Até que.






Eu odiava canja. Quando era pequena. Tentava escapar-me por todos os meios. Creio que foi mais ou menos nessa altura que comecei a testar os limites da minha argumentação. E da paciência da minha mãe:) Para mim, um prato de canja era uma náusea só. Pensava repetidamente no que é que teria passado pela cabeça da mãe que tinha inventado a canja. Quando somos pequenos, achamos que as mães inventaram tudo:)

Até que...fui mãe. É que o meu filho adora canja. Pede-me muitas vezes para fazer. E é bem linda de ver, a felicidade dele. A comer uma canja perfumada com hortelã, salpicada com raspas de cenoura e gemas de ovo. E, anos mais tarde, gosto imenso. Foi preciso um "até que" e algumas das minhas adaptações. Mas ainda bem, porque não sabia o que andava a perder:)

Canja

1 embalagem de frango do campo para canja (cerca de 700 g) + 2 cenouras + 1 talo de aipo + 150 g de massa para canja + 1 litro de água + 3 gemas de ovo + sal e folhas de hortelã q.b.

Primeiro, lava-se bem todos os pedaços de frango e coloca-se numa panela com o aipo, a água e o sal . Leva-se a cozer durante 30 minutos. Decorrido este tempo, elimina-se o talo de aipo, retira-se os pedaços de frango e reserva-se, para arrefecer. Junta-se a massa e as cenouras raladas à água que ficou na panela e deixa-se ao lume, mexendo de vez em quando. Entretanto, desfia-se o frango e corta-se todos os pedaços de fígado em pedaços pequenos. Junta-se depois ao caldo que está ao lume e mexe-se. Nesta altura, rectifica-se de sal e de água, se necessário. Logo a seguir, as gemas de ovo. Devem ser colocadas com cuidado, para não se estragarem. Deixa-se cozer durante cinco minutos, até serem retiradas e cortadas em pedaços pequenos. Por fim, junta-se as gemas partidas, as folhas de hortelã e está pronta.

Para ouvir, uma das matrizes do hip-hop, com aquele traço de soul. The Fugees. Som (mesmo) bom de dançar:)

14 comentários:

  1. Olá Mar
    Também nunca fui muito de canja, e confesso que se não for cozinhada pela minha mãe ou por mim, não lhe toco. A maioria das que vejo no prato causam-me essa náusea de que falas. Mas, por vezes, vou fazendo, não porque as meninas a pedem, mas porque é uma boa maneira de aproveitar os frangos caseiros que chegam cá a casa. Curiosamente, a minha versão é em tudo semelhante à tua. Sempre com hortelã, sempre com raspas de cenouras. Por vezes uso um pouco de alho francês ou aventuro-me com uma chávena de ervilhas. Numa tentativa de ser "menos canja" ;)
    Um abraço,
    Guida

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  2. Bom dia Mar,

    Mais uma convergência: eu também não sou muito de canja.

    Por não considerar que é sopa, sopa para mim é com legumes. Cada um com as suas manias.

    Mas, já fiz e a minha "versão" é muito parecida com a sua, também com massa (gosto muito de arroz mas, na canja não) e aromatizo com cebola, louro e hortelã a água onde cozo o frango.

    Faz de refeição por si só.

    Nunca experimentei pôr aipo. Aprendo sempre quando venho aqui!

    Muito bonito aprender a gostar de canja e fazer a pedido do seu filho!

    Acho que da próxima vez que fizer canja vai saber-me melhor por me lembrar disso.

    Porque no meu caso nunca houve nem vai haver um "Até que".

    A pouco e pouco revelamo-nos, virtualmente é certo mas, vamos dando cada vez mais um pouco de nós.

    Obrigada por isso também.

    Um beijo do Sul, quase de Inverno outra vez.

    Sandra Martins





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  3. Canja, sim. Desta maneira, como eu a faço também! Mas o que adoro mesmo é a sequência das fotos, a sua evolução na introdução do que é essencial para um belo resultado ao olhar e com toda a certeza ao paladar!! Um amor d'amar!!

    Um abraço,
    Isabel

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  4. Canja é daquelas comidas simbólicas. Confortam e são degustadas, muitas vezes, em momentos difíceis, para porem tudo no lugar. Gostei desta tua versão, bem diferente da que comemos por cá. A da minha mãe leva cominhos, um sabor bem das nossas ilhas.

