Branco analógico.







Uma toalha branca é uma espécie de símbolo. Nos imaginários comuns, espera-nos sempre uma mesa branca. Sem vincos. Completamente lisa. Guardanapos também brancos. Dobrados com muito cuidado e colocados no lado esquerdo do prato. Ao branco inicial regressa-se sempre. Mesmo que se goste muito de cores, como no meu caso. A questão é que até posso cansar-me momentaneamente de um turquesa, de um motivo exuberante ou étnico. Mas nunca de uma toalha branca. Olho e parece-me sempre bem. Assim como acontece com os básicos, nas coisas de vestir, numa analogia adaptada.

Creio que já falei algumas vezes da minha poesia pragmática. Também se aplica a isto das toalhas brancas e da vontade de não querer ter grandes maçadas a tirar nódoas e coisas do género. Acho que devemos poupar-nos, para podermos gozar bem a nossa vida:) Por isso é que os meus guardanapos e toalhas brancos são das linhas concebidas para hotelaria. Algodão irrepreensível, preparado para lavagens diárias a temperaturas elevadas, resistente. Basta imaginar o número de vezes que serão lavadas as toalhas brancas dos nossos restaurantes preferidos, para perceber a dimensão do pragmatismo da minha poesia que não está para se chatear:) Costumo comprar aqui. Um dos meus lugares em Lisboa e que um dia será uma destas páginas.

A propósito da mesa branca, uma daquelas comidas que cruza universos de uma maneira muito feliz.

PS: Para eliminar os vincos por completo, ponho a toalha na mesa e passo-a a ferro outra vez. Impecável e imaculada, como devem ser as toalhas brancas:)

Frango Teriyaki com aipo e cenoura

4 peitos de frango do campo + 1 cebola + 3 dentes de alho + 2 talos de aipo + 2 cenouras (médias) + sumo de 1 limão + metade de 1 pimento amarelo + metade de 1 malagueta vermelha + 1 copo de vinho branco + 1 copo de molho Teriyaki + sal, azeite, coentros e pimenta preta q.b.

Parte-se os pedaços de frango em pedaços e coloca-se no tacho onde vão ser cozinhados. Tempera-se com sal e sumo de limão e envolve-se logo. Depois, junta-se a cebola, os alhos e a malagueta picados. A seguir, o aipo cortado e a cenoura em palitos, o pimento em cubos e coentros picados. Envolve-se uma vez mais. Por fim, o copo de vinho branco, metade do copo do molho Teriyaki, um fio generoso de azeite e pimenta preta moída na hora. Se houver tempo, deixa-se repousar neste tempero durante uns quinze minutos. Se não houver tempo, está bem na mesma:)

Vai ao lume durante meia hora, mexendo-se de vez em quando. No último minuto, acrescenta-se a outra metade do copo de molho Teriyaki e mais coentros picados. Mexe-se mais uma vez e serve-se sem que apure mais. Este úlimo detalhe é importante, porque da primeira vez que fiz isto, o sabor ficou demasiado intenso e quase não se sentia outra coisa que não o molho Teriyaki.

E a música que fez com que aos 14 anos fosse procurar mais música dos Massive Attack. Sabia que iria gostar sempre. E estava certa:)

6 comentários:

  1. Bom dia Mar,

    O seu post remeteu-me para a série "Dowton Abbey", da qual gosto muito, por causa das mesas imaculadamente postas e imaculadamente brancas!

    Palavra de honra que imaginei os duques a comer frango com molho teriyaki!

    Também concordo que motivos e cores mais vivas são só para de vez em quando, cansam mais.

    Na parte de descomplicar é que não convergimos, a minha tendência natural é para me sobrecarregar.

    Por isso lhe pergunto: faz o molho teriyaki ou compra já feito?

    Num dos livros de cozinha que tenho existe a receita deste molho.

    Nunca experimentei mas, parece-me que é daquelas coisas que transforma a refeição como se fosse magia!

    Posso perguntar como faz o arroz de cebola roxa? Eu gosto muito de arroz e ando sempre à procura de novas receitas.

    Hoje fiz o abastecimento de frutas e legumes e trouxe aipo, para experimentar na sopa.

    Um beijo do Sul, hoje com Sol (espero que se mantenha no fim - de - semana!)

    Sandra Martins







    ResponderEliminar
  2. Branco é branco. Ponto final. Apesar das cores todas sempre que apetecer. Há tantas mesas para pôr que podemos ir usando as cores todas que há no mundo. De vez em quando regressar aos básicos sabe bem. Depura. Descansa a vista. És exímia com as mesas brancas. E o teu homem gosta sempre ;)
    Beijo!
    E bom fim-de-semana
    Babette

    ResponderEliminar
  3. Olá Sandra,

    Com as devidas distâncias, o cuidado com os detalhes será o desse imaginário. Para além disso, aprendi a pôr a mesa obedecendo mais à formalidade britânica. Ficou e não há volta a dar:)

    Compro o molho Teriyaki completamente pronto:) o arroz de cebola roxa de que está a falar é o meu arroz com molho inglês. Desde que tive essa ideia, o arroz solto é sempre esse.

    Espero que tenha gostado do creme de legumes com aipo.

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar
  4. Olá Babette,

    Nem mais. O branco é sempre lindo. E é assim uma página em branco. Dá para escrever com as cores que quisermos.
    E sim. O espírito do Vasco é mais minimal. Mas ele diz que aprendeu a gostar das mesas com cores desde que eu ando por aqui:)

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar
  5. Tudo começa com uma toalha ! Gosto tanto desta tua maneira eficaz e simples de fazer, de contar o ritual, que se repete vezes sem conta, mesmo por nós, todos os dias. Pôr a mesa.
    Adorei o site da loja, mas antes o nome da loja, só tu para descobrires este lugar em Lisboa. Paris em Lisboa ! Tem os básicos, os brancos, as mantas, os cobertores polares com cores sóbrias que nunca se encontram, ... ainda estou a explorar :) Tks !
    Beijinhos grandes.

    ResponderEliminar
  6. Olá Pipinha:

    Dizes bem: ritual. Com aquela coisa boa de todos os dias. Como esta mesa. A de um dos dias da semana passada.
    A Paris em Lisboa é um templo. Fica ali bem no centro. Tens de ir, da próxima vez que fores a Lisboa. Vais gostar imenso, que eu sei:)

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar

AddThis