Por esta altura, o meu menino está a fazer-se cada vez maior. Todos os dias mais um bocadinho. Eu tenho assistido. Todos os dias. É isso que as mães fazem. Estão todos os dias. Com todas as limitações. Com todas as coisas que não conseguem ser. Ou fazer. Sete anos disto. Cumpridos hoje. Num dia que nunca foi. Num dia que não há-de voltar a ser. Nasceu num dia 13. Um daqueles números. Lembro-me da pergunta do médico, depois de fazer as contas. Se eu tinha problemas com o número treze. E não. Se iria ser o dia em que o meu filho nasceria para o mundo, não. Seria sempre o dia mais belo. Seria sempre com mais luz por causa disso. Foi um dia longo, o dia treze de há sete anos atrás. Mais um bocadinho e a luz passava para o dia catorze. Mas a minha luz escolheu um dia treze para nascer para mim. E para o mundo.
Tão cheio de mundo, que é. Sem medos, ele. Sem fantasmas. Vai com tudo. Está com tudo em tudo. A querer muito jogar bem à bola. À noite, conta-me dos progressos. Que marcou mais golos do que o Ricardo. E que até já consegue tirar a bola ao pai. E é do género de fazer os trabalhos de casa antes de tudo o resto. Diz que primeiro temos de fazer o mais difícil. Que o que é só bom fica guardado para depois. Para saber melhor. Gosta muito dos números. E de desenhar bem as letras. Aparece com frases escritas do nada. Lê os rótulos das coisas todas. As legendas na televisão. E os títulos grandes dos jornais. Um mundo à espera. Pela palavra. Está a entrar num universo que não acaba, o meu filho. E eu aqui. A escrever todos os dias mais um bocadinho. Para ele. Por ele.
É isso. É para ele. Há as outras coisas todas. As que me dizem respeito. Mas sei que quando me sento aqui, será para ele. Para que saiba. Para que leia a narrativa em elaboração. Por ter medo de não estar. Por ter medo de acontecer qualquer coisa e não haver meio de lhe fazer chegar o quotidiano que pude dar. Está aqui. Para que o leia. Haja o que houver. Venha o que vier. E saber que aquilo que já foi vivido não pode ser rasurado. Nenhuma das sopas que fiz para ele. Nenhuma das vezes em que fiz aletria mesmo sem gostar. Ou arroz doce. Ou rabanadas sem ser Natal. Ou as coisas todas que agora não consigo dizer. Assim, nunca se esquece. À espera que aprenda a ler mesmo, eu. Estou à espera que aprenda a ler tudo.
Para ele, um bolo de arroz com uma vela. Um dos bolos de que gosta muito. Foi assim que começou o dia dele, o tal do número de que quase ninguém gosta. E com presentes. E beijos sem fim, enquanto despertava. E presentes para os amigos da escola. Fornadas de presentes. Feitos pela "tia" Pipinha. Colocados em saquinhos pela mãe. Com a ajuda do pai. Que ia dizendo que não sabia que também isto faria parte de ser pai. Colocar autocolantes em sacos com biscoitos. E não. Não tínhamos como saber, na altura. Soubemos só uma coisa: que as nossas vidas nunca mais seriam as que tínhamos conhecido até ali. A única certeza que se tem, nestas coisas de se ter um filho. Tudo o mais, é navegar à vista. Ir confiando. Ir fazendo pelo melhor. O melhor que pudermos. Haja o que houver.
Que bom começar o dia a ler um texto tão ternurento. Como o António vai gostar de ler os teus textos. Daqui a nada. É muito bom vê-los crescer. Tornarem-se pessoas grandes :) E o teu António parece-me estar no bom caminho. Muito especial, o teu menino. E sábio. Fazer o mais difícil primeiro parece-me sensato.
ResponderEliminarUm beijo de parabéns para ele e outro para vocês, pais. Que estão lá para e por ele, "Haja o que houver".
Ilídia
Querida Mar:
ResponderEliminarVão fazer tudo pelo melhor, com certeza. É uma grande aventura isto de se ser Pai ou Mãe. Muitos parabéns ao seu menino. E continue a fazer sempre a aletria. Na minha casa, é um dos doces nobres. Nunca fica exactamente igual à anterior. Tem sempre uma dose de improvisação e subjectividade que cria uma certa expectativa até à hora de provar.
Que passem todos um dia muito feliz e um beijinho.
