Voltar a dizer um sábado.


 Mais um sábado. No Porto. Uma cidade que é muitos lugares, muitas memórias. Desta vez, o lugar de muitas deambulações lá de trás. A altura em que o sem rumo encontrava rumo ali. Na Baixa. Bem no centro da alegria ruidosa das mulheres do Bolhão. A menina das maçãs verdes e das sacas de livros. Só. A menina das maçãs verdes. Por ser preciso o silêncio. A aprender a noção do silêncio. Ainda que no meio do ruído afectuoso das mulheres francas do Norte. E o Majestic ser um refúgio. Café e torradas. Espelhos brilhantes e mesas que já viram e ouviram muito. Todas as lojas imperscrutáveis vistas de fora. Retrosarias, lojas altas com tecidos a cair como água nas montras, papéis diferentes de todos os outros. Coisas que via de fora e que procurava depois, com a curiosidade que se reinventa.
Desta vez, o Porto foi chegar a mais um lugar. Um lugar que se tornou imperioso. Um nome que evoca um filme. Império dos Sentidos, na Rua da Constituição. Peças do século XX que são ícones de agora. Cadeiras e mesas. Objectos que são para contemplar. E para imaginar em outros contextos. Conjugados com outras peças. Uma evocação das páginas miscelânicas da AD.
A conclusão de que um dia pode sempre significar chegar a um lugar que nos acrescenta. A pessoas que se tornam uma parte do que somos/fomos naquela circunstância. E daí para a frente. Ou não. Seja o que for. E então, gostei muito que o meu percurso tenha coincidido com este lugar. Que apela aos sentidos. Que apela ao sentido de casa. Ao sentido que me é caro. O de irmos erguendo uma casa com peças a que associamos contextos, histórias e pessoas. Que serão sinónimo de escolha intuitiva. Desta loja, ficaram muitas coisas a que aderi de forma intuitiva. Mesas italianas. Cadeiras onde apetece sentar prolongadamente. E objectos que apeteceu reinventar. Ou descontextualizar. Para os resgatar do estatuto de montra. E torná-los parte de uma casa.
Chegar aqui pela amizade. Dizer isso, também. A propósito de mais um lugar. A um império. Ao dos sentidos. Na Rua da Constituição.

NB: Fica também a referência à simpatia da Helena Pessoa, uma das proprietárias. E à nobreza de uma causa, que pensa nos animais. Sou sensível a esta e a muitas outras formas de fazer coisas boas. Fica mais um lugar. Onde se procura cuidar de animais e em dar-lhes uma casa que seja afecto. http://www.patavermelha.com/

8 comentários:

  1. Foi um sábado perfeito ;)....
    Sabia que ias gostar da "AD com pernas".
    Voltamos lá um dia destes para namorar mais coisas... Combinado?
    Um beijo

    ResponderEliminar
  2. Olá, Mar e Babette
    Hoje entrei numa loja - a Companhia do Campo e deparei-me com umas peças de loiça branca com flores em relevo, que associei logo à Mar. Ainda não consegui comprar a "AD revista", mas estou muito curiosa.
    bjs

    ResponderEliminar
  3. Mar
    Gosto muito dessa loja.É mesmo um império.Que nos desperta todos os sentidos.Também sou frequentadora assídua de uma loja de móveis vintage na R. do Almada.Casa Almada.Tenho comprado várias peças que, mesmo passados muitos meses,me mantêm apaixonada!Desta minha peregrinação pelo retro7vintage,não posso esquecer as lojas de Oliveirinha.São especialistas em clássicos,nórdicos(maravilhosos) e Art Déco.Uma perdição para quem adora recriar e reinventar histórias.Novas vidas.
    Beijinhos e uma boa semana de preferência com sol.
    Beijinhos
    Emília Melo

    ResponderEliminar
  4. Uma boa palavra para dizer o sábado. Embora eu tenha sempre um bocadinho de receio dessa palavra tão definitiva. Mas houve um almoço num lugar que não conhecia. O La Ricotta, de que já falaste no teu blog. E andar pela Baixa, a lembrar os meus passos de sapatilhas de universitária irrequieta:), que andava muito sozinha. De comboio, para ter a sensação de ir de um ponto para o outro. Só para ter essa sensação.
    Havemos de voltar ao Império dos Sentidos, sim. Gostei muito daquelas peças que fazem lembrar a AD.

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar
  5. Olá Fa,

    Adoro essa loja. Algures na zona do Saldanha, não é? Peças lindas que trouxe de lá. Não havia ida a Lisboa que não tivesse uma paragem demorada nessa loja. Enorme, cheia de detalhes e de ambientes. Tão bom que goste também. E que uma loiça branca tenha evocado as minhas coisas. Ou a mim. Gosto muito de loiça branca e de flores.
    Um sítio a revisitar com a Fa, então. Quando for a Lisboa:)
    Na zona das revistas do El Corte Inglès encontra a edição espanhola da AD com facilidade, vai ver. Eu estou à espera do próximo número, guardado religiosamente pelo Sr. Manuel da Tabacaria:)

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar
  6. Olá Emília,

    A minha intuição dizia que sim, que conhecia aquele lugar. Eu nunca tinha ido lá. Mais um sítio a regressar, no Porto.
    E que bom ficar com mais referências. Vindas de si. Mais sítios no Porto. Depois de me ter recomendado a Feira de Velharias de Aveiro. E a que tenho ido, em busca de coisas para trazer para aqui. Para um lugar onde possam ser reinventadas. Para lhes conferir novas vidas. Para que tenham uma outra história. Uma que não estava escrita ainda. Obrigada por isso. E por isto de hoje. Por mais lugares onde há possibilidades de encantamento.

    Um beijo.

    Mar

    ResponderEliminar
  7. Emília:
    Também pensei para comigo que devia conhecer a loja.... Também conheço a da R. do Almada, mas fiquei intrigada com essas lojas de Oliverinha... Onde fica? Desculpe a curiosidade...
    Um beijo
    Babette

    ResponderEliminar
  8. Babette e Mar
    Essas lojas ficam em Oliveirinha, Carregal do Sal,distrito de Viseu.São geridas por mãe, filho e nora.Fornecem móveis para todo o país.Podem ver os sites na Net(Theretroage;teresamonteiromoveis;antiguidades
    33).Costumam ter móveis nórdicos e Art Déco
    absolutamente irresistíveis.
    Quanto à curiosidade...foi ela que me trouxe até vós!
    Uma boa viagem para a Babette.
    Uma boa semana para a Mar.
    Beijinhos
    Emília Melo

    ResponderEliminar

AddThis