Dias com sol. Lá fora, muito sol. E uma casa fresca. De pedras com memórias dentro. Mas assim, com tanto sol, é quase um imperativo que a mesa seja lá fora. Enquanto houver sol. Que não magoa, de impiedoso. Que faz com que apeteça prolongar. A mesa. E depois da mesa. Uma tarde inteira a prestar um culto luminoso. A um dia de sol. Que começou no momento em que a mesa surgiu. A decisão imperativa. Depois os pratos. Depois os talheres. Depois flores brancas oferecidas pelo meu filho. Depois um copo azul. Só por ser lindo e merecer estar ao centro. Tão imediata, a mesa imperativa que prestou culto a um dia de sol. Quando a mesa está posta, a outra decisão imperativa. Esta:
Bacalhau gratinado com espinafres
2 lombos de bacalhau (usei congelados) + metade de um pimento vermelho + 2 cebolas médias + espinafres q.b. + azeite, sal, vinagre e noz moscada + molho béchamel + queijo mozzarella.
Leva-se o bacalhau ao lume e deixa-se começar a ferver. Assim que começa, desliga-se e deixa-se estar na água durante dez minutos. Assim, as lascas ficam perfeitas. Reserva-se e faz-se o refogado. A cebola às rodelas, o pimento em cubos, azeite e um pouco de vinagre. Quando a cebola estiver translúcida, junta-se as lascas de bacalhau e envolve-se com cuidado (para não desfiar). Junta-se o molho béchamel e os espinafres. Envolve-se tudo muito bem e acrescenta-se sal e noz moscada. Coloca-se num prato de ir ao forno e cobre-se com o queijo. E vai a gratinar. Serve-se acompanhado com batatas fritas em palitos.
Nevermind é por causa da música. Aquela que chegou há vinte anos e mudou tudo. Nos dias de sol, apeteceu recuperar os Nirvana. In bloom. Something in the way. E mais. Nevermind.
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós” (Antoine de Saint-Exupery).
ResponderEliminarUm beijo da Nita.
Gostei de ler sobre o seu ritual :) Que é tão parecido com o meu :) Como sabe, partilhamos esse gosto pelas refeições no exterior. Este sábado, houve um lanche muito especial no meu jardim. Amigas virtuais que passaram a ser de carne e osso. Lembrei-me de si. E de como gostaria que estivesse estado connosco :) Um beijo e boa semana.
ResponderEliminarP.S.: Gostei do nome que escolheram para o gatinho. Milky soa-me muito bem. Um nome ternurento. Uma festinha para o Milky :)
Que mesa tão bonita. O azul está a invadir o teu mundo... o céu à tua mesa ;) Com azuis que se encaixam. O bacalhau também ficou muito apetecível... usas a mesma técnica que eu para cozê-lo de forma a lascar. Fica perfeito, não é? Um beijo num dia que para ti é comprido.
ResponderEliminarBabette
Olá Nita:
ResponderEliminarMuito lindas, as palavras que deixou. Obrigada. Pelo prolongamento muito belo que deu.
Um beijo.
Mar
Olá Ilídia:
ResponderEliminarPartilhamos essa e outras coisas, pelos vistos. E adoraria ter estado à sua mesa. Deixar de ser virtual. É longe, não é? Mas é tão bonito ter-se lembrado de mim nessa circunstância especial. Uma maneira de o longe ser perto de repente.
Ainda bem que o nome do gatinho foi aprovado. E que o acha ternurento.
Um beijo.
Mar
PS: Vou amanhã ao seminário sobre Fernando Pessoa em Lisboa. E também me vou lembrar de si. Está a ver como são estas coisas virtuais?:)
Olá minha Babette:
ResponderEliminarNem imaginas o quão longo foi. Tanto, que até pensei que não viria aqui. De tão cansada. Mas sim. E ainda bem:)
Muito azul, sim. Uma cor que é de coisas que não acabam, acho. O céu, o mar. Coisas assim. À mesa em fragmentos que podem quebrar-se.
Esta técnica é infalível. Não me recordo com quem aprendi. Mas faz mesmo com que as lascas fiquem perfeitas.
Um beijo de final de dia longo:)
Mar
Gosto dessa ideia de nevermind, de não haver regras, de vez em quando, de tudo ser feito ao sabor da corrente ou da brisa e mesmo assim sair tudo bem, como esta tua mesa, este teu (mais um) momento!
ResponderEliminarE gosto do outro, aquele que já tem 20 anos, que mudou toda uma geração, a minha, pela irreverência, pela coragem, aquele que ainda hoje ouço e me faz voltar a ser teenager...e que por mais anos que passem, me trará sempre à memória aquele bebé, nadando em busca de uma nota americana... ;)
Sei que sim, que o outro Nevermind é até mais da tua geração:) Eu descobri que havia os Nirvana aos catorze. Uns anos depois de terem aparecido. E as coisas nunca mais foram as mesmas. De ouvir sempre, não é? De parecer que não se gasta. Por não poder ser datado ou circunscrito a uma idade ou a uma altura.
ResponderEliminarUm beijo.
Mar
PS: O António adora Nirvana:) É assim como a mãe.