How to do things with lights and mirrors


Pedi emprestado parte do título a uma obra de John Langshaw Austin. How to do things with words. Um filósofo que trabalhou no MI6 e que depois aplicou a filosofia à linguagem. Um título a propósito da mesa de domingo à noite. Com parte dos objectos que trouxe da minha tarde de procura em Aveiro. A figura principal chama-se Chloé. Achei que era um nome bonito para esta mulher em marfinite, na atitude muito frágil que pressupõe a nudez. Gostei da ideia de multiplicar a fragilidade da minha Chloé e fui buscar espelhos. Juntei os dois copos dourados de cristal que encontrei durante a minha busca. E mais copos antigos, de família. Tudo iluminado por velas que se chamam Blue Tangerine, Kenneth Turner.
Depois da mesa, uns minutos para fazer uma tarte de cebola e queijo fresco, inspirada numa receita da pessoa que mais estudou/estuda a nossa gastronomia: a Maria de Lourdes Modesto. Uma mulher que não é lembrada com a frequência que lhe é devida. Deixo uma nota hoje. A que darei continuidade depois, com a receita que resultou da inspiração que procurei num dos seus tratados.

12 comentários:

  1. Simplesmente fabuloso...
    E dando continuidade ao comentário do post de domingo no mundo... que feliz se deve ter sentido a Chloé no meio de objectos tão lindos e cuidados!
    Babette

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  2. Hesitei qual dos post iria comentar... Escolhi o que fala dos objectos já em seu uso e na nossa querida Maria de Lourdes Modesto. Penso que a Mar estimará sempre os seus objectos de família, que por vezes podem numa certa altura parecerem " fora de moda". No entanto se lhes tiver carinho, arranjará, sobretudo se forem de valor, algum cenário onde poderá recordar as pessoas queridas que os doaram!
    É por isso que eu às vezes tenho algum pudor em aquisições; porque atrás estão histórias de pouco afecto, nem sempre por necessidade, apenas pouco respeito pelo que se herda. Mas sim, ainda bem que vão parar à mão de quem os vai estimar e dares-lhe brilho. Recordo muitas vezes as histórias fantásticas do seu colega José Régio, que tantas peças portuguesas salvou de um triste fim!
    Continue a revelar-se perante os seus leitores como até agora: vamos conhecendo-a pé ante pé...e gostando muito!
    Beijinho.

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  3. Para a Babette:

    Creio que sim, que a nova personagem arranjou um espaço afectivo em minha casa. À mesa. Quis que fosse o elemento central do jantar de domingo.

    Beijo de segunda-feira. Para começar bem a semana, vou agora ao blogue da Babette:)

    Mar

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  4. Para a Lusitana:

    Sim, todos os objectos que de alguma forma me vêm parar às mãos, merecem todo o meu afecto. Já são sem conta. Entre móveis que estavam a acumular tempo e pó, loiça e copos por onde não se bebia há demasiado tempo. Dar-lhes uso é a minha forma de render homenagem às pessoas que os tornaram seus. E que já não existem. A minha sogra fica sempre comovida. De cada vez que reciclo uma peça que pertenceu a uma avó, a uma tia. Ou à mãe dela, que gostava muito de cozinhar. E que permaneceu na memória afectiva de muita gente assim: pela comida.
    Obrigada por vir aqui. Pé ante pé. Espero merecer sempre as suas visitas e palavras afectuosas.

    Beijo da Mar

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  5. Não sei por que razão, não gostando especialmente de velas, dei comigo a pesquisar sobre as Blue Tangerine...talvex tenha sido a belíssima construção que fez com lights and mirrors. Talvez a construção que faz com words. A Mar é uma construtora...

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  6. Talvez...Sorry!
    Emília

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  7. Esta marca é inglesa. E as velas têm aromas deliciosos. Consigo arranjar estas pequenas preciosidades numa loja que fica junto ao Tia Alice, em Fátima. Creio que se chama "Lendas e Rendas". E talvez estas pequenas velas de chá tão perfumadas fizessem com que passasse a gostar destas luzes efémeras. Talvez:)

    Beijo da Mar. That builds things with lights and mirrors:) Para a Emília. That writes wonderful things.

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  8. A velocidade é inimiga da perfeição. Aqui vai a correcção " dar-lhes brilho" ! Bom, a Mar é professora de Português, há que ter cuidado redobrado...Eu sou às vezes muito veloz e trapalhona...já viu...
    Beijinho.

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  9. Tão amorosa, a correcção!Não acho nada que seja trapalhona a escrever. Pelo contrário. Sempre generosa e empenhada no que aqui fica.
    Esqueça isso da professora:) Só sou vigilante em relação à minha escrita. Nos comentários, gosto muito da substância do que é escrito. E as suas palavras têm sempre muita substância.

    Beijo da Mar

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  10. Olá, Mar
    Adorei a composição pela luminosidade que transmite. Esta imagem remete-me para os filósofos naturais gregos. A associação não é óbvia nem surge apenas da estátua central, resulta principalmente do efeito que o espelho provoca. Adoro a brancura das suas mesas.
    bjs

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  11. Olá Fa:

    Foi mesmo a luz a motivação. Por querer iluminar a figura que evocou toda a fragilidade de um corpo despido, na Feira de Velharias. Gostei desta Chloé de uma forma muito intuitiva, tanto que nem me interessou o possível valor intrínseco da peça em si, mas o que ela provocou.
    Que bom que goste de mesas brancas. Eu também. São como páginas vazias onde se pode escrever com as cores que quisermos.

    Beijo da Mar.

    PS: Adorei a ironia poética de hoje, no seu blogue. O cachecol a enlaçar a sopa de feijão manteiga:)

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  12. Com tão inspiradas inspirações :), só podia resultar em cheio!
    cheguei aqui hoje pela mão da Babette e gostei muito do blogue. :)
    Voltarei.
    Beijinhos

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