Uma vontade enorme de água. É isso. Os dias quentes fizeram com que tivesse esta vontade súbita de água. E não adianta beber água. Não adianta água das outras formas. Queria vê-la a cair do céu. Mesmo que se mantivesse o calor todo. Mas que acontecesse água do céu. Acho mesmo que até seria melhor, se houvesse água com calor. Que ela se precipitasse e pronto. Que fosse uma coisa de precipitação sem mais. Uma palavra de que até gosto. Pela ressonância a impulso. Ou a uma forma qualquer de espontaneidade. Não sei. Sei que o costume é ser uma palavra que faz pensar em actos irreflectidos. Sem reflexão. O tipo de palavra que se usa para dizer que alguém fez uma coisa que não devia ter feito. A forma possível de amenizar coisas que não deviam ter sido feitas é esta. Precipitou-se. Houve precipitação. Uma humanidade profunda em todas as vezes em que alguém se precipita. Por ilusão. Por acreditar. Por se enganar, também. A parte boa da palavra é a de deixar margem para uma coisa muito simples. Dizer que não se pensou. Que houve precipitação. Como a que gostava de ver cair do céu. A tal ideia persistente de precipitação, por estes dias.
What the water gave me. Enquanto conduzia com vontade de água, esta música. Alguém a cantar aquilo que a água deu. E pronto. Posso não ter tido a tal água que queria. A precipitar-se do céu. Mas tive a ideia. Uma ideia muito etérea de água. E esta outra, assim que cheguei a casa.
Omolete de canónigos e cebola
6 ovos inteiros + 1 cebola pequena + 1 pimento doce + canónigos q.b. + azeite, sal, pimenta
Começa-se por se bater os ovos com um pouco de sal. Reserva-se e leva-se ao lume numa frigideira, a cebola picada e o pimento cortado aos cubos num pouco de azeite. Depois de uns dois minutos, acrescenta-se os canónigos. Quase logo a seguir, os ovos. Agora vem a parte complicada de fazer uma omolete (para mim, pelo menos:). Eu costumo fazer assim: deixo que os ovos vão cozinhando e quando houver consistência suficiente, "dobro" a omolete ao meio. E viro de um lado e do outro, pressionando ligeiramente. Assim que estiver no ponto, viro para o prato de servir, para não queimar. E basta uma salada. A deste dia foi só feita com alface iceberg. O nome fez-me pensar numa realidade fresca. Para acompanhar uma omolete. E aquilo da vontade de precipitação.
Também adoro uma omolete, do que for e houver. Ficou a apetecer-me uma de broa e bacalhau, mnham!
ResponderEliminarVontade de água. Vê-la pela vidraça. O alivio depois, apesar da precipitação. Gostei do teu texto. E muito do que foi para a tua mãe, e muito das fotografias. Lindas, de parecerem nubladas com a luz do sol e o azul da toalha. Parecem de outro tempo.
Horas depois de começar a escrever este comentário, depois de um cartaz, de visitas dos sobrinhos e de um jantar a fazer, o tempo mudou, ficou vento no fim de mais um dia quente. Pode ser que a água venha, então.
Beij
Nunca tentei essa variante de broa e de bacalhau:) E sei que sim. Que anseias por ver água a escorrer pelos vidros. Obrigada por aquilo. De teres gostado.
ResponderEliminarE um bocadinho da tua rotina, vês? Just like that. A rotina da minha amiga. Com uma parte imponderável. Um pedido a meio de um dia em que nem sequer deu muito para respirar por precipitação. Grazie:)
Também consegui sentir o vento. Quando cheguei a casa. Estava lá fora. Sozinha com o vento. Um copo de vinho tinto. E o Milky aos meus pés. Uma parte da minha rotina, também. Para agradecer a tua.
Um beijo.
Mar
Já tinha lido o seu artigo ontem, mas na altura não me pareceu propício escrever algo...
ResponderEliminarHoje venho sobretudo dizer que da minha janela já vi agua a precipitar-se do ar, e veio acompanhada por um dia mais cinzento e fresco. Um dia mais outonal para fazer companhia às folhas que começam a amarelecer, secar e ocupar o chão das proximidades.
Para o seu fim-de-semana, desejos que agua a precipitar-se do céu, contrariando as previsões meteorológicas.
Queremos muitas vezes a antítese do que temos. Percebo-te. Uma chuva refrescante, mesmo que depois voltasse o calor, serviria para amainar os dias.
ResponderEliminarUm beijo de início de fds.
Babette
Gostei da ambiguidade do título e da reflexão em torno da palavra. Eu sofro de precipitação :) Por ser, talvez, demasiado espontânea. As pessoas que falam muito são assim, não é? Um pensamento transforma-se muito rapidamente em palavras. E há quem nos olhe de lado, às vezes. Não importa. Continuo a achar que antes isso do que a falta de espontaneidade. Antes isso do que pensar muito antes de falar, com medo de não agradar. Gostei de a imaginar a conduzir, à procura de precipitação :) Nós, açorianos, nunca ficamos muito tempo sem chuva. Mesmo que haja calor, nunca fica muito tempo sem chover. Nunca provei canónigos. Deixou-me curiosa. Beijos
ResponderEliminarOlá turista ocasional:
ResponderEliminarSem chuva, o fim-de-semana. Mas com tempo. E muito especialmente tempo longe. Tão bonito ter partilhado a sua chuva. Está a ver? Afinal até tive um bocadinho de precipitação. Uma chuva relatada. Por uma turista ocasional:) Obrigada por isso. E muito pelo seu email com coisas que me fizeram feliz:) Espero que o meu email tenha chegado sem problemas.
Um beijo de final de fim-de-semana:)
Mar
Olá minha Babette:
ResponderEliminarSabes o que era mesmo bom? Chuva durante a noite. E sol durante o dia. Para dar continuidade à ideia de querermos as antíteses.
Um beijo de domingo à noite:)
Mar
Olá Ilídia:
ResponderEliminarTambém sou isso. Impulsiva. Espontânea. De não gostar de calar coisas que quero dizer. E sim. De vez em quando, a tal precipitação. De vez em quando, achar que se calhar era melhor ser de outra maneira. Ou ser menos em outras coisas. Mas sabe que mais? Passa-me rápido:) O dominante é achar que sim. Que a vida é melhor quando a encaramos de maneiras declarativas. Prontas para o que for. Com um módico de respiração ante a possibilidade de precipitação. Mas com aquelas coisas boas de ser impulsiva e espontânea e generosa nos afectos e de gostar muito de conduzir rápido e sozinha:) Em busca de um bocadinho de precipitação.
Quando escrevi este texto, senti uma inveja boa de uma tarde que descreveu há uns dias no seu blog. Com chuva e gatos. Pode ser que um dia destes haja uma tarde dessas aqui no continente. Por agora, parece só que se está em Agosto. Sem a parte de estar de férias:)
Um beijo para a ilha onde nunca passa muito tempo sem que chova.
Mar
Sim o seu email chegou sem problemas. Obrigada.
ResponderEliminarPor aqui a chuva e o frio continuam e hoje admito que atrapalharam... pelo menos no que concerne aos planos que tinha o meu "dois palmos" (esta semana estava agendada a ida para a floresta no infantário... mas pelo menos hoje com a chuva tal não foi possível).
Votos de chuva de noite e sol e tempo ameno durante o dia, para continuar a poder fazer almoços no jardim