    Um beijo,

    Ilífia

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  5. Olá Guida:

    Percebo bem. A ideia geral, associada a canja, é mais ou menos essa. Cozer frango, pôr massa, sal e já está. Dessas versões sem alma continuo a manter-me afastada:)
    Eu não gostava de carne, quando era pequena. Por isso é que a canja me custava (ainda) mais. Só mesmo obrigada. Mas depois correu tudo bem e transformei-me numa criança que comia de tudo:)
    E sim, com estes acrescentos, fica infinitamente melhor. Também uso alho francês quando não tenho aipo. E hei-de tentar ervilhas. Em tua homenagem:)

    Um abraço.

    Mar

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  6. Olá Sandra:

    É um caldo de carne, no fundo. Eu junto estas coisas para tentar ter as duas dimensões: caldo de carne + caldo de legumes. O aipo resulta muito bem. É como se anulasse o que não interessa, em sabor. Suaviza e dá palco ao resto. Uso sempre que faço caldos de carne.
    E nada de canja com arroz:) Nunca percebi esse ponto. O arroz fica cozido demais e resulta numa coisa pesada, sem sabor.
    Isso do "até que" que não vai haver...A nossa vida pode declinar-se de muitas maneiras. E surpreendentes, por vezes. Vamos pensar num "nunca se sabe", antes. Não seria a primeira vez. A vida é um milagre permanente. E eu nunca me esqueço disso. Mesmo quando tudo parece correr mal. Se calhar, principalmente nesses momentos.

    Coisas boas para si, sim?
    Um beijo.

    Mar

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  7. Olá Isabel:

    Uma espécie de introdução, sim:) Bom saber que gostas de canja. Informação útil, essa:)

    Obrigada. E um abraço grande!

    Mar

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  8. Olá Ilídia:

    Muito assim. É especialmente reconfortante, em momentos em que é preciso um reforço. É assim com o meu filho. E foi assim com a minha mãe, quando morreram os meus avós. Fiz uma canja bem quentinha, que ela não parava de chorar:( Ficou melhor um bocadinho.
    Nunca me passou pela ideia associar cominhos a canja. Coisas inesperadas das ilhas:)

    Um beijo.

    Mar

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  9. Nada consensual, pelos vistos. Uma sopa que cada um a vê de forma diferente e com recordações tão distintas. Eu lembro-me dos dias da canja no colégio. Ia a correr para o refeitório para ter tempo de trocar de prato com o colega do lado no caso (muito frequente) de me calhar o coração da galinha. Um beijo. Hoje a sul ;)
    Babette

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  10. Que linda a tua canja, as fotografias das letras. E a tua maneira de contar a canja que fazes para o teu filho ! Finalmente voltei ao blog, ao meu, e ao teu. Andava cheia de vontade de aqui chegar, e li-te desde a tua ida a Lisboa, até hoje. Que saudades !
    Actualizei o meu BoloaoCubo e como me fez bem. É como arrumar um espaço que há muito está à espera de atenção. A verdade é que ainda não o consigo fazer com a fluidez de antes, mas tudo tem o seu tempo.
    Um beijo grande, para a minha amiga que me mostra tantas coisas, tantas músicas, tanta comida bonita. Um beijo
    da Pipinha

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  11. Minha querida Mar!

    A querer ter uma varinha de condão para resolver os problemas das outras pessoas!

    Estou com dificuldade em escrever não porque não saiba o que dizer mas, porque me sinto muito emocionada.

    Neste caso é mesmo nunca mas, quando "falarmos" de viva voz voltaremos a este assunto. Não aqui.

    Não digo quando a "conhecer" porque se não tivesse a sensação de já conhecer alguma coisa, não vinha aqui.

    Um abraço muito apertado do Sul!

    Sandra Martins

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  12. Olá Babette:

    Algumas comidas são assim:) Motivam memórias que se cruzam ou bem divergentes.
    E como as coisas podem mudar tanto: agora gosto muito (até do coração). Em todo o caso, tem de ser assim com mais coisas à mistura:)

    Um beijo.

    Mar

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  13. Olá Pipinha:

    Fizeste bem em regressar:) E é bom escrever-te depois de teres estado aqui em casa um bocadinho. Mesmo rápido, deu para pegar no Pedro ao colo, que tinha imensas saudades de lhe dar miminhos:)

    Um beijo grande.

    Mar

    PS: Acabei de comer dois dos húngaros que trouxeste dentro da caixinha:) Deliciosos!Obrigada.

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  14. Olá Sandra:

    Bem que gostava de ter uma varinha de condão. Já ofereci uma daquelas varinhas de fada a uma amiga e tudo. Não lhe resolveu os problemas, mas riu-se e deu-me um abraço de que me lembro com muito carinho.
    Digo outra vez: a vida declina-se de muitas maneiras. E ainda bem que assim é.

    Um beijo grande para si.

    Mar

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