O caminho até à Pena está sempre entre dois extremos: deslumbra e corta a respiração. Até começarmos a descer até esta aldeia que me é tão especial, a amplitude majestosa da serra. Já fiz este caminho tantas vezes e sempre a sensação de ser uma coisa de primeira vez. Como se nunca tivesse respirado ali. A vegetação parece um manto. E até que a analogia está certa, porque a serra é uma espécie de rainha. Permite a nossa presença, assiste à nossa passagem e às nossas paragens inevitáveis, porque há ângulos em que não dá mesmo para seguir sem mais. É tão bonita, que temos de parar. Ouvir bem o vento que só lá em cima. E sim. O silêncio. Tanto e tão em estado puro. A seguir, a sinalética diz-nos que temos de escolher. Seguimos o percurso da serra ou podemos começar a descer o caminho íngreme até à Pena. O tal caminho de cortar a respiração, de impossível. Mas não é nada impossível. É o caminho quotidiano dos sete habitantes da aldeia da Pena. Entre esses habitantes, duas crianças. A vida a renovar-se seja onde for. Atravessamos uma mancha densa e improvável e fresca de sobreiros, ouvimos a água a cantar nas fontes à beira da estrada, pensamos que em determinados pontos não vai dar, que não se consegue chegar ao fundo daquele vale. E depois sim. Chegamos. E respiramos fundo, com a sensação de termos vivido um extremo qualquer que nunca há-de sair-nos da memória.
Creio que dá para perceber que adoro este sítio. A aldeia em si. E tanto, tanto o caminho até lá. Às vezes, vamos muito longe, para viver não sei o quê que parece que nos falta sempre. Outras vezes, basta fazermos uns quilómetros escassos e, sem mais, sem pretexto, estamos num sítio que nos reconcilia com o que fomos/somos/queremos ser. Dizem que estas serras à volta são mágicas. Há palavras que têm dentro ainda mais imaginários. A palavra magia é uma dessas palavras. Mas há mesmo qualquer coisa de mágico, ali. Há mesmo qualquer coisa de muito superior e de muito incompreensível naquele caminho sinuoso que nos leva até à aldeia da Pena. A começar por algo muito terreno, muito racional: como é que há muito tempo alguém decidiu ir viver para ali? Um lugar que parece só difícil, só impossível. Mas quando chegamos, percebemos que há ali uma noção do tempo e da vida muito próximas do que o tempo e a vida deviam ser. E que o difícil pode bem tornar-se um lugar com espaço para se ser forte, resiliente, inventivo e, muito importante, viver (bem) com o que a vida e cada um dos lugares das nossas vidas nos dão.
Nesta página, a aldeia da Pena. Finalmente aqui. Pouco antes das votações de domingo, nas 7 Maravilhas de Portugal. Com as imagens e com o lugar, um apelo em nome da aldeia linda com 7 pessoas. Deixo este vídeo e o link para a página onde no domingo será disponibilizado o número para votar na Pena. Para quem quiser/puder ajudar. E a melhor das sortes para a aldeia da Pena.
NB: Neste post, nem todas as fotografias são minhas. Entre a 4ª e a 12ª foto, pertencem ao GTT de São Pedro do Sul. Obrigada à Sofia Ferreirinha Rocha, ao Luís Alves, ao José Pedro Correia e ao Paulo Matos.
A música é dos The XX. Limpa e livre. Assim como o oxigénio da serra.
Nesta página, a aldeia da Pena. Finalmente aqui. Pouco antes das votações de domingo, nas 7 Maravilhas de Portugal. Com as imagens e com o lugar, um apelo em nome da aldeia linda com 7 pessoas. Deixo este vídeo e o link para a página onde no domingo será disponibilizado o número para votar na Pena. Para quem quiser/puder ajudar. E a melhor das sortes para a aldeia da Pena.
NB: Neste post, nem todas as fotografias são minhas. Entre a 4ª e a 12ª foto, pertencem ao GTT de São Pedro do Sul. Obrigada à Sofia Ferreirinha Rocha, ao Luís Alves, ao José Pedro Correia e ao Paulo Matos.
A música é dos The XX. Limpa e livre. Assim como o oxigénio da serra.
Sem comentários:
Enviar um comentário