Como no cinema.





























É assim como se as pessoas fossem personagens. Nos hotéis. É como se fosse um filme. Ou um palco transitório. Habitado com reserva prévia. Ou então, não. Chega-se sem rede. Sem reservas. Se somos todos pequenas narrativas. Se somos todos feitos de tragédias mais ou menos (in)significantes. Se somos todas as pessoas que habitam em nós. Somos mais isso nos tais lugares onde chegamos, sabendo antecipadamente que iremos. Mas há o intervalo de tempo. O que acontece entre chegarmos e irmos.
A memória de uma cidade é, para mim, impossível de separar do lugar onde os nossos olhos se fecham até ao dia seguinte. Roma será sempre o Majestic. Roma será sempre a Via Veneto. As árvores no Inverno. As luzes dos carros. O céu, visto de uma daquelas janelas altas. E a sensação de ser um lugar do género de baralhar as cartas. Ou as premissas. O primeiro andar faz com que pareça que o tempo retrocedeu. As madeiras respiram, austeras. Os espelhos dizem que há muito que muitos rostos tentam decifrar-se neles. E depois o resto. Os outros lugares deste lugar. Habitados pelas pessoas que me parecem personagens. Tento adivinhar as narrativas. Desde pequena. Ler os sinais. Se parecem estar felizes. Creio que procuro sempre perceber as maneiras diferentes de se ser feliz, nos rostos cruzados. Porque fui aprendendo que se é feliz de muitas maneiras diferentes. E infeliz também. Ler essa parte é o mais complicado. Aquilo das pequenas tragédias. Mas uma humanidade partilhada, comum. Guardados, os rostos. As narrativas transitórias. E o lugar. Com esta música. Com estas imagens. Aconteceram ali. E há qualquer coisa de dádiva, na música que acontece sem sabermos que ela iria acontecer. Sem escolhermos. Como no cinema.

12 comentários:

  1. I'm sure you can't get these memories out of your mind. Um espaço que adivinho mágico. Depois de ter assistido ao filme Anjos e Demónios, com Tom Hanks como protagonista, fiquei mesmo com vontade de conhecer Roma e o Vaticano. Um dia. Por agora fico a aguardar o ir.
    Um abraço e um resto de boa de semana. (Iupi, hoje já é quinta)
    Patrícia

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  2. Minha Mar:
    Um dia tão longo! E cheio de coisas. Sem respirar. Uma pausa mesmo antes do jantar. Para dizer que de Roma ficam muitas coisas. Muito provavelmente o espaço onde dormimos e a rua que mais percorremos serão as memória imediatas. Sensoriais. E adivinha-se lindo, o sítio majestoso onde ficaste.
    Bom estares hoje aqui.
    Desde manhã que sim, logo depois da mensagem a que não consegui responder!
    Beijo
    Babette

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  3. Que lugar bonito. Nas cores, nas formas, nas luzes. No lugar que guarda gente tão distinta, como escreves tão bem. Engraçado esse exercício de os adivinhar, aos outros. Enquanto descansamos os olhos, as pernas, numa sala assim, tão bonita !
    Será então sempre este hotel, Roma. E uma serie de lugares onde estiveste e onde ainda has-de ir em Roma.
    Um beijinho,
    De bolos com chocolate !
    Da Pipinha

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  4. Olá Patrícia:

    De permanecer, tudo. Os lugares todos onde caminhamos. Os que são longe. E os de todos os dias.
    E há muitos sítios pelos quais aguardo isso de um dia. Outros tantos que são os de voltar. Essa dimensão faz parte de nós. Aquilo do "um dia".
    E é sexta-feira à noite, agora que escrevo:)

    Um bom fim-de-semana para si.

    Mar

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  5. Olá Babette:

    Sabia que sim. Que estaria a ser um dia longo. A rua onde mais caminhamos. O lugar onde dormimos. Será o que fica mais. Imediato e sensorial.
    A mensagem era assim informativa: que já estava aqui outra vez, depois dos amuos do blogger:)

    Um beijo de bom fim-de-semana.

    Mar

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  6. Olá Pipinha:

    Deliciosos, os bolinhos que vieram comigo, depois da nossa tarde. Com roupinhas pequeninas e azuis à mistura:) Souberam tão bem ao António. Um gosto, vê-lo.
    Pessoas muito diferentes entre si, as deste sítio. Fiquei sem conseguir situar: se era um lugar nostálgico ou "à frente":) E claro que sim. O que há-de haver em Roma. Mais. Muito. Bem que o Vasco dizia que eu iria gostar muito. Estava certo.

