Centésima Página.






Uma cidade deve ter (pelo menos) uma livraria. Livraria mesmo. Com uma porta a dar para a rua. Um lugar a que se chegue depois de termos passado pelos elementos. Chuva ou calor. Vento ou brisa. Quando é assim, a memória de uma cidade será indissociável do lugar onde, silenciosos, percorremos estantes sucessivas. Sempre que evoco Braga, vem a Centésima Página com a cidade toda. Pelo tácito. E por coisas que só são daquele lugar. Os pigmentos ocre das paredes. A possibilidade de parar para ler. Dentro, no meio dos livros. Fora, a respirar melhor as páginas de um livro acabado de comprar. A sensação é a que acontece com os livros: liberdade. Deambulamos. Paramos num sofá, à luz cálida de um candeeiro. Apetece tomar café sem mais. Existir demoradamente. Respirar por entre o que se vê. O que se lê. Dificilmente se compra livros por inércia. Tudo ali remete para o respeito fundamental pela palavra escrita. 
Fui sempre feliz aqui. De todas as vezes. Queria deixar a Centésima Página nestas páginas. Por todas as páginas que me vieram dali.

3 comentários:

  1. Um espaço muito bonito e agradável. Fica registado na minha memória, para visitar um dia que vá a Braga.
    Graça

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  2. Uma livraria que é um registo só por si. Capaz de determinar uma ida a Braga. Que seja uma boa memória para si, quando sim.


    Um beijo.

    Mar

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  3. Adoro descobrir esses lugares. Lugares com alma, apesar de a tua carteira nesse dia ser outra ;)
    Sei quanto gostam de livrarias. Essa é linda!
    Babette

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