O mês da luz mais suave começa com um aniversário. No dia 1, uma amiga que está sempre, fez trinta anos. E assinalou-os com carinho. Dedicou-se a preparar um jantar para acolher. Pôs uma mesa branca. Comprou flores frescas e colocou-as numa jarra. E fez uma tarte muito leve. Que foi o que nos recebeu, mal chegámos. Isso, um sorriso atarefado e uma casa preparada para receber. Para agradecer. À Pipinha. Que faz parte deste universo condensado. Obrigada pelo jantar num dia de chuva e de vento. Obrigada pela tarte leve que me fez bem num dia que foi longo. Pela imagem cálida de uma jarra com flores frescas. Pela conversa partilhada a uma mesa branca. Coisas assim, a que se quer corresponder. Com um presente que é uma narrativa. Composta pelo imaginário de uma mulher que descreve as mulheres de uma maneira muito particular. Faz com que sejam fadas. E demónios que atormentam existências. Mulheres de gelo que determinam que as vidas que se atravessarem no seu caminho nunca mais sejam as mesmas. Uma forma possível de agradecer. Com as mulheres da Ana Teresa Pereira. E com isto. Palavras juntas a tentarem dizer a dádiva de uma vida. E uma receita para partilhar. Para que a memória de um jantar não seja só a circunstância de um dia de chuva e vento. E que fique cristalizado assim. Com uma receita dela. As flores brancas que comprou para assinalar trinta anos de vida. E a luz branca da casa branca da minha amiga.
Tarte de bacalhau dos trinta anos da Pipinha:)
400 gramas de bacalhau desfiado + 2 colheres (de sopa) de margarina + 1 cebola média (bem picada) + 3 colheres (de sopa) de farinha + meio litro de leite morno + 1 colher (de sopa) de salsa picada + sal, pimenta e noz-moscada + sumo de meio limão + 1 embalagem de massa folhada.
Refoga-se a cebola com a margarina e junta-se a farinha e o leite alternadamente. Depois de acabarem as duas coisas, junta-se o bacalhau, a salsa e os temperos (sal, pimenta e noz-moscada). Deixa-se "borbulhar" durante uns minutos, acrescenta-se o sumo de limão, rectifica-se os temperos e coloca-se na massa folhada. Vai ao forno até que fique dourada (cerca de vinte minutos). E na hora de servir, basta acrescentar duas coisas: uma salada verde e um vinho claro e fresco. Mesmo num dia de chuva.
Que bonito este teu presente, Isa.
ResponderEliminarQueria mesmo receber-vos cá em casa. Queríamos. Então fiz uma lista, e preparei a casa. A casa clara, no dia com chuva.
Tu dizes tão bem a minha casa, e o meu acolher meio atarefado:)
Foi com muito carinho tudo, as flores que vieram da mãe do P., logo pela manhã, a mesa, o bolo de fécula,com creme de pasteleiro e côco, e a tarte (que vem de uma revista da minha mãe, um recheio que ela usa para rechear rissóis), e o gelado de toblerone da "cozinha sem avental".
Vou ler o livro da Ana Teresa Pereira nos próximos dias, para ver que mulher nos mostra neste.
Obrigada por estarem, mesmo quando há chuva.
Sabes como sou nas palavras. Ficam estas. Com muita alegria por partilharmos as luzes das nossas casas.
Agradeço.
beijinhos
da Pipinha
Vejo que a Pipinha partilha com a amiga a arte de bem receber. Aquela que vem de dentro. Não sei se me faço entender :) Um beijo de parabéns para ela. E outro para si.
ResponderEliminarP.S. Hoje estou com o coração apertadinho. Depois de mais de um mês em casa, o Manuel foi para o colégio. E chorou. E eu controlei-me muito para não chorar também. E consegui :)
Mais imagens lindas, as que registam a memória das amigas que nos recebem. Com uma jarra Alvar Aalto muito de arquitecto, e flores muito de Mar. E livros que agora são da Pipinha.
ResponderEliminarMais um beijo
Babette
Olá minha linda:
ResponderEliminarJá estive a ver a receita nas páginas que enviaste. Muito vintage:) E estava deliciosa, a tarte dos teus trinta anos. Muito leve. De comer com tranquilidade. Deste-nos uma noite muito bonita, minha amiga de trinta anos. De conversa boa. Garrafas de vinho vazias. E cubos de gelo em copos.
A vossa casa soube-me bem. Depois de um dia extenuante. Já começaram, não é?
E a ver se gostas da mulher deste livro. Da escritora que diz bem as mulheres. E as muitas dimensões que há em cada uma de nós. Mesmo as que são segredos.
Um beijo para ti. Com o mesmo carinho com que preparaste o teu dia.
Mar
PS: Correu bem, hoje! Gostei do meu final de tarde diferente:)
Olá minha Ilídia:
ResponderEliminarApeteceu fazer carinhos, sabe? Atravessar o mar todo e fazer-lhe carinhos. Eu sei. Custa muito. Quando tinha de deixar o meu filho, enquanto era pequeno, era terrível. Muito forte, que eu era. Uma mãe forte. Depois chegava ao carro e era preciso respirar, antes de pôr o carro a trabalhar. Es muss ein. Lembrava-me das três palavras associadas a um quarteto de cordas de Beethoven. Tem de ser.
Vai ver que amanhã vai custar menos. Até deixar de ser assim. São estes dias que fazem com que os outros em que se tem a mãe de seguida saibam tão bem. Pense nisso, que vai ficar melhor.
A minha amiga partilha inúmeras coisas comigo. E eu com ela. Não me recordo de quando começámos a ser amigas, por ter sido há tanto tempo. Recebeu-nos muito bem. Acolheu-nos muito. O dia foi lindo por causa dela.
Um beijo para si. De mãe:)
Mar
Uma jarra muito de arquitecto, flores muito de Mar. E livros. Gosto das tuas formulações de fim de dia:) Muito essenciais, já te disse.
ResponderEliminarUm dom, saber usar as palavras simples. São as que dizem as coisas mais importantes, já reparaste?
Um beijo da tua amiga Mar.