É Dezembro outra vez.







A partir do momento em que espalho estas luzes pela casa, sei que já é. Que é Dezembro outra vez. A minha alegria só por isso. E é o mesmo de sempre, no fundo. Mas como eu gosto deste mesmo de sempre. De haver mais velas a arder quotidianamente, por gostar muito da luz quente que elas são. De mais luzes às cores, naquele que é, para mim, o melhor lugar do mundo. Dos ramos que fui buscar às árvores do meu jardim. Das estrelas brilhantes, por entre os copos aleatórios cheios do verde que é tão desta altura. Dos pássaros à mesa, perto da vela que arderá até ao último dia de Dezembro. Dos bagos de romã e dos frutos secos, a salpicar as saladas. 
Precisamos dos nossos hábitos, dos nossos lugares, das nossas pessoas. São oxigénio. Por mais que o mundo seja esquizofrénico e frenético. Por mais que o nosso imaginário seja atravessado por léxicos e por imagens de felicidades que não são a nossa. Por mais que gastem as músicas do nosso Natal, cada um de nós saberá, interiormente, onde é o tal Natal que é só nosso. Narrativas com vida própria. Com todas as ausências. Com todas as elipses. Com todo o património de criança, que acreditava e que esperava, a riscar os dias no calendário. É Dezembro outra vez. É Dezembro outra vez. A ver se não nos esquecemos disso. Do caminho que fazemos, no último mês do ano. 
Música com dança dentro, que fica. Medicine. 


10 comentários:

  1. Olá Mar,

    Já tinha saudades das suas publicações.

    E logo este texto, tão de encontro ao que me tem atravessado o pensamento nos últimos dias.

    Eu sempre gostei muito do Natal, pelo que simboliza e por ser uma época que aproxima as pessoas.

    Nos últimos anos porém, por motivos que não interessam para aqui, tenho pensado que a minha maneira de viver o Natal mudou, que me distanciei.

    E este ano dei comigo a perguntar-me se será mesmo assim. E se tem que ser, se tenho que me deixar influenciar por este problema ou aquela atitude.

    Cheguei à conclusão que não, no fundo continuo a mesma. Com necessidade de criar defesas para lidar com determinadas situações mas, o sentimento está cá: a árvore está montada, os demais enfeites colocados, as prendas que eram para comprar já o foram e os dedinhos estão irrequietos para acabar as outras que não compro, faço eu.

    E já há ideias para esta ou aquela receita nova.

    Por isso sim: já é Dezembro outra vez! Época de Natal e fim do ano. De avaliar até que ponto aproveitamos bem o tempo.

    Pegando um bocadinho nessa ideia, li no blogue da Ilídia que a Mar é voluntária no Banco Alimentar.

    Tão bonito isso! De uma grande generosidade.

    Contribui, como todos os anos. Este foi especial porque foi na presença dos meus sobrinhos/afilhados e eles pediram para levar também para a escola. Espero conseguir transmitir valores e a generosidade é um deles.

    Um beijo do Algarve e votos de boa semana,

    Sandra Martins

    PS - Já está completamente recuperada?


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    1. Olá Sandra,

      Sim:) completamente recuperada. Não tenho mesmo jeito para estar doente. A minha natureza impaciente fica ainda mais impaciente. Seja como for, não me lembro de alguma vez ter tido uma gripe tão violenta. Já passou, que é o que interessa.

      E sim, a nossa maneira de viver esta altura do ano é forçosamente diferente. Sinal de que a vida vai fazendo caminho. Eu não sou assim muito nostálgica, nestas coisas. Gosto que cada Natal seja vivido como tiver de ser, como for possível. Mesmo com todas as sombras inevitáveis que vão pendendo sobre nós, por já não sermos crianças. Faz parte. E hoje consegui ainda mais luzes. Especiais, para poder ter nas mesas e onde me apetecer. Pareço uma criança com um brinquedo novo:)

