Ainda Lisboa.




Vou explicar: estava a ser um dia horrível. De certeza que toda a gente já passou pelo mesmo. Um daqueles dias em que parece que tudo conspira para que a vida nos corra bem mal. E claro, chuva. Chuva o tempo todo. Uma viagem sem um bocadinho de céu livre de água. E uma entrada em Lisboa a roçar o suplício, de demorada. Por isso, a minha ideia de ir conhecer um restaurante novo nessa noite foi remetida para uma altura em que o cenário não fosse tão desastroso. Diz-me a experiência que fazer experiências nestas circunstâncias pode ser só o culminar de uma sequência de más opções. Quando estou nesses impasses, sei que devo ir a um lugar seguro, certo, onde as coisas corram bem e pronto:) No meio do trânsito parado, um telefonema rápido e estava resolvida a questão de tudo poder ser pior e ter um mau jantar.

Há muito que andava para transformar este sítio numa destas páginas. Mas acontecia sempre qualquer coisa. Fotografias péssimas, máquina esquecida num quarto de hotel, almoços entre coisas a acontecer e falta de tempo. Mas este lugar é tão de confiar, que tinha mesmo de existir aqui. Comida honesta, matéria-prima óptima, a simpatia e eficiência de quem trabalha ali. Não é sítio para nos deslumbrarmos com a estética. É assim de nos concentrarmos no mais importante: comer bem. Nunca saí dali insatisfeita ou a achar que devia ter ido a outro sítio. E há anos que acontece assim. Tanto, que acabou por salvar um dia bem complicado. Eu sabia que este lugar não iria desiludir-me:) À saída, reparei que não havia chuva e que uma das luzes da rua parecia uma lua bem bonita. E estava tudo bem. Pensei mesmo assim. Está tudo bem.

Fica mais uma ideia (boa de viver) em Lisboa, que a Páscoa traz consigo promessa de uns dias em que interrompemos umas coisas para dar lugar a outras. Seja o que for, que seja bom. E esta música. Boa de ouvir num dia mau em que parece que tudo está nos lugares errados.








12 comentários:

  1. Os dias de ontem e o de hoje também foram difíceis para mim. Mas já passaram. Esta pausa da Páscoa vai-me fazer bem, estou segura disso.
    É tão bom encontrarmos conforto num lugar ou num simples prato de comida. Melhor, por vezes, do que nas pessoas.
    Parece que vim acabar o dia no lugar certo :)
    Boa noite.
    Maria

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  2. Plenamente de acordo, um restaurante que nunca nos desilude!

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  3. Bom dia Mar,

    O meu comentário é que se poderia intitular de "Mais um código postal".

    Para quando for a Lisboa, com mais ou menos tempo, um sítio onde se come. Mesmo.

    Sem ser daqueles onde se aprecia muito o empratamento mas, não são a solução para um dia difícil.

    Realmente, algo tão simples como um prato de comida faz milagres!

    Em resposta à sua resposta no post anterior e se permitir a ousadia, faça por conhecer os Açores!

    Tal como disse, vou voltar ao Funchal apenas para estar com amigos.

    Não é que não tenha gostado mas, a Madeira é mais cosmopolita, mais turística.

    Nos Açores deixei o coração e quero voltar! É tudo genuíno: a paisagem e as pessoas.

    Um beijo do Algarve, neste já meio de semana.

    Sandra Martins

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  4. Obrigada por mais este código ;)
    Como ontem te falei, acho que assim o Zé vai querer ir lá. Ele é tão dos sítios do costume... por tudo o que tu dizes, aliás. É que nem sempre as incursões por sítios novos correm bem. E saber o que se deixou de fazer por causa disso é ainda mais desolador ;)
    Uma ode às proteínas ;) Vamos nisso!
    Babette

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  5. Olá Maria:

    Espero que sim. Que lhe faça bem, essa pausa. Parece estar a ser necessária.
    E sim, a comida acaba por ser um conforto mais seguro. Nisso das pessoas, afaste-se das más e faça montes de comida para as boas:)

    E fico feliz por ter vindo acabar um dia difícil aqui. Com um sorriso e tudo:)

    Beijo.

    Mar

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  6. Olá TCC,

    Nem mais:) Bom haver restaurantes assim. Que não falhem.

    Mar

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  7. Olá Sandra:

    É muito honesta, a comida deste restaurante. Agradecemos estar vivos e podermos ter uma refeição tão próxima da essência das coisas. E sim, completamente garantida a parte de não nos falhar. É sempre assim.

