A vontade era de mar. Bastava estar perto do mar. Que todas as coisas desarrumadas regressariam às gavetas certas. Ou às estantes. Ou aos lugares todos onde arrumamos as coisas que estão fora do lugar. Este é o meu mar perto. E eu sei que não é o meu mar só por ser mais perto. Há outros perto, mas este é o que mais é uma casa. E gosto dele de todas as maneiras, como acontece aos que amam. Gosto quando está com nuvens negras a flutuar. Gosto quando está muito zangado e com muito vento. E quando invade a areia sem avisar. De vez em quando, o meu mar fica quieto. E deixa a areia em paz. Só até ao final do dia. Que aí, toma conta de tudo. Até ao dia seguinte. Em que desperta como se nada fosse.
Não me importa nada aquelas coisas que as pessoas dizem. Que é "desagradável". Que o mar sabe bem é com muito calor. E sem vento. Não importa nada. Basta uma capa de lã e deixa de ser "desagradável". E gosto assim. Que as ruas pareçam nuas de pessoas. Que as poucas que há, pareçam estar a fugir de alguma coisa, por causa do vento que varre tudo. Muito agasalhadas, com os rostos ocultados. A entrar rápido numa das casas às riscas. Vindas do mercado. Ou de outra casa às riscas. Um dos padrões da Costa Nova, as riscas. Mas aquilo de que mais gosto é da minha Costa Nova monocromática. Do azul que há atrás das casas às riscas. É essa a cor que mais procuro, ali. Por mais que goste das cores todas do mercado. Ou da estridência amorosa das mulheres das bancas de mármore cheias de peixes das águas frias. É só o azul. São só todas as possibilidades de azul.
E o mar resolve tudo. Guarda segredos que ninguém sabe o que são. Preserva em si as coisas que são de ficar. Que hão-de torná-lo mais mar. Devolve à areia o que não lhe interessa. E isto sempre da mesma maneira. Naquele movimento de água cadenciado. Sempre o mesmo. Fica com umas coisas. E deixa outras atrás de si. Quando lhe apetece, respira fundo e arrasa com tudo. Para que coisas que nunca existiram sejam erguidas. Também é bom assim.
O mar é um ótimo refúgio, o lugar ideal para arrumar o que está desarrumado. E concordo consigo, o "nosso" mar é agradável e bonito em qualquer altura.
ResponderEliminarQuando estive a tirar o curso, o que mais sentia falta era de ver o mar, que me habituei a vê-lo todos os dias enquanto crescia. E as vezes que fui a Aveiro sentia-me tão bem por estar próximo do mar, apesar de não ser o meu! Ainda bem que o mar leva coisas com ele, as que não interessam e que deixa as significativas e que fazem bem!
Uma coisa que temos em comum, o gosto pelo azul!
Já tinha saudades de a ler!
Um beijo com carinho
O mar para a'Mar, então! Beijo grande...
ResponderEliminarQue linda ode ao mar, ao seu que também é meu, que é nosso.Também gosto dele em todas as suas manifestações. Há que saber apreciar as suas dinâmicas respeitando-o sempre.Lembro-me perfeitamente quando em pequena o meu avô dizia:- Nunca vires as costas ao mar! E este aviso está sempre comigo como um alerta. De facto, o mar é algo poderoso e aí reside todo o misticismo que o envolve. Tanto pode ser um Adamastor furioso como um leito calmo e apaziguador que nos abraça.
ResponderEliminarPara mim é presença constante. Entra pelas janelas e portas da minha casa sem pedir permissão e em forma de brisa traz o rossio salgado peneirado pela vegetação verde. E lá ao fundo fica o horizonte com mais resto de mar infinito.
Muitos beijinhos para si e para o António (um pequeno grande homem já com 7 anos)
Desculpe-me pela falta de assiduidade que tenho registado ultimamente.
Patrícia
(nem sempre consigo comentar com o meu blog pessoal)
Que bom poder ter mar.
ResponderEliminarAdivinhei que ia haver mar aqui:) Pensei onde estarias, e lembrei-me do mar. Deve ter sido deste sol, e do calor das tardes que me lembrei do mar para ti. E nas vontades de mar de que às vezes falamos.