      Sou uma voluntária muito feliz, Sandra. Eu e o meu marido. Com a alegria suplementar de alguns dos meus alunos me terem dito que queriam ir comigo. Oriento as refeições e as mesas para as centenas de voluntários que trabalham no núcleo de Viseu, a separar os alimentos generosamente oferecidos por pessoas como a Sandra. Gosto muito do espírito do Banco Alimentar. Pedem tempo e comida para alimentar quem tem fome. Tempo e comida. Só isso. Nesta campanha, senti-me particularmente grata, por já não estar doente e por poder transformar a minha energia em comida quentinha a circular num armazém enorme e um bocadinho frio:)
      E sim, também tinha saudades. Mas tinha muito trabalho acumulado, por ter estado doente. Na escola e em outras dimensões. Isso tudo teve de estar primeiro. Mas tinha saudades, que eu gosto muito de andar por aqui:)

      Um beijo grande!

      Mar

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  2. É Dezembro e a Mar voltou. Já sentia saudades da prosa, das receitas, dos ambientes, da música e, como a Mar muito bem diz, precisamos dos nossos hábitos, dos nossos lugares, das nossas pessoas. E, como este cantinho já faz parte do meu dia, daí sentir-lhe tanto a falta. Ainda bem que já recuperou e voltou cheia de alegria.
    Só no fim de semana é que vou preparar a minha casa para receber alegremente o Natal, apesar de agora haver ausências muito dolorosas. Ficam as memórias de outros Natais...
    Uma boa caminhada por Dezembro, de encontro ao seu Natal...
    Bjs
    Ana

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    1. Olá Ana,

      Que linda:) Foi uma gripe particularmente devastadora. Demorei até conseguir orientar as coisas de trabalho e não conseguia nem olhar para comida. Voltei a emagrecer e agora tenho de recuperar tudo, que eu não quero voltar a ficar doente:)
      As ausências são as pessoas que nos são muito. Tanto, que ficam em nós. A melhor homenagem é vivermos muito. Sermos felizes. Muita alegria para a sua casa. Muita. Estarmos aqui é uma dádiva enorme. É o que eu sinto, pelo menos.
      Um caminho lindo para si, Ana. Obrigada.

      Um abraço grande com luzinhas de Natal.

      Mar

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  3. Estão lindas as tuas luzes de Natal e os verd és s que as emolduram... Gosto tanto deste mês e da contagem até ao dia da noite mais bonita! Este ano, contudo, tudo me parece ainda mais veloz. E eu só queria contar esses dias devagar... Um beijo.
    Babette

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    1. Olá Babette:

      Que bom que gostaste:) Estes dias são muito rápidos e muito cheios. Mas eu estou a preparar uma fuga à parte do "muito cheios". As coisas são como são, não é? Mas há uma parte que é muito nossa.

      Dias lindos para ti.

      Um beijo.

      Mar

      PS: Vai haver verdes aí na tua casa, a tempo do Natal. Do meu jardim. Como no ano passado.

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  4. Um belíssimo texto. Adorei!
    Um Dezembro repleto de luz e calor junto das tuas pessoas .

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    1. Obrigada. Para ti também. Um Dezembro lindo, perto das tuas pessoas. Com luzes e tudo o mais que fizer bem.

      Mar

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  5. Este mês é mágico. Ainda hoje pensava nisso, enquanto via a azáfama dos meus vizinhos a pendurar as luzinhas de Natal. Também andei a iluminar a minha magnólia do jardim. Assim, estou na sala, e vejo as luzes também lá fora.
    O teu Natal está lindo, emoldurado por todos esses brilhos e verduras.
    Continuação de um mês de dezembro muito especial, para ti e para os teus homens.

    Um beijo,

    Ilídia

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    1. Olá Ilídia,

      Ficamos com mais vontade de magia, talvez. Estranhamente, é uma altura do ano em que me sinto ainda mais lúcida, mais perto do chão que piso. Mas fico encantada com as luzes de Natal. Foi sempre assim. Desde pequenina.
      Também gosto do nosso Natal. Tem luzes, é quente e cheira a comida feita com alma.

      Um Dezembro lindo para vocês também.

      Um beijo.

      Mar

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