Scale it back






































A entrada do dicionário diz que "scale back" significa isto: to reduce the size or ammount of something. Eu não conhecia a expressão. Só sabia que a música que ouvi hoje ao final da tarde me fez bem. E até achava que não era preciso saber mais nada. Mas depois disseram lá longe que a música se chamava "Scale it back". E foi aí que tive vontade de ir ver o que significava. Ainda bem. Por ser adequado. Senti que era assim. Que se adequava. Talvez pela verbalização de uma necessidade recente. O pragmatismo das formulações inglesas, aplicado a uma circunstância. Ou a uma necessidade circunstancial. E isso fez-me gostar ainda mais da música que me fez bem ao final da tarde. Completamente caída não sei de onde, a música que deixo. Bom assim, quando acontecem coisas de que não estamos à espera. Coisas que não conseguimos antecipar. Marcar. Escrever num suporte qualquer. E esperar que aconteçam.
Fez com que voltasse a vontade de verbalização, a música. Foi isso. Não andava a conseguir. Olhava para as imagens guardadas e nada. Não acontecia aquilo que acontece sem mais. E que desencadeia os verbos. E os substantivos. Com adjectivos à mistura. Tudo em segmentos muito breves. Para não me dispersar. Para não ter como escapar à vontade inicial. A da verbalização. A do registo só porque sim. Como se estivesse a construir uma espécie de mapa interior. Uma cartografia feita de lugares. De pessoas. De coisas. Que me sabem bem. E criar uma geografia possível. Que exista enquanto eu existir. Que exista por eu existir. Alguma coisa que viva disso. Como este ponto geográfico indeterminado onde gosto de me demorar. Enquanto o destino me permitir. Existir. E poder conceder-me a dádiva do registo. Conseguir ser capaz de dizer o que o destino permite.
Para evitar a dispersão: desde Domingo que não me sentia capaz de escrever fosse o que fosse. E não queria passar por cima disso. Com uma receita de reserva ou outra coisa qualquer. Não gosto de passar por cima das coisas. Antes ir ao fundo delas. Para poder olhá-las nas suas dimensões. E fazer como diz a música. Scale it back. Aprender a reduzir o tamanho ou a quantidade de alguma coisa.

8 comentários:

  1. Há alturas em que é preciso parar para conseguirmos ouvir os nossos pensamentos...
    Só comentei porque gosto de vir cá!
    Bjinhos

    ResponderEliminar
  2. Ainda bem que ouviste esta música poderosa. "Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!" :) E inspirou, sem dúvida, minha querida. Gostei muito do teu texto (como sempre :) E tinha saudades de te ler (aqui).
    Um beijo

    P.S.: No sábado, o bolo não cresceu :( Às vezes, os meus bolos não me obedecem. Mas eu sou persistente. Este fim de semana vou tentar novamente. Até conseguir.

    ResponderEliminar
  3. Há dias menos bons em que as palavras não fluem, não saem, apesar das ideias existirem. Faz parte do percurso humano. Mas o importante é existir alguma coisa que sirva de alavanca para a exteriorização do pensamento, como esta música para si.
    Fico feliz por continuar a existir por aqui e coexistir com quem a lê e escreve. Mais importante que a quantidade é a qualidade e todos os seus textos, mesmo que espaçados no tempo, tem-na.

    ResponderEliminar
  4. Aprender a reduzir o tamanho ou a quantidade de alguma coisa. Scale it back !
    Aprendi mais hoje. Num rápido. Aqui contigo. O tempo que durou a música.
    Depois do tempo que durou uma reunião.

    Um beijinho,
    com carinho.
    da Pipinha

    ResponderEliminar
  5. Olá Vera:

    Tão grato, esse "porque gosto de vir cá". Obrigada pelo comentário a esse propósito. E sim. Não devemos ganhar distância de nós. Das nossas dimensões únicas e impartilháveis. Daí a importância do silêncio, creio.

    Beijo.

    Mar

    ResponderEliminar
  6. Olá Ilídia:

    Um daqueles acontecimentos aleatórios. Ou imponderáveis. Mas sim, é/foi poderosa, a música que diz para reduzirmos às coisas. Devolver-lhes as dimensões certas. Ou que podemos elaborar como certas. Obrigada por estares. Aí. E muito aqui. Estás aqui, como minha amiga.
    Pena, isso do bolo. Já te li no blog da Babette, a queixares-te desse acontecimento. De vez em quando acontece. Mas o melhor dessas coisas que nos contrariam, é aprendermos a persistência. Uma e outra vez. As vezes que forem necessárias.

    Um beijo de bom fim-de-semana.

    Mar

    ResponderEliminar
  7. Olá Graça:

    Importante existir. Creio que nos esquecemos muitas vezes (ou mesmo demasiadas vezes) desta verdade tão essencial. Aconteceu assim. Não me sentir capaz de escrever. Havia coisas que queria verbalizar. Mas nas minhas outras dimensões. Elas é que careciam de verbalização. E, por isso, não conseguia as palavras aqui. Por serem precisas num outro lugar. Num outro contexto. E a vida puxa por nós. Agora, já houve palavras nos outros contextos. E aqui, também. Mesmo que a dizer que me estavam a faltar.
    Muito grata, eu. Por existir aí. E aqui, pela verbalização. Hei-de lembrar-me de si, quando me faltarem as palavras. Com o carinho e o respeito que devemos a quem nos concede a graça de nos ler. Disso não me esqueço, ainda que me faltem as palavras.

    Um bom fim-de-semana.

    Mar

    ResponderEliminar
  8. Olá minha linda:

    Aprendemos as duas, que eu não conhecia esta expressão. É linda, não é? Já faz parte dos meus recursos imediatos, por andar sempre comigo.
    Bom assim. Música depois de uma reunião. Passamos a vida a reunir uns com os outros, não? E tão separados, apesar disso.

    E já é sexta-feira. Estás de regresso.

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar

AddThis