Um jardim tropical em Lisboa e A Cevicheria.






























Este jardim é, para mim, um dos lugares mais bonitos de Lisboa. E é, seguramente, o meu preferido de todos os lugares bonitos de Lisboa. Não sei como, mas mal se ultrapassa os portões do jardim, o ruído da cidade fica para trás. Como se se fechasse uma janela com vidros duplos ou assim. Mas é ao contrário, porque sentimos que nada se fecha. O espaço abre-se. E aquela sensação física de sempre me faltar o ar em Lisboa, desaparece. O silêncio e a clorofila tratam desse sufoco. Quase não há gente. E se sim, está disseminada, camuflada pelo verde. Quase sempre caminhantes silenciosos e contemplativos, como se estivessem num lugar sagrado. É assim, o Jardim Botânico de Lisboa. E saber que uma das minhas memórias mais felizes de Lisboa é a de um piquenique improvisado neste lugar, depois de fugir da cidade lá fora. Uma sandes, um sumo fresco, aquele oxigénio. E aquela sensação que volta e meia pode acontecer-nos, que é a de sentirmos (e pensarmos) que está tudo certo. Aquilo que de nós sobreviveu até àquele momento e aquilo que de nós continuará, converge ali. Naquele momento ínfimo. Depois disso, sentimos que estamos prontos. Para a cidade lá fora. Para a vida lá fora. E que o jardim se mantenha assim: um jardim. Aquele lugar não precisa de comércio(s) nem de eventos nem de nada. Só precisa de água para manter aquele verde profuso e tropical. Mais nada. Ficam aqui as coordenadas. 
Depois deste verde, cruzar os portões no sentido inverso significa escolher uma direcção. Se se optar por ir para o Príncipe Real, há uma série de outras pequenas decisões. No dia das imagens, a decisão de momento de entrar n' A Cevicheria. Estava tão quente, a cidade. Só me apetecia a frescura cítrica de um ceviche e de um pisco sour. Duas boas decisões. Assim sem mais. Sem estar a escolher mesa, porque é o género de sítio onde dá vontade de estar ao balcão, para não perder a parte de ver acontecer os pratos. E não dá para querer só um dos ceviches. Apetece experimentar e partilhar, num espírito de leveza que está de acordo com o espírito que se respira neste lugar. Deliciosos e no ponto certo de frescura, todos os ceviches das imagens. Mais os tacos que pedi, para encerrar a sequência salgada e que tiveram direito a novo pedido, por serem tão bons. E muito especial, a parte doce da refeição. Um quindim de manga com lascas frescas de coco e um granizado maravilhoso, a acrescentar (ainda) mais frescura. Muito bom, este intervalo de tempo. E depois, a cidade outra vez. E caminhá-la até chegar à água. Com música dentro, para escapar ao ruído de fundo das ruas e das pessoas e dos carros. Esta que fica hoje, por exemplo. Uma versão de piano de uma daquelas músicas que são de sempre e para sempre. 



2 comentários:

  1. Lindo post.
    Foi um dia especial este.
    Dá vontade de ir, só de ver este verde todo, e fazer assim como vocês, com as sandes, e o sumo fresco. E a Cevicheria, que nos chama sempre com aquele polvo imponente... não consigo arrastar para lá um portista e meio ;), fico sempre só a olhar de curiosidade :)
    Linda cidade.
    Que repitas muitos dias como este, com a mesma alegria que te caracteriza.
    Thanks for the lunch.
    Um beijo,
    da Pipinha

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    Respostas
    1. Muito especial, este dia. Tu sabes. Tens de ir com os teus Pedros, que é tão bonito estar ali e fazer esse ritual ligeiro de um piquenique assim no momento. O meu filho adorou. Também, ele adora tudo, desde que haja comida:)

      Um dia faço ceviche, para eles experimentarem. Se gostarem (como eu acho que vai acontecer), vão ao Cevicheria:)

      Sim, com a mesma alegria. Que ela nunca (me) falte.

      De nada. Foi bom teres estado cá. Estou a preparar tudo para o jantar especial lá fora. Lindo, o teu bolo-mapa. E há-de estar delicioso, que eu sei.

      Um beijo grande,

      Isa

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