Go with the flow.








Eu acho lindo receber pessoas. Adoro os minutos em que me dedico a ir pondo a mesa. Sempre de acordo com o que sinto no dia, na circunstância. Adoro ir fazendo a comida, com a minha música aleatória por perto. E adoro o momento em que chegam as pessoas que vão sentar-se à minha mesa. É sempre meio caótico e tudo. Mas eu acho que esse caos ensina muito. Porque de um momento para o outro, o meu sentido prévio de ordem e de antecipação fica sem saber muito bem onde encontrar lugar e eu também gosto dessa parte de ir na onda, de deixar correr. Para esses momentos em que a ideia é circular e acolher e abraçar e contar coisas mutuamente, estas são as entradas ideais. As que são do género de servir num tabuleiro e de deixar à consideração de quem chega. Nesses momentos, é altura de servir um vinho branco ou champanhe e sim, de pôr os afectos em dia:) Além do mais, são perfeitas para evitar desperdícios, um dado que me irrita solenemente. Por algum motivo estive tão envolvida na campanha Zero Desperdício, uma das muitas coisas boas deste festival de dança.
Desta vez, fica então uma ideia para uma entrada que nos liberta e que deixa à vontade as pessoas que chegam. Cada um se serve. Cada um bebe. E isso deixa espaço fundamental para que as coisas fluam, para que aconteçam naturalmente. Não aprendi isto em livros de receitas nem em blogs nem em séries de televisão. Aprendi com a minha mãe. Os três passos da minha mãe, nestas coisas de receber. Mesa posta + comida pronta + estarmos arranjadas. 

Salmão selvagem fumado + mostarda de ananás + broa de Avintes

Simples: broa de Avintes em lascas meio grosseiras, uma taça com mostarda de ananás (uso esta) e salmão selvagem fumado (que só consigo encontrar aqui). 

NB: A propósito do salmão selvagem, não vou estar a maçar com muitas considerações que podem ser facilmente encontradas numa pesquisa rápida. Em todo o caso, bastam-me alguns dados muito importantes. É incomparável em sabor, em consistência e nas qualidades que o salmão deve ter. Nada a ver com os processos e substâncias inacreditáveis do salmão de viveiro. Também basta uma pesquisa rápida para perceber por que é que é tão importante não o consumirmos de todo. 

Fica tudo perfeito com o vinho branco da imagem final. Uma das minhas castas preferidas, nos vinhos brancos. Encruzado. Gosto da ideia. Faz sentido. 

E Queens of the Stone Age. Go with the flow. Tinha de ser. 


8 comentários:

  1. Já tinha saudades de conseguir um tempinho para vir aqui... Os dias são sempre tão cheios que quando dou conta passou mais uma semana...
    A sabedoria de Mãe nunca falha e esses três pontinhos são essências para receber sem ataques de pânico ou situações chatas de última hora.
    Bom fim de semana e Go with the flow!!
    Um beijo.

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    1. Mais uma semana que passou é bem lindo:) Com dias cheios e tudo o mais, mas eu não falo muito (ou nada) das várias dimensões da minha vida e que fazem com que os dias terminem bem tarde, invariavelmente. Sinal de que a vida anda para a frente. E isso é bom.
      Apesar de todas as divergências inevitáveis entre mães e filhas, sigo muitas das coisas que ela me ensinou. Nisto da comida e nas outras coisas. Creme hidratante todos os dias, de manhã e à noite, por exemplo:)

      Bom fim-de-semana para ti! Um beijo.

      Mar

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  2. Recebes tão bem ;) Esses truques são infalíveis para termos tudo sob controlo! Mas mesmo quando não, a cadência do tempo com amigos é imune a essas atrapalhações (lembro-me bem do primeiro almoço na tua casa: resolveste fazer risotto e rabanadas quentinhas para a hora da sobremesa. Mesmo com todo o tempo extra de fogão e os esvoaçares constantes até à cozinha correu tudo bem. Este petisco é daqueles que apetece mesmo. E falámos muito (também) sobre isso ontem ;)
    Beijo de bom fim-de-semana
    Babette

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    1. Queria fazer risotto e rabanadas. Teve de ser. Tudo se arranjou. Eu não sou muito de ficar agitada ou angustiada. Especialmente se estiver a fazer comida. Só me tranquiliza, esse dado.
      Não é bem petisco. Antes uma iguaria. Eu é que gosto de retirar solenidade a estas coisas:)

      Um beijo.

      Mar

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  3. Esses momentos caóticos sabem tão bem! Por aqui, com amigos chegados, começam sempre pela cozinha, com copos na mão, e as entradas são comidas de pé, com toda a gente à volta da ilha.
    A tua mãe ensinou-te bem :) E, normalmente, isto de gostarmos de receber vem delas. E muitas outras coisas.
    Hoje, não recebo. Jantamos os três, que também sabe bem. Mas vai haver comida boa, feita com tempo.

    Um beijo de bom fim de semana,

    Ilídia

    PS: O teu pudim denso, feito com 25 gemas, será feito na Terceira em breve ;) A pensar no Paulo, que adora este tipo de coisas. E eu hei de provar um bocadinho, que também mereço ;)

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    1. Sim, sabem bem. Mas carecem de antecipação. Caso contrário, são meio desastrosos. Para esse espírito de não ir logo para a mesa, tabuleiros com coisas e vinho ligeiro, a antecipar os tintos invariáveis quando já estivermos todos à mesa.
      Que corra bem. Esse pudim é do género de fazer com que as pessoas fiquem felizes. E claro que sim, que mereces:) Uma fatia vai fazer-te bem, assim espero.

      Um beijo. Boa semana.

      Mar

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  4. Olá Mar,

    Eu acho que as duas coisas estão interligadas: quem gosta de fazer comida, gosta de receber.

    E esse prelúdio, do tipo "bailarino", é mesmo ao estilo das "Coisas d'Amar". Sem complicações.

    Essas visitas têm muita sorte!

    Gostei muito do prato onde está o presunto! Parece estanho ou prata.

    E, como costuma acontecer de cada vez que aqui venho, aprendi coisas novas.

    Uma aprendizagem constante a Vida! Começa com as mães e já não acaba.

    Ainda bem que assim é.

    Um beijo do Algarve e votos de boa semana,

    Sandra Martins

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    1. Olá Sandra,

      Inevitável e irremediavelmente ligadas, as duas dimensões. Embora eu preserve bastante a minha solidão, o meu tempo a sós.

      É em prata, a peça de que gostou. De família. Uso-as regularmente a todas, que não gosto de objectos com estatuto de intocáveis ou seja o que for. Tudo para viver. Morreremos todos, certo? Convém dar uso ao que nos for belo e fizer bem. É assim que eu penso. Tudo a uso, sempre e quando me apetecer.

      Não gosto de estanho. É baço. E faz-me lembrar coisas que são de "enfeitar", para usar um termo de que não gosto nem um pouco.

      Um beijo para si. Boa semana.

      Mar

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