Mais um texto lindo, que me humedeceu o olhar, de tão doce, de tão terno, de tão perfeita a descrição do que é ser mãe nestas tuas palavras...
ResponderEliminarTambém o número 13 tem um significado especial para mim, o dia em que renasci, em que "fintei a morte", para estar cá e celebrar todos os dias 13 da minha vida. E da tua, porque sei que posso, que deixas, que permites a minha intromissão nesta data: ficar feliz por ti, um pouquinho orgulhosa do teu Tom Sawyer, de quem me lembro em corropios constantes nas festas da (nossa) escola! Que seja sempre assim, a vida do teu menino, um corropio constante e feliz, porque só assim pode ser a vida deste ser tão especial, nascido num dia 13 e em vésperas do dia em que se celebra o amor... beijos nossos ♥♥♥
Muitos beijinhos de parabéns para o António e para os seus pais!
ResponderEliminarP.S.- Que texto lindo que o António vai adorar ler.
Lindo o seu texto! Cheio de amor, carinho e dedicação para o seu filho.
ResponderEliminarOs presentes estão muito bonitos, mais um símbolo de carinho.
Parabéns para o seu filho e para os pais que se dão todos os dias!
So para deixar um beijinho muito especial ao Antonio e aos pais. Mesmo num dia que tambem e de viagem, a correr e a escrever de telemovel tinha que vir aqui hoje. ;-) Escrevo com calma depois, para dizer todas as coisas boas que quero dizer. Mas tinha que ficar aqui este abraco, hoje. Um dia muito feliz!
ResponderEliminarCom ternura,
Mafalda
Um dia para lembrar, sempre, que haja o que houver, a vossa vida mudou para melhor há 7 anos atrás. Descreves exactamente o que isso é. E não, não se pode adivinhar como será. Só que tudo passa a ser mais cheio, com mais medos, mas mais sorrisos, aletria, rabanadas... Parabéns ao António, por estes 7 anos de "tanto" ;) Num dia em que coincidimos, por nos ser às duas tão importantes. O dia em que há 20 anos atrás comecei a namorar. Curiosamente, hoje ao pequeno-almoço, o Z. dizia: "imaginávamos nós que passados 20 anos íamos estar aqui, assim". Aos percursos todos que nos conduziram até hoje. E a levar o D. e o R. a mais um dia de escola, por exemplo...
ResponderEliminarUm beijo grande
E até logo ;)
Babette
Muitos parabéns ao filho e aos pais!
ResponderEliminarBeijinhos
Ângela
http://aventurasnacozinhadaangela.blogspot.com/
Parabéns para o António e para os Pais!
ResponderEliminarO tempo passa a correr, não tarda nada está a lêr os textos maravilhosos que a Mãe escreve!
Beijinhos
Parabéns. Tão bom ter filhos.
ResponderEliminarbeijos
Jo
Boa noite querida Mar!
ResponderEliminarQuero dizer-lhe que, apesar de ter aparecido só agora e depois de um dia daqueles, me levantei a pensar no António e na Mar. A "Carta a um filho" acompanhou- me durante todo o dia e fez- me reviver a minha primeira maternidade, também celebrada em fevereiro, a três.Foi há vinte e sete anos mas os "ses"...será que...terei feito...continuam a surgir nesta construção mútua que é a relação mãe/ filho!São estas dúvidas que nos impelem a fazer o melhor, a edificar uma construção que marque os que vão passando e ficando.Coitados dos que têm certezas!
Os beijinhos, os ralhetes, as sopas, o sofrer conjunto dos dissabores, o viver partilhado dos sucessos, o pôr a almofada por baixo para não magoar tanto fazem parte desta relação tão simples, mas tão interior de ser mãe.Uma experiência superior que só pode ser bem vivenciada acompanhada pelo pai.Ser mãe e ser pai é fazer todos os saquinhos que a vida do nosso filho nos vai apresentando.
Parabéns aos três.Têm tudo para fazer correr bem! Vão conseguir!
Desculpe tantas palavras( hoje não fluíam!) mas não tive como evitar!
Um abraço com muita emoção e solidariedade!
Emília Melo
Sete anos! E que rápido que passa o tempo. Está um rapaz o António dos olhos sorridentes que cresce ao mesmo tempo que os teus textos bonitos :)
ResponderEliminarFoi muito bom fazermos as fornadas de biscoitos juntos, qual linha de montagem :), uma das tantas coisas pequeninas que preparaste para hoje e que fez o António feliz.
