Todas as coisas impossíveis.








Nos últimos dias, pensa-se mais nas coisas impossíveis. Nas coisas que foram sendo impossíveis, à medida que vamos vendo que não adianta ou que não importa ou que não porque não. Se calhar, as coisas impossíveis são aquelas em que deixamos de acreditar. Deve ser por aí. Aquelas que deixamos cair, depois de tentar muito. O processo de deixar cair, deixar ir, deixar morrer, é sempre um processo de perda. Nunca se ganha, quando é assim. Só fica para trás o que dedicámos. Bem que a música diz para termos cuidado com o que damos.
Imagens com dias cheios de papéis e um carinho especial por alguns erros alimentares:), no meu último dia de trabalho. Horas em frente a um computador dão nisto, ocasionalmente. E o olhar concentrado em documentos sem metafísica, também. Mas é curioso pensar nos sentidos maiores das palavras que vivem em objectos quotidianos. Essa ideia do "todos os dias" faz com que nem olhemos. Hoje olhei. Sabe-se lá porquê. Para a palavra delete. Até que era bom. Um delete e estava. Não havia sinal de nada do que esteve/está  errado em nós. No universo próximo, distante. Depois, fazia-se um enter. A partir daí, era só uma seta a apontar para a utopia de um dia lá para a frente. As ressonâncias poéticas de um teclado quotidiano e sem metafísica:)
Para assinalar, uma daquelas comidas que sabe pela vida, no fim de dias que nos cansam. Um refogado de legumes. Para ser feito ao ritmo do que houver ou do que nos apetecer. Com arroz branco. E um ovo escalfado, se assim entendermos. Tudo a ser uma espécie de recompensa por se sobreviver à vida. E cortar vegetais tem um quê de terapia. Quando é preciso pensar nas coisas impossíveis que achámos possíveis, este exercício ajuda a pensar que há coisas piores. Que o difícil é sempre tão relativo e diverso. E depois, o fundamental é mesmo conservarmos alguma da nossa ingenuidade, como caminhar com cuidado para não pisarmos margaridas espontâneas. Enquanto for assim, vai correr tudo bem. E que triunfe a parte das margaridas espontâneas:)  

Refogado de legumes com ovos escalfados

1 cebola + 2 dentes de alho + 2 courgettes + 2 cenouras + 1 pimento vermelho + 200 g de rebentos de soja + 150 g de bacon + 1 tomate + 1 colher (de sobremesa) de Maizena Express + ovos, azeite, sal, vinagre de sidra, coentros e pimenta preta q.b.

Começa-se por cortar as courgettes, as cenouras, o bacon e o pimento em cubos pequenos. Reserva-se. Entretanto, leva-se ao lume a cebola e os dentes de alho picados, num pouco de azeite. Deixa-se, até que a cebola fique translúcida. Acrescenta-se depois o bacon e o pimento e deixa-se estar durante um minuto. Depois, o tomate, as cenouras, as courgettes e os rebentos de soja. Tempera-se com um pouco de sal, mais azeite, vinagre de sidra e coentros. Acrescenta-se um pouco de água, fecha-se e deixa-se refogar durante cerca de 15 minutos. Para espessar um bocadinho o molho, junta-se a colher de Maizena e mexe-se. Pouco antes de retirar do lume, acrescenta-se os ovos e deixa-se durante cerca de 3/4 minutos. Serve-se com arroz branco. Como nas imagens. Quando está no prato, polvilha-se com pimenta preta.

 E mais música. Com uma expressão linda a servir de título. Algures pelos três minutos, dá para um "dance yourself clean" explosivo. Banda sonora de uma interrupção breve. Para mar. Até ao regresso, então.

8 comentários:

  1. Boas férias minha querida!! Sabe bem desligar de vez em quando!
    Um beijinho!

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  2. Esses dias são mais suportáveis com comida como essa. Toda a terapia de muitos legumes cortados em pedaços pequeninos ;) Desejo-te dias felizes. Bons. Cheios das coisas que te façam bem. Um beijo grande!
    Babette

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  3. Depois de um fim de semana cheio, das coisas que tu sabes, das festas, dos biscoitos para a tendinha, das pessoas que quis encontrar e rever, para mostrar o meu Pedro, depois das festas com ele. Depois de tudo isto venho ler-te. Sabia que haveria textos teus e fotografias para ler. Percebo.
    E no fim, também não resistia a uma embalagem colorida com o que fosse lá dentro, desde que com chocolate, para fazer companhia a mim e ao computador.
    Bons dias de mar !
    Um beijinho grande !

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  4. Minha querida,
    neste momento já estás no sul, a descansar destes dias cheios de papéis e de coisas "sem metafísica". Aproveita-os bem. Que saboreies cada bocadinho, para que as memórias deles apaziguem aqueles dias mais cinzentos, de outono e de inverno.
    Gostei do teu estufado. Tenho feito muitos, ultimamente. Muito vermelhos, com tomate :)

    Beijos para ti e para os teus rapazes.

    Ilídia

    PS: Já regressei ao trabalho. Tudo calmo, nesta altura. E ainda dá para uma horinha de praia, ao fim da tarde :)

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  5. Obrigada, Vera. Desligar tem sabido bem:)

    Um beijo para ti.

    Mar

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  6. Estão a ser dias felizes. Muito longos e cheios. E sim, também com isso de cortar legumes em pedaços pequeninos e simétricos:)

    Um beijo.

    Mar

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  7. Olá Pipinha:

    A estreia do Pedro pequenino nas Festas do Castelo. Devem ter chegado exaustos a casa:) Há anos que não. Estou sempre aqui, nessa altura. Pomos a conversa em dia quando eu chegar:)

    Um beijo.

    Mar

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  8. Olá Ilídia:

    Acho que nunca quis tanto esquecer as coisas sem metafísica.
    E estou a viver cada bocadinho de sul. A acompanhar obras em casa pelo telefone. Falta pouco:)

    Um beijo.

    Mar

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