Café Lisboa.













Há sítios que fazem parte dos planos. Outros não. Acontecem. Foi mesmo assim nesse espírito, este lugar. A meio das minhas deambulações pelo Chiado. Curioso, como nunca me canso. O tempo passa, só que eu não dou conta. Os propósitos são invariavelmente pequenos ou modestos. A vontade de me deixar surpreender pelas texturas deste lugar. A ideia nos objectos intemporais deste outro. As flores frescas nas vendedoras de rua. Os livros da Bertrand. Os livros deste sítio tão especial para o meu filho. São sempre coisas pequeninas, que não gosto nada de andar com sacos e com volumes. Quanto mais etérea, melhor. Basta andar prevenida com o meu cesto quotidiano que parece acolher tudo o que me interessa e estará tudo bem. Ainda assim, o tempo vai mesmo passando, inexorável. E, de um momento para o outro, uma esplanada acaba por ter ressonâncias de oásis. Foi o que aconteceu com a esplanada do Café Lisboa. Tão a propósito, com aquele carácter irrecusável. Por isso, mesmo que nem tivesse antecipado parar ali para almoçar, foi o que acabou por acontecer. E eu tive a sensação de ter sido uma das melhores decisões imediatas daquele dia de calor.
É um lugar ligeiro. Curiosamente ligeiro, dado o contexto. O Teatro Nacional de São Carlos. O teatro da ópera, numa formulação igualmente ligeira, mas que, para mim, sempre o distinguiu dos outros teatros todos. Apesar dos dourados das talhas, a sala tem um tom descontraído de que gosto muito. Os veludos não parecem pesados. As cadeiras são confortáveis. A luz é muito bonita. A do sítio e a luz das pessoas que recebem as outras pessoas. E como eu gostei do principal: a comida. Aromática, leve, com ingredientes honestos e bem preparados. Acabei por me concentrar tanto no facto de estar a gostar, que não registei os pratos como deve ser nem nada. Só ficou registo da minha sopa alentejana e da mousse de chocolate. Uma das melhores que já comi, esta última. E as entradas estavam naquele ponto delicioso de perfeição. São a alma primeira de um sítio, essas tacinhas pequenas com pastas e manteigas e cremes condimentados, mais o pão que sempre as acompanha. 
Da próxima vez que voltar a este sítio, será por fazer parte dos planos. Propositada e intencionalmente. Desta vez foi assim: aconteceu. E ainda bem que sim.  

E a música que também parecia estar sempre a acontecer-me, nesse dia. Sinal de que tinha mesmo de ser a música para este lugar agora aqui. 


5 comentários:

  1. Bom dia, Mar.
    Que bom foi ler a sua felicidade. Condiz com a beleza das flores que abraça. Coisas simples, quase banais, mas que nos deixam tão felizes e em paz. Que lhe aconteçam mais dias assim.
    Um bom fim de semana.
    Bjs
    Ana

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  2. Bom dia, Mar.
    Que bom foi ler a sua felicidade. Condiz com a beleza das flores que abraça. Coisas simples, quase banais, mas que nos deixam tão felizes e em paz. Que lhe aconteçam mais dias assim.
    Um bom fim de semana.
    Bjs
    Ana

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    Respostas
    1. Boa tarde, Ana

      Mais dias assim. A par das outras dimensões que esta partilha pressupõe, esse dado que me é muito: lembrar-me tal e qual deste e de outros dias. Estas imagens têm dentro a memória imediata do meu filho, a dizer que era melhor pararmos um bocadinho e bebermos uma limonada fresca:)

      Muitos dias felizes para si. Com todas as flores e coisas simples a que tem direito.

      Um bom fim-de-semana para si também. Obrigada.

      Mar

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  3. Que Bombom este sítio ter sido feliz;) tão preciosas essas descobertas. E ver as imagens das pequenas coisas que te foram fazendo bem... Um sítio para eu tb guardar. bj já de volta!

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  4. Muito feliz. Ia em direcção a outro sítio, mas ainda bem que o meu filho quis parar:) Acho que vais gostar, se sim, numa das vezes em que andares por ali.

    Um beijo.

    Mar

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