A tempo de uma mesa.



Conservar. Depois de verbalizar. Difícil, verbalizar. Principalmente pelo indizível que enche o tempo de vida. Uma semana com tempo apressado, febril. Mas sem esquecer a ideia de mesa. Das coisas que são vividas quotidianamente aqui. À mesa de sempre. A que espera por nós, ao final do dia. Materialização do que há no pensamento, enquanto avançam as horas que compõem os dias. Pensar nas coisas que vão estar à mesa. Mais ainda, quando o tempo nos exige atenção e dedicação em doses que achamos que não são/não eram possíveis. Ainda mais nessa circunstância. Haver a ideia persistente de regresso. Do bom que é regressar a casa. E à nossa mesa. Enchê-la de nós. Da vontade de verde e de sol que há em nós. Sobre tabuleiros de chá orientais. Plantas que fazem companhia aos bonsais, para eles não se sentirem tristes. E, mesmo que a racionalidade que há em mim, saiba que não é suposto os bonsais ficarem tristes, achei poética a ideia de haver pedaços de verde que têm como única função impedir que as árvores se sintam sós. Quis trazer estas plantas para a mesa. Retirar-lhes esses atributos. Só o tempo de uma mesa. Só o tempo de uma refeição. Acrescentar doces da época que se adivinha. Ovos de chocolate branco e côco. Numa taça de champanhe. O resto é matéria que dá origem ao que vem depois. Loiça branca, toalhas brancas.
Porque houve sol. Porque houve vento morno ao final da tarde. E lá fora, um céu que não pode ser dito, de tão infinito. O céu nocturno que acolhe todos os nossos silêncios. E pensar que amanhã há-de haver mais sol. Mais vento morno. Mais verde. E mais mesas.

6 comentários:

  1. Cheguei também a tempo de ver mais esta bela mesa!...
    Tão cálida e tranquila. Aposto que contrastou bastante com o resto da semana!... Cheia e feliz!
    Os pormenores que fazem sempre a diferença: os atributos verdes e os ovinhos próprios desta quadra doce que se aproxima. Primavera à mesa.
    E o meu regresso às coisas que são sempre de Amar. E da Mar.
    Tive saudades, sabias?...
    Babette

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  2. Também tive saudades, sabias? :)
    Mesmo a tempo, que vieste. E sim. Uma semana cheia. Feliz também. Apesar de não haver entradas diárias no teu blog. Saudades disso, também.
    Mas já estás de regresso. A tudo o resto e aqui. Que bom que é assim.

    Um beijo.

    Mar.

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  3. Olá, Mar
    Gosto da ideia de existirem plantas que fazem companhia a outras. De pensar que durante um período de tempo fizeram companhia a outros seres, no centro de uma mesa, local onde os olhares dos convivas se cruzam.
    bjs

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  4. lindas as tuas fotografias. esta última então! muito puras com o branco e as sombras das formas das louça, o verde que faz companhia, que bom que é sentirmo-nos acompanhados, parece-me por isso uma plantinha muito nobre e já cheia de segredos partilhados com os amigos bonsais. E a madeira, que pacifica tudo. Gostei tanto! inspiration

    beijinhos,
    da Pipinha

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  5. Olá Fa:

    Também achei muito bonita esta ideia. Foi um senhor que estava na exposição de bonsais que me disse. Quando cheguei a casa, quis logo que ficassem um bocadinho à mesa. Mas só um bocadinho, porque a função delas é a de fazer companhia às árvores condensadas:)

    Um beijo.

    Mar

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  6. Olá Pipinha:

    Ainda bem que sim, que gostaste da mesa das plantas de companhia. E sim, ao fim de uma semana, estas plantinhas já terão partilhado muitos segredos com os bonsais do pátio dos budas. Aquele lugar onde passamos muitas horas no Verão. A falar de tudo. E de nada, também.
    A madeira faz-me lembrar o gosto do teu arquitecto, que gosta de a ver nos sítios das refeições.

    Um beijo para ti. E outro para o teu Pedro.

    Mar

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