, temperar com um pouco de sal e deixar cozer o arroz. Quando este estiver quase pronto, junta-se as gambas, os coentros e o cebolinho picado, rectifica-se os temperos (pode-se enriquecer com pimenta e piripiri) e serve-se logo de seguida, para estar com aquele caldinho delicioso do arroz a correr.

O Mercado





O ritual diário de escolher os peixes, os frutos, os legumes. Na confusão das vozes, na agitação do mercado. Que pena este hábito persistir unicamente em alguns sítios. Normalmente à beira-mar. Perde-se muito.
Como adoro cozinhar, este tipo de espaço é, para mim, uma festa. E vou enchendo o meu pequeno cesto com salmonetes, gambas, alfaces fresquinhas, cebolas vermelhas, figos a pingar de doces, uvas de bagos carnudos e consistentes e raminhos vários de ervas aromáticas, que me são oferecidos, depois das compras. Nada substitui este gesto ancestral. Quase sem sacos plásticos, sem produtos embalados e transportados de sítios remotos. Tanta sabedoria aqui contida: comer o que há perto de nós e que a terra generosamente nos oferece em cada estação. Os mercados aproximam-nos do nosso chão.

O Livro

Ainda me falta ler tanto... de tanta gente. Mas entre as coisas de todos os dias, vou medindo a vida nas páginas dos livros. Este é da Iris Murdoch, uma escritora a que cheguei pelos livros da Ana Teresa Pereira. E é uma autora difícil, no sentido em que não nos agarra de imediato. Exige desde o primeiro momento. Mas depois...depois vem aquela noção de que alguém nos guia pelas palavras e nos pede para não partir sem ler tudo. Até ao fim. É o que faço agora, com O Príncipe Negro.

O Mar


Inscrição, de Sophia de Mello Breyner Andresen:
Quando eu morrer, voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar.

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