Paris. Como se fosse em casa.











Não foi a primeira vez em Paris. Mas foi como se sim. Por isto: habitei a cidade. Fiz compras de mercearia. Levantei-me bem cedo para ir comprar croissants na boulangerie perto de casa. Uma memória que estará sempre: ouvir os ruídos de início de dia em Saint-Germain-des-Prés, meio ensonada, respirar o ar fresco cá fora, mesmo antes de sentir aquele odor especial de padaria de bairro. Dizem que aquilo que vivemos não pode ser-nos retirado, não é? Mesmo assim. Venha o que vier, os primeiros dias deste ano já estão. E foram cheios de uma felicidade muito simples. Muito perto daquilo que mais me preenche. Eu sei que há as outras coisas todas das histórias de Paris. A monumentalidade. Os museus. Os lugares com montras cheias de jóias. Os outros cheios de roupa e sapatos e carteiras. Eu sei dessas coisas todas. E também gosto dessa beleza que é, apressadamente, desvalorizada. Mas também sei do meu encantamento ao fazer compras para o jantar. Como se Paris inteira fosse a minha casa. Creio que é (também) assim que uma cidade se entranha em nós.
Por isso, agora, já posso falar de Paris, que das outras vezes não podia. Não tinha sido feliz, lá. Não vinha aqui contar histórias. O critério, neste registo, é esse. Escrever e deixar imagens do que foi bom de viver. E desta vez foi. Muito bom e muito belo.
Ficam excertos de alguma da comida que fiz, nos primeiros dias do ano. Com felicidade dentro e brindes a bons inícios!

Caldo de cebola, bacon e feijão verde

2 cebolas + 1 tomate (sem casca e partido em cubos) + 3 fatias de bacon (cortadas em cubos pequenos) + uma mão cheia de feijão verde (partido em pedaços) + azeite, sal, água e pimenta preta q.b. 

Faz-se um refogado com a cebola, o azeite e o bacon. Deixa-se estar durante dois ou três minutos e acrescenta-se o tomate. Mais uns cinco minutos e junta-se água a gosto (mais ou menos até meio da panela que se estiver a usar). Tempera-se com sal e tapa-se, até ferver. Quando começar a fervura, acrescenta-se o feijão verde e deixa-se cozer (uns dez minutos). Rectifica-se os temperos (mais sal, um fio de azeite) e serve-se, com o toque final da pimenta preta.

Com a receita de um caldo reconfortante, o Inverno feito música. Uma das minhas estações preferidas de Vivaldi. Tem os ingredientes todos. Música com os ingredientes todos.

12 comentários:

  1. Tão linda esta tua nova história em Paris...

    Bom ano!


    kissssssssssss

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  2. Tão bom viver estes lugares míticos como sendo nossos! Poucas vezes tive essa possibilidade, cozinhar num sítio onde se está de passagem, em viagem. Mas na Suiça aconteceu. E agora que te leio, percebo que é o local que sinto mais ser a minha casa, para além deste nosso retângulo.
    Que bom que foste feliz em Paris. Terás sempre Paris!
    Um abraço,
    Guida

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  3. Olá Sophy:

    Bom ano para ti! Trouxe um presente tão amoroso para a tua bébé. Branco, em vez do rosa. Depois vês:)

    Carinho para ti e para a barriguinha:)

    Mar

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  4. Olá Guida,

    Já tinha acontecido em Sevilha, há uns anos. Num contexto diferente. Ainda assim, aquele Sul também tem qualquer coisa de habitação, para mim.
    E foi assim que senti. Que estava em casa. Paris e a carga mítica eram só distantes, até esta viagem. Terei sempre Paris, então. Como no cinema:)

    Bonne année, Guida!

    Mar

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  5. Hoje caí aqui porque ... também hoje descobri a Babette.
    Este "Paris. Como se fosse em casa", levou-me de volta a um lugar onde já fui muitas vezes feliz e espero voltar a ser outras vezes.
    Esse é o verdadeiro sentir da cidade :)

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  6. Olá Custódia:

    Bem-vinda, então:) E fico feliz por ter despertado coisas boas da sua história de Paris. Que seja feliz lá mais vezes, sim.
    Foi muito de sentir, esta viagem. Nada me foi distante ou abstracção. Uma viagem interior inesquecível, em Paris.

    Bom ano!

    Mar

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  7. Vi de um fôlego só os teus registos de Paris. Estava cheia de vontade de ver de novo a cidade, e os teus olhos e as tuas palavras trazem-na linda.
    E foi assim como tu quiseste. Paris abraçou-te !
    Comida simples, de um viver simples da cidade. Lindas as fotografias da tua comida em louça branca. Lindas as cores dos legumes e das frutas, linda a pouca luz do restaurante em noite de chuva.
    Lindo. Parece que dei lá um salto e provei o teu caldo de cebolas. Mas o que mais me deu vontade de voltar foi o cheiro da padaria de bairro, e o despertar da cidade, bem fresco.
    Fico contente, pela tua alegria em Paris, tu sabes !
    Um beijinho grande ;)
    da Pipinha

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  8. Tinhas-me dito que ias fazer comida. E fizeste :) E comida daquela que conforta só de olhar. Gostei de espreitar as luzes de Natal, através da cortina do teu "appartement" na Rive Gauche:)
    E estou a ver que o gosto pela cozinha japonesa ficou :)

    Um beijo,

    Ilídia

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  9. Olá Pipinha:

    Agora já depois de termos estado, na sequência de Paris. E sim, enquanto tiver memória, hei-de lembrar-me sempre desse ar fresco, antes dos croissants da manhã.
    Gostei tanto de ter voltado a dar colo ao teu Pedrinho. E de lhe dar a papa pela segunda vez:)

    Um beijo grande.

    Mar

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  10. Olá Ilídia:

    Acreditas que me apeteceu sushi daquela maneira quase incontrolável?:) Ficou sim. Uma das coisas boas de 2013. Acertei agulhas com a comida japonesa:)
    Fiz comida. Muita. Até pequeno-almoço:) Neste lugar especial na Rive Gauche com luzinhas de Natal e tudo.

    Um beijo grande.

    Mar

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  11. Que lindo ;)
    Descreveste-me quase tudo mas não falaste do sushi! Que bom que fizeste as pazes com a comida japonesa. Talvez tenha contribuído para essa 2ª oportunidade. Estou "addicted"... Rara a semana em que não como...
    A ideia de sopa de cebola e espargos verdes comidos assim, preparados por ti, é tão romântica. E o risotto de vinho tinto (um bom vinho francês, aposto ;) e bacon parece-me divinal. Ser feliz em Paris, então. E tornar tua essa cidade. Apropriada. Com o registo grato de memórias felizes.
    Beijo!
    Babette

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  12. Esqueci-me de falar do meu desejo repentino de sushi:) Mas foi mesmo assim. Este ano que terminou foi o de dar uma segunda hipótese à cozinha japonesa. E foi através do Miguel Esteves Cardoso e do (fabuloso) Ichiban:) Ainda bem que sim, que era uma parvoíce enorme estar presa a uma impressão de há dez anos atrás.
    Gostei tanto de fazer estas coisas e todas as que não fotografei. Tanto. O vinho era francês, sim. Mas a fotografia ficou péssima:) Confiei no critério do Vasco e na Cave du Sénat, bem perto do nosso sítio em Paris.

    Um beijo.

    Mar

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