Um beijinho grande da tia "Pipinha"
Olá Mar,
ResponderEliminarSó para deixar um beijinho de parabéns ao António. E para os Pais do António. E vai ver que haja o que houver,um dia,o seu menino sentirá muito orgulho ao ler os registos da mãe.
Um beijo com carinho.
Íris
Um dia ouvi alguém dizer que os filhos são o nosso coração fora de nos. Acho que e isso. O nosso pulsar fora do peito.
ResponderEliminarParabéns ao António (assim se chama também aquele que tenho como filho, porque nascido da minha Irma, com o nome do avo que nunca conhecemos mas que nos ensinaram a amar) e aos pais que lhe estão a dar o mundo.
Uma semana boa (que começou de maneira perfeita).
Um beijo
ResponderEliminarfã
Bem hajas Mulher! :)
ResponderEliminarQue bom é ler-te!
Cristina
Olá minha Ilídia:
ResponderEliminarEstás tão longe. E aqui tão perto. Escreveste cedo, ontem. Disseste-me depois ao telefone. Ainda houve direito a um telefonema. Num dia que sei que é muito cheio. A dizeres que estavas lá longe. Mas aqui, também. Obrigada pela luz que tens significado, Ilídia.
Creio que o António é muito são. Bem resolvido, como costumo dizer. Gosto muito de o pensar livre. Sem fantasmas. Capaz de uma autonomia que não o afaste do mundo. Que o abra mais ao mundo. Isso do mais difícil primeiro é uma espécie de cantilena:) Pega na mochila e vai repetindo isso. Enquanto garante que depois, pode haver futebol. E as outras coisas de crianças. Mas sim. Gosto que pense assim. Que seja aplicado e responsável. Mas que muito criança, também.
Um beijo meu de obrigada. E de obrigado dos meus dois homens:)
Mar
Olá Lusitana:
ResponderEliminarA mais temerosa das aventuras, parece-me. Mas incomparável, também. Faz-me uma confusão enorme a leviandade com que se tem filhos, às vezes. Mas isso é para outras conversas:) Este texto é para ele. Por ele. Mais um, de resto. A juntar à aletria de que gosta tanto. Ainda na semana passada houve, por ter pedido daquela maneira irresistível de que só eles são capazes:) E foi bem feliz, o dia dele. Comigo a carregar bolos de aniversário de um lado para o outro. E tabuleiros com coisas de comer para os amigos da escola. À noite foi para os que lhe são muito próximos. E foi muito bonito. Ele estava feliz.
Um beijo para si. E obrigada. Muitas vezes.
Mar
És minha amiga. Nunca significas uma intromissão. Nada de intrusivo, na minha amiga que contrariou a morte. E que nasceu outra vez. Duas dádivas que és. E muito grata, eu. Por seres uma parte muito bonita da minha vida. Por nunca te esqueceres. Por teres sido das primeiras pessoas a escrever-me, ontem de manhã. Li-te antes da primeira aula do dia. E agradeci assim que vi o teu nome no telemóvel. Ele continua assim como o viste, nas festas da escola. Mas mais alto (devias vê-lo, parece um repetente, perto dos coleguinhas da turma:)
ResponderEliminarObrigada às minhas duas meninas de olhos brilhantes.
Mar
Obrigada, Maria Jorge. Mal posso esperar que seja capaz de ler sem parar. Está quase. Hoje aprendeu mais uma letra:)
ResponderEliminarUm beijo para si.
Mar
Que bom que acolheu o texto do aniversário do António, Graça. Sinto sempre que não consigo dizer as coisas como as sinto ou penso. Mas o amor resolve tudo. Sei que é assim. Mesmo os problemas de expressão.
ResponderEliminarObrigada pelo seu comentário que diz que está aí. Desta vez, a deixar parabéns carinhosos.
Mar
A minha Mafalda. A arranjar tempo num dia tão difícil. Tão de andar de um lado para o outro. Tão sem tempo. Queria agradecer o carinho que fez com que parasse um bocadinho. Para vir aqui. E deixar aquela ternura muito sua. Obrigada. E a minha ternura para si. Em viagem de um lugar para outro lugar.
ResponderEliminarMar
Não, não conseguimos imaginar nada. Mesmo que haja algumas coisas que até possamos antecipar. Mas nunca são bem como foram projectadas. Ou sonhadas. Até podem mesmo ser melhores do que alguma vez sonhámos. Como essas coisas de que falaste. As coisas de todos os dias. Que começaram há um dia qualquer lá atrás. Num dia em que não sabíamos nada do que viria. Tão bom que seja assim.
