...because cruelty is always possible later.










































 Uma inscrição recuperada. A verdadeira está gravada em pedra, nos jardins da casa da Peggy Guggenheim, em Veneza. Ela lá saberia por que é que mandou gravar esta frase num banco de jardim. Deviam ser sulcos na pele de cada um de nós, estas palavras. Para não nos esquecermos daquelas coisas. A bondade. A ternura. A generosidade. É que o difícil é sermos bons. Fácil é o contrário. E como o mais provável é a crueldade, o mais possível de ternura e de bondade. É que o mundo carece da ingenuidade de acreditarmos em duas palavras tão brancas.
Na mesa da ternura e da bondade, uma salada que faço sempre nos dias que aquecem o mundo. Esta:
Salada (muito) de Verão
Tomate coração-de-boi + fatias de papaia + orégãos + lascas de Parmesão + flor-de-sal, azeite e vinagre de vinho branco q.b.
A sequência deve ser esta: tomate cortado e um pouco de flor-de-sal. Depois, a papaia em cubos e os orégãos. Nesta altura, tempera-se com o azeite e o vinagre. No fim, as lascas de Parmesão.
NB: Pode ser temperada com uma meia hora de antecedência e guardar-se no frio, para estar naquele ponto muito de Verão:)
Com a mesa e a salada muito de Verão, um exército de sete nações feito música.


12 comentários:

  1. Muito fresco, este post :) Desde as palavras sábias no centro da mesa, à salada. Gostei da avenca associada à hortência (muito Açores :)

    Um beijo,
    Ilídia

    PS: Ao contrário de ti, por aqui ainda há caos (andam a pintar o escritório - imagina a confusão no resto da casa :(

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  2. Ainda não consigo gostar de papaia... e já tentei tantas vezes... de resto, adoro essas saladas frescas, com o sabor forte do queijo a contrastar. E gosto da música, pena que acabaram...
    Um beijo.

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  3. Devia haver inscrições destas em muitas mesas por esse mundo fora. É lamentável haver tanta competição e egoísmo e não haver mais bondade e ternura. Apesar de ser mais fácil ser cruel é demasiado desgastante e faz muito mal ao nosso interior.
    Depois aparece esta mesa linda, simples com saladas de verão e flores que fazem lembrar o meu cantinho, como disse a Ilídia!
    Uma boa semana, cheia de sabores de verão e com muita bondade e ternura!
    Graça

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  4. Sábias as palavras da inscrição. Saboreemos então a bondade e os apontamentos bonitos, pois a crueldade espreita e vem muitas vezes através das palavras e dos gestos de pessoas de quem menos esperamos.
    A tua salada está mesmo como gosto, bem mediterrânica.
    Beijos grandes.
    Patrícia

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  5. Que lindo ;) Tudo. Sabes que se percebe que o espaço está diferente? Talvez pela luz/iluminação. As palavras assim não devem ser esquecidas. Pelo contrário: cristalizadas para lembrar isso muitas vezes. Um beijo. Está um ar irrespirável, aqui no Porto. Fumo por todo o lado. Incêndios e gestos que são o oposto desta inscrição. Que mundo cruel, afinal...
    Babette

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  6. Querida Mar:
    Se a memória não me falha, recordo esta frase numa página escrita por si, com o seu cunho próprio, acrescentando ainda mais sentido ao que é dito. Assim, como a Mar faz questão de ser: bondosa e terna. Vermelho e amarelo na sua salada, bela combinação de cores. E gosto muito da avenca por lá a enfeitar. Muito bom gosto em tudo o que aqui publica. No seu total, é um belo livro. E nós, os seus leitores fiéis.
    Beijinhos.

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  7. Olá Ilídia:

    Foi intencional, isso das avencas e das hidrângeas:) Queria um bocadinho de Açores à mesa. Estas palavras ficaram-me. Parei neste banco de jardim. E pensei em muitas coisas. Na altura, não imaginava o que estava para vir. Nunca imaginamos, não é?

    Um beijo.

    Mar

    PS. A parte boa do caos é o depois. Organizamos. Por fora. E por dentro. Fiz este processo, estes dias. Mais do que nunca. Vai ficar tudo lindo, por aí. Prontos para mais um dos vossos Invernos:)

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  8. Olá Vera:

    Acontecia-me o mesmo. Só comecei a gostar depois de ter estado no Rio. Todos comiam ao pequeno-almoço e pareciam tão felizes, por que é que eu haveria de ser diferente?:) Mas percebo. Há determinadas coisas que não conseguimos e pronto. Sabes uma coisa? Um bocadinho de sumo de papaia no tempero de qualquer carne e há uma espécie de magia:)

    Um beijo.

    Mar

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  9. Olá Graça:

    Era capaz de ser uma boa ideia. Mesas pelo mundo fora com uma frase terna. Ou então não, que parece andar tudo tão trocado. Em todo o caso, são duas palavras tão bonitas de dizer. De escrever. A ver se ficam, que não obstante uma série de coisas, acredito persistentemente nelas.
    As pessoas dos Açores estão sempre à minha mesa, Graça. E isso é bem lindo.

    A mesma semana cheia de coisas que sabem a Verão, bondade e ternura.

    Mar

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  10. Olá Patrícia:

    Mesmo de saborear. A salada mediterrânica. A bondade. A ternura. Aquilo da frase é verdade. Sei do que falo, infelizmente. Por isso, quando há coisas ternas e boas, é mesmo de viver com intensidade. E gratidão.

    Um beijo para ti.

    Mar

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  11. Olá Babette:

    Tu e a Ilídia já viram um bocadinho da diferença, em mensagens felizes:) E sim, as luzes estão outras. Recuperei uma série de candeeiros que estavam noutros sítios. Sabia que ficariam bem aqui. E ficaram:)
    Está cristalizada em mim, a frase. A ver se é um abrigo.
    Por aqui, o mesmo ar irrespirável. E trágico.

    Um beijo.

    Mar

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  12. Olá Lusitana:

    Esta frase já faz parte destas coisas, sim. Uma fotografia das minhas coisas de Veneza. Deste museu, nem me lembro bem dos quadros e assim. Deve ser uma espécie de sacrilégio ou de heresia dizer isto, mas não me demoro muito nos museus. Quero sempre ver um quadro, dois. Demoro-me a olhá-los e depois saio rápido:) Neste caso, andei pelo jardim. E parei neste banco. Nesta frase.
    Acho que tento não fazer mal a ninguém. E sou imediatamente terna, sim. De vez em quando corre muito mal, mas faz parte do processo.

    Gostei de a ler:)

    Um beijo para si.

    Mar

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