Lembrava-me muitas vezes dela. E era como acontece muitas vezes. A muita gente. Dizia-me logo à noite, quando houver mais calma. Ou amanhã, ao final da tarde. E acontecia sempre alguma coisa. Ou o logo à noite era já tarde. E afinal não tinha havido a tal calma. Ou o final de tarde era sempre cheio de coisas apressadas. Ou de cansaço, simplesmente. Tão incontornável, por vezes, que achamos melhor não o impor a ninguém. A outra versão era acontecer telefonar e rematarmos com o comum temos de combinar um almoço. Mas no meio destas coisas todas, há o afecto. A evidência do afecto. É que são urgentes, os nossos afectos. Por vezes, são mesmo aquilo que temos de fazer a seguir. De imediato. Sem adiamentos. E tão bom que o comum de remeter a possibilidade de um almoço para um futuro (im)provável aconteça assim: podemos almoçar este fim-de-semana? E sim. Assim sem mais. Claro que sim, que podemos almoçar. Só para não me esquecer que não é assim tão difícil arranjar maneira de almoçarmos com as pessoas de quem gostamos. Que não é assim tão difícil telefonar porque sim. Quando sim. De vez em quando esqueço-me destas coisas. Mas a amizade vem num impulso lembrar-me as tais evidências: quando gostamos, dizemos. Quando queremos ver alguém, arranjamos maneira para que aconteça. E saber que até pode acontecer querermos só muito. E não haver seguimento. Também acontece ser assim. Mas isso tem outros nomes. Deve ser uma coisa diferente. Mais elaborada, possivelmente. Só que eu acho que sou muito básica nestas coisas. E então, prefiro a versão impulsiva e afectuosa. A versão que se lembra. A versão que assinala a dádiva da amizade. A versão que põe uma mesa. E faz um almoço para uma amiga de há muito. A primeira pessoa que conheci, num lugar austero e um bocadinho severo. Cheio de regras e de silêncios. Há uns anos atrás. O sorriso franco da minha amiga fez com que aquele lugar de corredores intermináveis fosse a minha casa de repente. E eu não me esqueço disso. E de todas as outras coisas que se seguiram a esse momento inicial. Este almoço foi mais uma declinação desse momento. O tal em que nos acolhemos mutuamente. Só para nunca me esquecer.
E então uma mesa bonita foi preparada para essa amizade linda... com loiças com história... com doces bonitos... e com palavras que emocionam...
ResponderEliminarKiss
Querida Mar:
ResponderEliminarAté quando se desvia do branco a sua mesa fica linda! Diferente, é certo, mas cheia de bom gosto.
Beijinhos e viva a Amizade.
Olá minha Sophy:)
ResponderEliminarSim, a mesa foi para uma amiga que já não via há muito tempo. E as outras coisas todas foram coisas que me fizeram pensar nela. A amizade é tão feita disto, não é? De fragmentos pequenos e breves. Um doce. Uns pratos que achamos lindos e que nos fazem pensar em alguém. Uma cor.
Um beijo para ti.
Mar
PS: Acabei de ver o teu email. Grazie:)
Olá Lusitana:
ResponderEliminarAs minhas mesas costumam ser clarinhas, não é? Mas achei este serviço tão bonito, que não resisti:) É loiça inglesa, com imagens campestres. E fez-me pensar na minha amiga, porque ela gosta de cores fortes. De pratos com figuras. Ela ficou feliz, sabe? E eu também. Ainda bem que a minha Lusitana também gostou:)
Um beijo de final de dia. Que esteja bem e tranquila.
Mar
Ola Mar,
ResponderEliminarAqui está a mesa que falou, não é branca, mas é igualmente linda, tambem gostei desta mesa:)Tão bonita a ideia de pensar numa determinada loiça para "aquela" pessoa:). Aprendo muito com as suas palavras tão simples e com tanto para reflectir...
Beijinhos
Maria José Duarte
Olá Maria José:
ResponderEliminarUma derivação, esta mesa. E saber que o essencial é sempre branco. A cor ideal para se fazer as composições que entendermos. Desta vez foi assim. Por ela gostar muito. A mesa era uma homenagem à minha amiga. Que acabou de me enviar uma mensagem carinhosa. Só para dizer que tinha lido. E relembrado o almoço a uma mesa com loiça inglesa de que ela gosta.
Gosto que goste de palavras simples, Maria José. E de loiça branca. Também sou assim. Não obstante estas derivações para outras cores:)
Um beijo de boa noite.
Mar
Afinal também já tens um serviço inglês cor-de-rosa. Fa lembrar o meu, com motivos campestres. Ficou uma mesa tão bonita. E mais ainda por ter sido posta especialmente para alguém. Que sabias que ia gostar. Gostei muito do contraste com o azul dos pratinhos de pão e do centro de mesa que liga também o rosa ao azul. E o desfile de coisas boas tapadas por campânulas delicadas.... doces prazers!
