No dia de todos os poemas possíveis.







































Está por todo o lado. É indisciplinada. Escorre-nos das mãos. Pode estar numa parede. No chão que pisamos. Ou suspensa nos ramos de uma árvore. E em nós. Muito em nós. Por sermos versos, se calhar. Pode ser isto tudo, a poesia. E tudo o mais que ainda não foi dito. Todos os versos a haver.
Não é que eu ache bem que as paredes sejam para registar o que quisermos. Mas quando é assim. Quando se adivinha poesia no gesto subversivo que deu origem às mensagens. Quando é assim, acho que só sou capaz da comoção. Ou no limite, do registo. Das tais mensagens. Que podem ser mais ou menos óbvias. Mais ou menos encrípticas. Ainda assim, são palavras. E seja onde for que elas aconteçam, as palavras são as pessoas que as escreveram ou disseram.
Fica a poesia dos outros. A que encontrei pelas ruas. E muito a poesia dos meus alunos. Nos ramos de uma árvore. Cada um deles foi um verso. É um verso. Ali. Numa árvore. A ver se a poesia não é uma abstracção. A ver se não é para ficar fechada algures. Assim não. Está nas ruas. E nas bifurcações muito livres de uma árvore.

PS: Tem sido por eles. Pelos meus alunos. Não tenho estado aqui. Mas não é por coisas más. É para poder estar como preciso de estar nas coisas: inteira. E hoje estive aqui. Dessa maneira. No dia de todos os poemas possíveis.

6 comentários:

  1. Que boa ideia para comemorar o dia da poesia. Pendurá-la numa árvore. Fica acessível a todos e não estraga nada.
    É importante dedicarmo-nos às pessoas e às atividades que gostamos por inteiro, mesmo que isso signifique a ausência temporária noutros lugares.
    Um beijo

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  2. Também tenho estado ausente, por precisar de também estar por inteiro em outros lugares. Muito interessante sentir a existência de uma árvore que declama poemas, lançando sentimentos aos sete ventos.
    Um abraço
    Patrícia

    Obs. Não consigo comentar com o meu blogue pessoal. Tive de recorrer ao do receitas ao desafio.

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  3. O poder das palavras é infinito. Mesmo das que subvertem as paredes das casas ou das que se suspendem em árvores.
    Um beijo numa semana que te é grata.
    A celebrar tudo o que a Primavera significa.
    Babette

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  4. Olá Graça:

    Ficou lindo, sim. Poesia livre. Feita pela alegria deles. Por não estarem à espera. Não sei. A minha ausência temporária acabou agora mesmo. Há pouco. Depois de os vermos ir embora, para férias. Depois de uma semana cheia.
    Exausta, agora. Mas bem:)

    Um beijo de bom fim-de-semana para si. E obrigada. Foi bom chegar e ler um comentário seu:)

    Mar

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  5. Olá Patrícia:

    O vento levou alguns dos versos. E a sensação de isso ser ainda mais poético. Por irem para longe. Como se os versos deles pudessem disseminar-se ainda mais.
    Isto das ausências é assim. Estamos mais num lugar e menos em outros. Faz parte. Em todo o caso, o bom de parar. E de regressar. Só para dizer que tenho saudades de a ler:) A ver se resolvo isso já:)
    A Ilídia queixa-se do mesmo. E outras pessoas. Não conseguem comentar. Não sei. Se calhar, o meu blog também quis fazer greve ou assim:)

    Um bom fim-de-semana para si.

    Mar

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  6. É mesmo assim. Não acaba, o poder das palavras. E subversivas, de tão infinitamente livres.
    Muito grata, a semana. E absolutamente esgotante. Mas foi tão lindo, sabes? Hei-de contar-te os pormenores. Depois de estar quietinha e em silêncio. Hoje à noite vou para um Mosteiro. Há silêncio suficiente, não?:)Também te conto esta parte:)

    Um beijo.

    Mar

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