May e Axel Vervoordt.







Um livro pode ser assim como uma casa. Exactamente por aquela ideia repetida a muitos propósitos, por nos sentirmos "em casa". Inspirador a cada página, o livro a que tenho voltado uma e outra vez. Com a cadência das estações do ano a marcar o avançar das palavras e das imagens. Na comida. Nas mesas. Nos ambientes. As cores sempre renovadas da Primavera. O Verão vivido ao sol. O recolhimento doce do Outono e do Inverno.
O apelido Vervoordt tem ressonâncias que me são especialmente gratas. O universo dos antiquários. A poesia dos objectos mais essenciais. A arte que não esmaga, de distante. O antigo e o contemporâneo nos mesmos espaços. O olhar renovado, face ao que se degrada com o tempo. Mais ainda, depois deste livro. Porque antes do apelido, vem agora um nome breve: May. Os ambientes do tal apelido sempre me pareceram vividos. Não pressentia aquela aura intocável de galeria. É que o homem dos lugares cheios de poesia tem uma mulher que preenche os espaços que seriam "só" de contemplação. Nas mesas dele, ela põe uma toalha de linho e pratos de cerâmica sobre marcadores de prata. E flores. Muitas. Em jarras e copos de água. Depois, dá-lhes vida. Com comida que é os dias dos anos a passar.
Fica-se com muito, depois deste livro. A mim, chegou-me pelo homem que me ensinou a amar as pedras. Partilho-o. Entrego-o aqui também. Pousado numa das pedras que é poesia muito branca.
E música do género de se espalhar pelo meio de claustros.
  

8 comentários:

  1. Esta música é qualquer coisa! Adoro. Já a conheço há algum tempo, de a ouvir na rádio, mas nunca tinha fixado o nome. Obrigada.
    Maria

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  2. Olá Maria:

    Pois agora já tem nome, a música que já tinha ouvido:) Muito bom, James Blake. Um som onírico e muitas outras coisas.

    Obrigada a si.

    Mar

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  3. Fiquei com vontade de comprar o livro. Já o fui espreitar ao Amazon. Parece realmente inspirador.
    Quanto a James Blake, também gosto muito. Ouvi-o pela primeira vez na Antena 3 e fui à procura de mais :)

    Um beijo,
    Ilídia

    PS: Tudo corrigido! Falta pensar nas notas de uma turma. E corrigir exames nacionais :(

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  4. Olá Ilídia:

    Este livro tem muito a ver com o teu espírito. E é de ler, por não ser meramente instrucional. Ela tem um jardim e uma horta (tal como tu). As coisas com que faz comida vêm directamente da terra, na maior parte dos casos. Gosto da ética e da filosofia dela. E das mesas. E da maneira desenfadada e elementar com que fala da comida.
    E James Blake é do género de se querer ouvir mais e mais.

    Um beijo.

    Mar

    PS: A ver se há exames nacionais para corrigir. Anda tudo às voltas com isso. E eu não sei bem o que é que está certo.

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  5. Muito bonitas as imagens do livro, tão felizes os livros a que voltamos sempre. Gostei muito do que escreveste hoje. Tenho vindo de fugida espreitar, mas é por estes textos que dou conta das saudades que tinha das coisas da minha Mar. E James Blake !

    Beijinhos da minha sesta fora de horas !

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  6. Olá Pipinha:

    Sei o que é isso de sestas fora de horas:) Dorme o mais que puderes, sim?
    Muito lindo, este livro. Ando a lê-lo por estações. E a descobrir muitas aproximações. Por estes dias, as mesas da tua amiga Mar são muito May:)

    Um beijo grande para ti. E outro para o teu Pedro pequenino:)

    Mar

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  7. Estou absolutamente curiosa pelo livro. As tuas descrições dele têm tido esse efeito. Agora as fotos. E a vontade de eleger, no meio de tanta coisa, a beleza das coisas simples. Sem muitos elementos perturbadores. Um minimal muito pouco "mínimo". Cheia de virtudes, essa possibiidade.
    Um beijo.
    Feliz por regressar.
    E com muitas saudades das coisas que são de amar...
    Babette

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  8. Olá Babette:

    Lembrei-me de fotografar as páginas por tua causa:) Quando te falei do livro, andaste a ver se adivinhavas as páginas. Assim já tens um vislumbre, vês?
    É mesmo de se ficar curioso. Um pequeno tesouro, este livro. E ela colecciona colheres de pau e cerâmica aleatória, vindos de lugares diferentes. Eu também:)
    Bom que tenhas regressado. E que estejas feliz!

    Um beijo.

    Mar

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