Chloé.




























Uma pedra pode ser uma pessoa. Mesmo que a pessoa já não exista. Com tudo o que isso encerra de nunca mais. A questão é que permanece. É como se nunca mais pudesse morrer, no fundo. Vida feita mármore branco. Pelo rosto, pelo desenho dos ombros, um nome inventado. Chloé. Uma sílaba de mármore branco. Linda, ela. Pertence à galeria, agora. Uma daquelas coisas fulminantes de primeiro olhar. Do olhar que ama as pedras desde que se entende. Nada de ciúmes. Nada de a ter como rival. Não possuímos ninguém. Não possuímos nada. Nem mesmo as pedras. Mas tinha de vir para aqui. Como se aqui tivesse vivido antes de ser pedra. Cenário de uma refeição breve de final de tarde. Dizem que estas coisas de final de tarde ficam bem com vinho branco muito fresco. Eu gosto assim. De coisas destas de final de tarde com vinho tinto. A antecipar jantares em dias de calor.

Tarte de alho francês e bacalhau

1 posta média de bacalhau + 1 embalagem de massa quebrada + 2 alhos franceses + metade de um pimento vermelho + 1 pacote de natas + 1 gema de ovo + sal, pimenta, salsa e azeite q.b.

Coze-se a posta de bacalhau (se for congelada, desliga-se o lume assim que ferver a água e deixa-se estar dez minutos). Reserva-se, depois de se desfazer em lascas. Faz-se o refogado com os alhos franceses cortados em rodelas finas, o pimento e o azeite. Um pouco de sal e pimenta e depois o bacalhau. Nesse momento, desfaz-se ainda mais, com a ajuda de uma colher de pau. Junta-se depois as natas e quase logo a seguir, a gema de ovo. Integra-se tudo muito bem e rectifica-se os temperos. Verte-se a mistura na massa quebrada (previamente picada com um garfo) e salpica-se com salsa. Vai ao forno durante 20 minutos.

Com a tarte que se faz como se disséssemos um nome que é uma sílaba, ela. Chloé.

6 comentários:

  1. Linda esta pedra - pessoa. Que tem nome, que tem um lugar na tua casa, um sitio que foi escolhido para ela. E então permanece, e seguirá pelo tempo.
    E tem presença ela. Pela beleza da forma, pelas cores. Muito bonita a vossa Chloé.
    Perto de um copo de vinho e uma fatia de tarte de bacalhau, que me fez lembrar a lasanha de legumes que almoçámos, há dias, na tua casa, cá fora. Uma delícia !

    Um beijinho,
    da Pipinha

    ResponderEliminar
  2. Chloé na casa da Mar. Já pensaste que ela também se deve sentir feliz por estar numa casa tão bonita, com uma família linda e onde há tartes de bacalhau e vinho tinto? É uma Chloé feliz, agora. Mais ainda se pudesse deitar a mão à tarte. Ou ao vinho. Ou talvez a ambos, parece-me...
    Beijos a caminho da Invicta e mui leal cidade.
    Babette

    ResponderEliminar
  3. Uma das paixões do teu Vasco :) As pedras, não é? Linda, a Chloé. E lindo, o nome. Gostei imenso da primeira fotografia (já te disse que acho que tens imenso talento para a fotografia, não?:) Claro que também gostei da última. A tarte e o vinho tinto. Mesmo que os peritos digam que seria mais apropriado um branco. Subverter, sempre!
    Beijo de bom fim de semana.
    Ilídia

    P.S.: Ontem andei a comprar sapatos. Numa sapataria linda, na Praia da Vitória. Daquelas que têm obras de arte nas prateleiras. Lembrei-me de ti ;)

    ResponderEliminar
  4. Olá Pipinha:

    É a minha preferida. Aqui não dá para lhe ver o rosto nem o cabelo apanhado daquela maneira irrepreensível. Também me faz bem lembrar o nosso almoço de há dias. Num dia de semana. Nós as duas, uma lasanha de legumes e a nossa conversa.

    Um beijo para ti. De início de mais uma semana.

    Mar

    ResponderEliminar
  5. Olá Babette que estava a caminho do Porto:)

    Mais um round naquele outro lugar. Espero que tenha encontrado o seu lugar, a Chloé. Não nos imagino a abdicar dela, agora que sabemos que existe e que veio para aqui. Gosto que gostes daqui, sabias? Hás-de vir cá muitas vezes. Que te sintas sempre acolhida. Independentemente do cenário.

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar
  6. Olá minha Ilídia:

    Daí a ideia da rivalidade:) Sim. Uma das paixões persistentes do Vasco. Ando a ver se consigo nomes para estes rostos de pedra:) O dela foi imediato, assim que a vi. Ainda antes de decidirmos que tinha de vir connosco.
    A fotografia de que gostas muito foi tirada pelo Vasco. Eu devia ter dado notícia disso. Mas acho que foi como naquela passagem do Memorial do Convento "até que se perca o sentido do meu e do teu".
    Fazer o quê? Não me apetece vinhos claros. Só a franqueza declarativa dos tintos.
    Que tenhas visto sapatos lindos. E que estejam nos teus pés. Beleza aos pés da Ilídia:)

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar

AddThis