    Um beijo para ti. Outro para o bébé ainda sem nome:)

    Mar

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  7. Parece um lugar muito especial, este Majestic. Pelas imagens, adivinha-se um daqueles lugares em que o passado e a modernidade convivem harmoniosamente. Gosto muito das fotografias. Muito mesmo da segunda, que mostra sem mostrar bem. E sabes, lembrei-me de um post teu, já antigo, em que falas de um hábito de deixares escritos espalhados pelos sítios onde dormes :) Daqui a tempos, vais arrancar um sorriso a uma das personagens de que falas :)
    Um beijo,
    Ilídia

    P.S.: Vejo que o problema técnico está resolvido :) Ligo-te um dia destes.

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  8. Querida Mar:

    Bem interessante a representação que faz da passagem por um hotel. Como se já o tivesse sentido também, mas nunca tenha sido capaz de o dizer assim tão bem. É de facto isso, uma narrativa transitória que acontece num palco transitório. Como se fizessemos parte de um filme, nos tranformassemos em suas personagens mas simultaneamente em espectadores de outras personagens cujo história procuramos desvendar pelo olhar imaginário. E como é engraçado esse exercício!...
    Mais uma vez adorei este texto que escreveu a propósito de uma visita a Roma, que eu ainda não conheço. As fotografias fazem adivinhar um Hotel encantador, feito de bom gosto e atmosfera mágica.

    Um beijinho,
    Isabel

    PS: Como já sabe, hoje estive com o Vasco em Viseu. Um dia destes telefono-lhe para conversarmos um pouco. Mais uns dias se as notícias que aguardo forem boas...

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  9. Olá Ilídia:

    O passado e o contemporâneo juntos. E em harmonia. Gostei. E gostei que tivesses gostado da fotografia desfocada:) Hei-de regressar ali. Talvez ainda esteja lá o papel dobrado, bem camuflado:) Faço sempre isso, sim. Nos lugares transitórios por onde ando, deixo um papel muito pequeno. Com coisas escritas. A maior parte das vezes, sem importância para outros olhares que não o meu. Uma data. E está. Depois escondo-o:)
    E sim, já resolvi os tais problemas técnicos. O Blogger queria o Google Chrome. Se te acontecer o mesmo, é por isso.

    Um beijo.

    Mar

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  10. Olá Isabel:

    Tenho-me lembrado tantas vezes de si. Gostei tanto quando o Vasco chegou, a dizer que tinha estado com a "minha" Isabel:). E nem nos conhecemos nem nada. Por enquanto:)
    As efabulações que faço sempre, são mais nestes lugares. Fico meio distraída. A tentar ler os sinais. O Vasco ri-se um bocadinho e deixa-me estar a olhar sem ser ostensivamente:) O casal que parece zangado. Ou o pior: quando nem olham um para o outro. Melhor a versão em que se zangam. A raiva tem paixão. Vi um desses que nem olhavam um para o outro. Fiquei triste com o imaginário que construí para eles. Os solitários que depois vejo acompanhados, num restaurante qualquer. Mas sozinhos na mesma. O casal de meia-idade, de mãos dadas. Coisas assim:)

    Um beijo para si. Tenho pedido interiormente para que esteja tudo bem. Lembro-me e peço aos meus deuses cozinheiros:)

    Mar

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  11. Os sítios onde ficamos quando se viaja também nos marca e faz parte do nosso percurso. As fotografias são lindas, o hotel deve ser muito bonito.
    A música é das que mais gosto e tenho-a sempre no ouvido desde que a ouvi.
    Que volte ao Majestic!
    Um beijo,
    Graça

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  12. Olá Graça:

    Peço desculpa por só hoje responder ao seu comentário. Não tinha visto e fico sempre triste quando ficam as palavras em suspenso, meio sozinhas.
    Obrigada. A começar por isso. Por ter gostado desta impressão de um lugar que até podia ter ficado encerrado nas minhas memórias. E por isso de dizer: "que volte ao Majestic!". Creio que sim. Que hei-de voltar. Enquanto não, é sempre bom lembrar. E que me digam, de fora, que hei-de voltar:)

    Um beijo para si. Que esteja bem.

    Mar

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