ResponderEliminarParabéns um dia depois, minha Babette. Pelo início do vosso amor.
Um beijo com gratidão.
Mar
Muito obrigada, Ângela. Eu e eles os dois agradecemos o seu carinho.
ResponderEliminarUm beijo.
Mar
A ver se gosta de me ler, o meu filho. Queria muito que sim. Muito obrigada por mais um bocadinho da sua ternura. Sete gramas de ternura. Pelos sete anos do meu filho. Uma aritmética carinhosa, esta.
ResponderEliminarUm beijo.
Mar
Olá Jo:
ResponderEliminarMuito bom, sim. E difícil. E uma série de outras coisas que fazem com que queiramos ser dignos de ser pais.
Um beijo de obrigada para si.
Mar
Olá Emília:
ResponderEliminarAdoro lê-la. Sem matéria para se desculpar. E disse tanto. Mais uma vez. A começar pelo início do seu dia. Lembrar-se de nós. A quem não conhece mesmo. Como aconteceu há dias, com a Babette. Lembrou-se do aniversário dela, mesmo sem que ela o tenha assinalado no dia. Por ter um dos meninos doente. É preciosa, Emília.
A Carta a um Filho é um daqueles textos fundadores. Creio que será o que todos os pais gostariam de dizer aos filhos. Foi um dos presentes para o António, o ano passado. Não tarda nada, vai ser capaz de ler sozinho. Em voz alta. Como tem feito desde que anda a aprender as letras.
Fui mãe numas circunstâncias em que aparentemente não havia "ses". Creio que nunca sou capaz de dizer o suficiente a minha felicidade, quando soube que estava grávida. Ou a reacção do meu marido, apanhado de surpresa pela luz toda que trazia comigo, enquanto tomava o pequeno-almoço. Os meus "ses" vieram no momento em que o olhei. Pensei a noite toda que a minha vida já não era só minha. Que ele iria alimentar-se de mim, nos primeiros meses de vida. Não foram assim tão poucos, que ele gostava era de leite materno. Mesmo que eu já estivesse tão magra. Mesmo que eu não soubesse de onde vinham as reservas do meu corpo. Acaba por ser assim. Sete anos depois. Ainda não consegui perceber de onde vêm as forças. Os recursos todos das mães. Quase mágico, que é. Num momento, estamos cá em baixo. No outro, sabemos que temos de continuar. Por eles. Para eles.
Obrigada pela sua maternidade. Obrigada pelo carinho maternal que me deixa. E que me faz pensar em continuar mais. E querer ser uma pessoa melhor. Já viu? Pensar em si, faz-me querer ser um bocadinho melhor. Obrigada por isso.
O nosso abraço, Emília.
Mar
Olá minha linda:
ResponderEliminarSe visses a carinha dele, ao abrir o envelope com o teu presente! Muito compenetrado depois, a ler o postal. Muito brilhantes, os olhos dele. Tão bom que seja assim. É o que mais quero. Que haja brilho nos olhos dele. Que seja feliz.
E mais palavras de obrigada. À minha amiga. Que me ajudou em mais um aniversário do António. Já lá vão sete:)
Um beijo.
PS: Só para dizer que já fez dois desenhos com os lápis que lhe ofereceste. Muito cheios de cores.
Olá Íris:
ResponderEliminarA ver se sim. Se vai gostar dos registos da mãe. Queria agradecer pelos seus registos. Hoje, a propósito do dia em que nasceu o meu filho.
Um beijo para si. Com carinho.
Mar
Olá Guida:
ResponderEliminarÉ assim que se sente. Que uma parte de nós está fora de nós. A mais fundamental de todas. Um flanco de fragilidade que não acaba, um filho. Muito grata pelo seu comentário. E um beijinho especial para o seu sobrinho. Com o mesmo nome do meu filho. Também ele é António por causa de um avô que não chegou a conhecer.
Mar
Outro para si, minha querida Fa:)
ResponderEliminarMar
Olá Cristina:
ResponderEliminarA mulher agradece as exclamações:)
Um beijo.
Parabéns Mar e António.
ResponderEliminarEu ando embriagada com os festejos do primeiro aniversário. Ainda nem consigo verbalizar o que me vai na alma tal é a excitação.
Bjinhos