Um certo arroz de pato.






































Esta foi a comida que marcou a vontade de regresso. Foi o que desencadeou. Por achar que valia mesmo a pena partilhar. Que a ideia de partilhar não estava adormecida ou guardada dentro de uma caixa que se coloca dentro de outra caixa.
Arroz de pato era tão-só uma daquelas coisas que comia porque a minha mãe olhava para mim à mesa. Bastava "aquele" olhar para saber que era para comer e mais nada:) Em todo o caso, isso não me impedia de achar que era comida insípida, inofensiva. Até que aconteceu isto:
Um certo arroz de pato
2 peitos de pato + metade de uma laranja + 2 talos de aipo + 2 cenouras + 1 cebola picada + metade de um pimento vermelho + 200 g de bacon + 1 chouriça + 500 g de arroz carolino + pinhões, passas, salsa, coentros, sal e azeite q.b.
Antes de mais, elimina-se a pele dos peitos de pato, antes de se levar a cozer. Coloca-se num tacho com cerca de 2 litros de água, acrescenta-se a metade da laranja, um talo de aipo e uma cenoura inteira. Tempera-se com sal e um fio de azeite. Depois de começar a ferver, deixa-se estar uns vinte minutos. Quando a carne estiver cozida, retira-se da água, desfia-se e reserva-se. O mesmo deverá acontecer com o caldo aromático onde o pato esteve a cozer.
Num outro tacho, coloca-se a cebola picada, o bacon e a chouriça cortados em pedaços pequenos e o pimento. Refoga-se um bocadinho em azeite e acrescenta-se o arroz. Envolve-se o arroz e deixa-se "fritar" durante um ou dois minutos, mexendo sempre. Logo a seguir, junta-se o pato desfiado e envolve-se. Depois, acrescenta-se a água onde cozeu o pato (que deve ser o dobro da medida de arroz), tempera-se com sal e deixa-se evaporar. Quando estiver quase, coloca-se por cima a mistura da primeira imagem ( pinhões, passas, salsa, coentros e cenoura ralada). Uns segundos depois, envolve-se tudo muito bem e leva-se ao forno. Decorridos 15 minutos em fogo médio, pincela-se com uma gema de ovo num pouco de leite. E deixa-se ficar dourado.
O vinho da Quinta do Crasto torna este certo arroz de pato ainda mais certo. Qualquer um dos vinhos daquela quinta faz com que tudo seja um bocadinho mais certo. Este é o que fica hoje. Prazer quotidiano.  



10 comentários:

  1. Bem vinda de volta...com ou sem um certo arroz de pato, é agradável saber que teve vontade de regressar.

    Beijinho

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  2. Sabes que este certo arroz de pato passou a ser o preferido do meu Zé ;) E sim, tinha de ser partilhado! A ver se eu tento fazer igual ;)... Já o disse, mas já tinha saudades destes teus registos. Mesmo sabendo que temos o outro: o da presença quotidiana na vida de todos os dias. Nos bons e nos maus momentos. Obrigada;)
    Babette

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  3. De volta. Sim. Com arroz de pato. E outras coisas:)

    Obrigada pelas boas-vindas. Bom saber que ainda está aí.


    Um beijo.

    Mar

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  4. Olá Babette:

    Do Vasco também:) Disse assim. Nunca achou grande piada a arroz de pato. Até saber que podia ser assim:)
    Eu também tinha saudades destes registos aqui. Muitas. Bom quando é assim. Termos muitas saudades das coisas e das pessoas e resolvermos o assunto:) A vida está tão cheia de coisas mal resolvidas.
    De nada. Nos bons e nos maus momentos.

    Um beijo.

    Mar

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  5. Uma versão bem diferente de arroz de pato. Nunca cozinhei pato, mas ando com vontade. E este teu arroz parece-me muito bem.
    Sabe bem voltar a ver comida feita por ti. Sempre inspiradora, a minha amiga Mar :)
    Um bom fim de semana grande.
    Um beijo,
    Ilídia

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  6. De repente... fiquei literalmente de boca aberta. Estarei a ler bem, é mesmo Coisas d'amar? Optei por confirmar eu mesma.
    Que boa notícia para quem aguardava o seu regresso, (fui vária vezes à sua procura).
    Obrigada por voltar e querer partilhar connosco os deus textos e as suas receitas.
    Ah e sem menosprezar de todo, as suas escolhas musicais.
    Um bem haja para si e saiba que há gente feliz (sem lágrimas) com a sua presença neste espaço "impalpável"!
    Um beijo de boas vindas,
    Helena Mendes

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  7. Olá Ilídia:

    Também sentia a falta de deixar comida. A ver se fazes arroz de pato. Nesta versão. Ou na que te apetecer:)

    Um beijo da tua amiga Mar. Já no final dos tais dias maiores:)

    Mar

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  8. Olá Helena:

    Bem lindo, isso da gente feliz sem lágrimas.
    E enorme, essa formulação. Haver alguém que nos aguarda ou que vai à nossa procura. Tenho precisado de me lembrar disso, apesar de todas as coisas gratas. Obrigada.
    E sim. De volta. Com coisas para partilhar.
    Bom que aí esteja.

    Um beijo.

    Mar

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  9. Boa noite Mar,
    Só mais uma confidência...
    Já fiz o arroz para a minha família, no dia que o meu filho fez 18 anos. Foi um sucesso!
    Obrigada por me deixar feliz a cozinhar.
    Helena Mendes

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  10. Olá Helena:

    Confidência com felicidade dentro, essa. Uma amiga acabou agora mesmo de me dizer que amanhã vai fazer o "meu" arroz de pato para o amor dela:)
    Obrigada a si. Muito. E sim. Que seja mais e mais feliz a cozinhar.

    Um beijo.

    Mar

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