    E quero conhecer antes os Açores. Não só por causa das razões de que todos me falam, mas também pelo carinho que tenho por algumas pessoas daquelas ilhas. Hei-de voar até lá, sim:) Obrigada pela sua sugestão.

    Um beijo para si. Que esteja a correr bem, a sua semana.

    Mar

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  8. Olá Babette:

    Quase que aposto que o teu homem vai gostar deste lugar ainda mais do que tu:)
    Percebo isso de não lidar bem com restaurantes que geram expectativas e que depois falham. Por isso é que deixei cair a minha primeira hipótese e liguei rápido, para garantir mesa e comida que sabe mesmo bem:) Vou depois ao outro lugar. Depois de um dia lindo e cheio de sol:)


    Um beijo.

    Mar

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  9. Olá Mar,

    Julgo saber a quem se refere quando fala de pessoas dos Açores por quem tem carinho.

    Eu cheguei à "cozinha" da Ilídia através do blogue da Babette, desenvolvi os mesmos sentimentos que os seus e fiquei por lá.

    "Encontramo-nos" lá frequentemente.

    Também gostaria muito de ter o privilégio de conhecer a Ilídia pessoalmente mas, acho que isso não vai acontecer.

    Noto que existe um certo receio por parte de quem tem blogue relativamente a quem não tem.

    Se calhar é medo de conhecimentos através da Internet ou um mecanismo de defesa, caso surjam abusos de confiança ou, ao contrário, afastamentos.

    Mas, quem sabe?

    Já me aconteceram tantas coisas que nunca esperei que acontecessem! Algumas más mas, outras muito boas!

    Como estar aqui a escrever este comentário, por exemplo.

    Um beijo do Algarve para São Pedro do Sul,

    Sandra Martins

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  10. Olá, minha querida.

    Em dias difíceis, é sensato não arriscar muito. Nestes dias, queremos colo. E colo pode ser uma refeição feita por uma amiga (comi uma no sábado, preparada pela menina do primeiro comentário, que me soube pela vida :). Parece um lugar especial, este "Solar dos Presuntos".

    Um beijo para ti.

    Ilídia

    PS: Sandra, obrigada pelos elogios à minha terra :) Claro que terei muito gosto em conhecê-la. Aqui ou no continente :) Um beijo

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  11. Olá Sandra:

    A Ilídia. Sim. E outras pessoas de lá. Conheci a Ilídia aqui no Continente. Gostava de a ver no contexto dela. Há-de acontecer, que eu sei:)

    Em relação a esses receios ou constrangimentos, tenho ideia de que há várias opções ou modalidades. Posso falar só da maneira como vivo as coisas. Neste suporte e no outro, no que dá substância a este. E é assim muito simples, porque sempre fui do género de gostar de pessoas. De não ter medo de pessoas. Costumava pensar que, até prova em contrário, eram todas boas. Agora é num registo diferente: até prova em contrário, são más e hão-de fazer-me mal, se eu não tiver cuidado. Aconteceu sentir as coisas assim. Por más experiências, como em todas as vidas. Isso não implica deixar cair tudo. E, felizmente, não teve como consequência alterar a maneira franca como me dedico às pessoas que surgem/existem na minha vida. Estaria a contrariar profundamente o que sou, creio. Fizeram-me mal, só isso. Várias pessoas. De muitas maneiras. Algumas delas através das coisas que vou deixando aqui. No entanto, a minha determinação férrea em ser feliz e em viver a vida com uma intensidade sensível é maior do que todos os maus encontros. Os que já aconteceram. Os que estão para vir. Seja. Quero é ser feliz e estar longe do que é mau e pequeno e ensimesmado. Qualquer coisa de autofagia, na carne da maldade. A parte boa é que esse travo autofágico é a melhor das respostas que a vida dá ao mal. E eu quero é distância disto tudo:)

    Por isso, talvez haja circunstância para que coincidamos. Não se sabe, não é?

    A resposta foi mais longa do que pretendia, mas pareceu-me necessária.

    Um beijo. Dias bons para si. Hoje lembrei-me imenso de como sou feliz no meu Algarve:)

    Mar

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  12. Olá Ilídia:

    Bem que eu sabia que a Maria era do género de alimentar as pessoas de quem gosta e mandar as outras passear:)

    Este lugar é bem especial, sim. Parece-me que também irias gostar, pelo que conheço de ti. E sim, nada de arriscar, em dias maus. Não é preciso ajudarmos na contabilidade de tudo o que está errado, num dia mau, pois não?:)

    Um beijo.

    Mar

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