Foi bom abrir o blog e ver-lo.
O mar azul.
No fim de contas.
De todos os azuis,
de acordo com o céu.
Lindo texto.
Beijinhos com saudades,
da Pipinha
Que bom teres registado essa ida da Mar ao Mar. Um texto muito bonito sobre aquele que é imenso. O Mar. Que te tenha aberto perspectivas das coisas ;ª) E depois falamos, minha Mar.
ResponderEliminarBeijo
Babette
Olá Graça:
ResponderEliminarUm dado determinante e constante, o mar. A evocação do mar do seu curso fez-me pensar no meu mar dessa altura. E nos significados que viveram esse azul. Eu e os meus amigos mudávamo-nos para a Costa Nova, na altura da Queima. Acampávamos lá a semana toda. E víamos o nascer do sol no mar, quando regressávamos de muita música. De vez em quando, ia para o mar sozinha. A conduzir de madrugada só para ver o mar. Sem dizer nada a ninguém. Uma daquelas coisas inconsequentes, possíveis aos dezoito anos. Mas que fizeram o seu sentido. Por terem sido vividas.
E sim, já reparei nesse nosso ponto comum: o azul. Um belo ponto em comum, esse.
E também eu tinha saudades de a ler:)
Um beijo com carinho. E um bom fim-de-semana.
Mar
Sim, minha linda. Muito mar para amar:) Ou para a Mar.
ResponderEliminarOutro beijo.
Mar
Olá Patrícia:
ResponderEliminarAcaba por ser mais seu. Que tem tanto mar. Sempre que quer, está aí. Entre mim e este mar há uns setenta quilómetros. Mas faz-se rápido:) E esse aviso também é da minha infância. Da minha mãe. Para ter cuidado com a água. Que tanto pode ser um Adamastor como um abraço tranquilo.
Uma inveja boa desse mar que entra pela sua janela:) E do horizonte com infinito azul.
Não tem de pedir desculpa, Patrícia. E obrigada pelos parabéns ao António. Está crescido, está.
Um beijo.
Mar
Olá minha linda:
ResponderEliminarQueria mar, sim. Pensaste bem. A Costa Nova estava com aquele vento. Mas com sol. Aquele mar de que falamos, que pede as coisas que para mim significam um bocadinho de azul.
Depois falamos, para contares das tuas coisas:) E eu dizer as minhas.
Obrigada por teres gostado de ler.
Um beijo de bom fim-de-semana.
Mar
Olá minha Babette:
ResponderEliminarFicou registado. O mar da tua amiga Mar. Já viste como é lindo? E sim, abre sempre novas perspectivas sobre as coisas. As mesmas coisas, ali, podem ser sempre olhadas de maneira diferente. Nem que seja só uma maneira azul:) E sim, depois falamos.
Um beijo de bom fim-de-semana.
Mar
Tão lindo o mar no inverno. Tem mais personalidade. Gosto de te imaginar,de capa de lã (se tivesses escrito "casaco", a imagem não seria tão poética :), em frente ao mar. Espero que tenhas arrumado tudo. Também estou a precisar de arrumar umas coisas :) Talvez vá ver o mar, amanhã, a ver se resulta.
ResponderEliminarDesculpa a minha ausência, mas não tenho conseguido chegar a tudo. Já tinha lido o teu post, mas não tinha conseguido deixar-te uma palavrinha. Foi hoje.
Um beijo da tua amiga
Ilídia
Olá minha Ilídia:
ResponderEliminarFoi capa por ter sido o que usei, naqueles dias. Foi ideia da minha sogra. Uma ideia quentinha, a dela. E carinhosa:)
Espero que por esta altura, já tenhas arrumado as coisas desarrumadas. Por teres visto o mar. Tu tens muito, aí. O mar todo que quiseres. Mar por todo o lado. Bom imaginar assim.
E não é preciso isso de te sentires em falta. Nunca estás. És minha amiga. Quero é que ultrapasses essa sensação de não conseguir chegar a tudo. Corta com algumas coisas. Diz não a outras. Eu tenho feito assim.
Um beijo para ti.
Mar