ResponderEliminarUm beijo feliz por ter presenciado uma mesa de amizade.
Babette
Ai as saudades que eu tinha das suas mesas (Lindas! Lindas! Lindas!)e do seu jardim maravilhoso e inspirador! E que bom que é ver que temos ainda mais aspectos em comum, os Foo Dogs que ADORO (e que tenho) e que a Mar tão bem utilizou para o fantástico centro de mesa. Mais uma mesa inspiradora que teve como finalidade uma homenagem a uma bonita amizade!!
ResponderEliminarMuitos beijinhos da MJ
É parecida com a tua loiça, sim. Aquela de que gostei muito. Adoro o que me faz lembrar este tipo de loiça: campo inglês, ramos de flores campestres, de muitas cores misturadas. E chuva. Muita chuva no meio de muito verde. São coisas dessas que repousam no meu imaginário ao olhar estes pratos. Se acreditasse em reencarnações ou assim, achava que numa vida anterior tinha andado por lugares verdes e ingleses. E seria impossível não me lembrar de ti. Por saber que também tu gostas. Na próxima vez que vieres cá, a mesa vai ser assim:) Desta vez servi os doces e o café no terraço dos sofás brancos. Achei que iria ficar bem. E acho que sim. Que ficou.
ResponderEliminarUm beijo.
Mar
Olá minha MJ ( as suas iniciais intrigam-me:)
ResponderEliminarHouve sempre mesas, durante a paragem. Escolhi não fotografar. Não foi por ter deixado de gostar. Nada disso. Foi para saber que o meu gosto pelas mesas existe como independente da componente de registo. Mas é tão bom ler as suas saudades das minhas mesas:) Também eu tinha saudades de as ver aqui. Assim é como se não passassem. Como se pudesse voltar uma e outra vez ao contexto em que surgiram. Às pessoas a quem foram dedicadas. Sempre de momento, que são as minhas mesas. Os cães de que ambas gostamos foram o elemento final. Também gosto muito destas figuras. Não sei ao certo quais os significados. Mas tenho ideia de não serem meras representações. Vejo-os muito na AD espanhola. Em contextos diferentes. E comecei a comprá-los. Pequenas preciosidades, que são. Numa cor de que gosto tanto.
E sabe uma coisa? Há-de estar presente na ideia da minha próxima mesa. Sei que sim. É como acontece com as minhas pessoas. Sei que a Maria José e a Lusitana gostam das mesas brancas. Que a Babette gosta das mesas brancas e das outras às cores. E mais. E agora hei-de lembrar-me de si de cada vez que olhar os meus cães azuis:)
Um beijo de final de dia.
Mar
Bom dia Mar
ResponderEliminarEu já gostava e apreciava o cuidado ao colocar uma mesa, mas consigo e com as suas imagens inspiro-me ainda mais e penso sempre na beleza, no cuidado e no carinho que "coloca" em cada uma delas que nos vai mostrando. E a coincidência de cada vez termos mais coisas em comum (como este gosto pelos cães em azul turquesa - uma cor que adoro)faz-me agradecer ter encontrado este blog de que tanto gosto e que é fonte de inspiração para mim (textos, imagens e receitas)! O seu significado (que pesquisei depois de conseguir comprar os meus num leilão em Lisboa) é que os Foo Dogs são leões chineses e tem como fundamento a protecção, a força e a coragem. Devem estar sempre em pares sendo que o Cão de Fu à direita é geralmente considerado como do sexo masculino com a boca um pouco aberta e a pata dianteira repousando sobre uma esfera, que representa o céu. À esquerda é a do sexo feminino, com a boca fechada e pata repousando sobre um filhote de pequeno porte que representa a terra.E são numerados, por baixo na base.
Para mim, agora, os meus cães azuis terão também mais um novo significado: A Mar e o seu blog delicado!
Obrigada por se lembrar de mim!
Beijinhos da Maria Jorge
P.S. - Acabou de me dar (mais uma vez) uma ideia para este fim de semana. Vou aproveitar umas castanhas dos meus sogros para fazer o creme de castanhas...e colocar uma mesa branca com dois apontamentos de azul turquesa!:)
Olá Maria Jorge:)
ResponderEliminarCompletamente elucidada, que estou. Obrigada pelas informações preciosas que deixou. E acho que vou olhar para os meus cães azuis com mais gosto ainda:)
E tão de agradecer, essa sua ideia para o fim-de-semana. O creme de castanhas e os dois apontamentos azul-turquesa. Fico muito feliz pelas coisas que este lugar significa para si. Queria que soubesse que essas e outras coisas lindas que têm acontecido, me fazem muito bem. Sem que isso tenha a ver com egos ou assim. Não é por aí. É só constatar que tudo isto é algo que devo agradecer. E procurar ser merecedora.
Um beijo de bom fim-de-semana.
Mar