Sinais de uso.









No fundo, as mesas são como as pessoas que as (com)põem. Quando se gosta de muitas coisas diferentes, as mesas acabam por ser espelhos dessas coisas muito diferentes entre si. Quando é assim, dá para a ideia de recuperação e ir buscar uma toalha de avó, renda fina e bordados a desenhar flores. Lanternas misturadas com castiçais de prata que iluminaram três séculos de vidas. Cerâmica do "meu" Algarve com pratos étnicos e um pouco de Oriente à mistura.
A vida é para ser vivida. As coisas devem ver a luz e as cores da vida que está a ser vivida. E ir ficando com essas marcas. Marcas de uso. Sinais de uso. Tudo é usado. Usável. Nós. Os objectos que são pedaços de nós. Assim seja. Se alguma coisa se partir pelo meio, assim seja na mesma. Um sinal definitivo de uso, a quebra.


11 comentários:

  1. Gosto tanto das tuas misturas. São sempre plenas de sensibilidade. E dás vida aos objectos, novos registos, uma nova aproximação. Gostei muito da toalha antiga e de tudo o que tão bem nela figurou. Que bem que fica o étnico, o algarvio e o oriental juntos ;) E a lanterna com o castiçal. Tolerância, podia ser o nome desta mesa. Ou Sem preconceitos, outra das hipóteses. Linda, em qualquer dos casos...
    Babette

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  2. Acompanhar as tuas mesas acompanhando-te a ti. Mesmo bonita a toalha de renda, onde lanchámos no outro dia. Eu primeiro, enquanto o teu colo segurava o pequeno Pedro. Que quando eles são pequenos é mesmo assim :) Bom todas estas coisas estarem a uso, as chamadas relíquias, que normalmente estão fechadas a sete chaves, e que cheiram a naftalina, para que nada as perturbe, muito menos as traças. Concordo contigo, não faz sentido o melhor ficar guardado. Para quando? E então sim, que seja vivida a mesa, com o que temos reunido. O melhor, o de todos os dias, o que se recolhe dos nossos sítios !
    Estilos diferentes que em harmonia !
    Beijinhos nossos!
    Pipinha

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  3. Ainda me lembro de um post teu sobre um copo partido. Interessante isso de não chorar a perda quando ela é resultado de uma vida vivida.
    Adoro ecletismos, por isso, adorei a tua mesa.
    Um abraço e um excelente fim de semana. Que seja de gozo e de descanso.
    Patrícia

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  4. Uma arte, essa, a de saber combinar harmoniosamente a diferença dos objetos nos seus vários contornos de tempo e de lugar de pertença na continuidade de uma vida renovada! Gosto muito disso. Parabéns mais uma vez pela tua belíssima mesa!

    Agora regresso ao trabalho, reunião às 18:30...

    Bj
    Isabel

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  5. Mais uma daquelas mesas-amálgama de que tanto gostamos. Usar o que temos, sempre. Principalmente quando são peças tão bonitas e com tanta História com as que nos mostras. As casas e os objetos que as compõem não são museus. Querem-se vividas, com muitas histórias para contar.

    Um beijo,
    Ilídia

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  6. Olá Babette:

    As coisas vão acontecendo umas com as outras, é mais ou menos esse o registo. Neste caso, foi a toalha da avó do Vasco. Ocorreu-me que não a usava há imenso tempo. E não acho piada a guardar ou a aguardar. Já me conheces a faceta impaciente:)
    Muito lindo que tenhas gostado. Eu gosto que assim seja. E agradeço.

    Um beijo.

    Mar

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  7. Olá Pipinha:

    Pois foi. Tinha-a posto nesse dia. Muito linda, a toalha. Feita com aquela paciência de avó.
    Do que eu gostei mais nesse dia foi de ter estado com o teu Pedro e contigo. Colinho da Mar durante uma tarde:)
    E sim, passamos a vida a guardar coisas. Melhor vivê-las, não? E que seja em harmonia com registos diferentes, que o mundo e as pessoas não são a preto e branco.

    Beijos nossos.

    Mar

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  8. Olá Patrícia:

    Esse post foi a propósito de um dos meus copos preferidos. Entretanto, já parti outro. Faz parte do tal processo. Viver com a possibilidade de quebra, de queda. Bom que tenhas gostado. E que o teu fim-de-semana esteja a ser de coisas que façam bem

    Um beijo.

    Mar

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  9. Olá Isabel:

    Ninguém merece. Conselhos de Turma às 18.30 de uma sexta-feira:)?
    E sabes, no fundo é como se se escrevesse, a vida. Isto de ir buscar coisas que estavam quietas. Acho que deve ser isso. Dar continuidade, como dizes. Obrigada pelos teus parabéns superlativos:)

    Um beijo.

    Mar

    PS: Combinem a data e digam. A ver se acontece uma mesa com coisas misturadas:)

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  10. Olá Ilídia:

    Nada de museu, acredita. Acaba por ser tão amálgama como as mesas, a casa. Não gosto da acumulação por si, os objectos têm de ter um sentido, um propósito. Ou vários, quando podem estar à mesa. Obrigada por teres gostado:)

    Um beijo de boa semana.

    Mar

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