Veio com a água, a mesa. A água fez com que só quisesse muito estar aqui. Com que o mais importante de tudo fosse poder estar aqui. A olhar a água a cair lá fora. Com um bocadinho de solidão e tudo, a tarde de contemplação líquida. Enquanto pensava na mesa de um dia cheio de água. E saber que nenhum tecido iria vestir a mesa daquele dia. Que a loiça seria branca. E que iria haver luzes apoiadas em cristais que podem ser de todas as cores, quando os olhamos com a luz que é a certa. Foi assim que foi contemplada antecipadamente, a mesa. Bem no meio de muita água. A precipitar-se, a precipitada. Estava como a terra, eu. Tinha saudades de água, eu.
Com a mesa que veio com a água, um poema que é água. E luz. E uma inquietação.
Levar-te à boca,
beber a água
mais funda do teu ser -
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
beber a água
mais funda do teu ser -
se a luz é tanta,
como se pode morrer?
Eugénio de Andrade
Muito bonita a tua mesa de receber a água.
ResponderEliminarÁgua e terra tu.
E chegou finalmente. E faz-nos ficar neste estado. A olhar, a vê-la chegar ao chão. À terra. Nada mais apetece.Isto e pés quentes, só :)
Um beijinho grande, de domingo cinza.
da Pipinha
Tinha tanta saudade da chuva como das tuas mesas. Um regresso em branco. Muito tranquila, a mesa que celebra a chuva de fora. E que faz apetecer mais ainda estar dentro do nosso mundo ;) A jarrinha branca que se adivinha é linda, à beira dos cristais sem cor que afinal podem ter todas as cores. E aqui a toalha teria sido a mais. Faz lembrar o contraste da água a cair na terra...
ResponderEliminarum beijo e bom início de semana.
Babette
apenas lindo.
ResponderEliminarbeijinho
Jo
Tens razão. Um desses fins-de-semana. Para olhar a água. Enquanto se está em aconchego. Água e terra, a tua amiga Mar. Todos, água e terra.
ResponderEliminarMas sabes, o Vasco disse que o céu estava a limpar para os lados do mar. E que isso significa que o sol de Inverno vai voltar. Também é bom, isso.
Boa semana para ti, Pipinha.
Mar
Sabes que me dei conta que ainda não tinha havido uma mesa, este ano. Também não era difícil, que o ano acabou agora de começar. Mas sim, também tinha saudades de deixar aqui uma mesa. Esta foi assim como disseste. Tranquila. Sem toalha. Nem individuais. De vez em quando, gosto que a loiça esteja directa na madeira da mesa. Sem nada a mediar.
ResponderEliminarSoube bem, o meu mundo de sábado à noite. Ao contrário das coisas que tinha antecipado. Eu não te disse que este ano não tinha listas nem nada? Que ia acontecer tudo como tivesse de acontecer? Este sábado foi assim.
Um beijo para ti.
Mar
Apenas lindo para si também, Jo:)
ResponderEliminarE um beijo.
Mar
A sua mesa faz querer ficar lá sentada a observar a chuva por tempo indeterminado. Naqueles dias em que apetece prolongar a refeição ou um momento que é especial.
ResponderEliminarDesejo uma boa semana.
Que saudades que tinha das suas mesas...
ResponderEliminarQuerida Mar:
ResponderEliminarBranco é a cor que sempre associo às suas mesas. E os seus textos, tal como as mesas, continuam belos. A fazerem-me vir cá e desfrutar de uns momentos muito especiais. É preciso de tudo: o sol, a chuva e a Mar.
Um beijinho e boa semana.
Olá Graça:
ResponderEliminarA mesa acaba por ser um lugar de contemplação. De tempo que se quer prolongar. É assim que procuro entender as coisas. À minha medida. Neste dia havia chuva. E isso fez com que o tempo fosse ainda mais de ficar. De estar aqui. E isso ser o melhor de tudo.
Obrigada por querer uma boa semana para mim. Espero o mesmo para si.
Mar
Olá minha MJ:)
ResponderEliminarTambém eu tinha saudades. Não tinha dado conta, mas ainda não tinha havido mesas, este ano. Uma das minhas (muitas) falhas. De vez em quando é assim.
Obrigada a si.
Mar
Creio que sim, Lusitana. O branco é a cor a que volto uma e outra vez. A base que permite as elaborações que entendermos. Que podem ser brancas. Ou explodir de cor.
ResponderEliminarE sabe uma outra coisa? Obrigada. Por isso de gostar de ler. De vir aqui um bocadinho e gostar. Uma coisa daquelas que faz bem. E que eu devo agradecer reiteradamente.
Um beijo de boa semana. Com chuva. Sol. O que houver.
Mar
Ola Mar,
ResponderEliminarJá tinha saudades das suas lindas mesas brancas. Gosto sempre de mesas preparadas com tanto gosto.
Desejo-lhe um bom ano, para si e para os seus.
Maria José Duarte
Linda, a tua mesa. Branca, cristalina e depurada. Apenas o essencial, como no poema que partilhas connosco. Também gosto muito de Eugénio de Andrade :)
ResponderEliminarUm beijo da tua amiga,
Ilídia
Olá Maria José:
ResponderEliminarQue bom que escreveu. E acho que é o seu primeiro comentário deste ano e tudo. Só podia ser a propósito de uma mesa. Com a loiça branca de que gosta. Obrigada. E já sabe, não é? Há sempre um bocadinho de si nas minhas mesas. Uma espécie de dedicatória silenciosa, acho.
Um ano lindo para si e para os que lhe fazem bem.
Mar
O poema veio depois da mesa. Enquanto escrevia. Parece água ou assim. De tão essencial. Gosto muito da poesia solar de Eugénio de Andrade. Versos muito curtos que dizem o tanto que é quase sempre difícil de dizer.
ResponderEliminarUm beijo para a minha Ilídia dos Açores. Que estejas bem.
Mar