Premeditação.





Absolutamente premeditado. Calculado. Pensado. Objecto de gestos ponderados. Primeiro escolher o dia certo. Depois, escolher tomate bem verde. A seguir, fazer coisas de um dia para o outro. Aparentemente destituído de impulso, o doce de tomate verde feito hoje. Dias assim pedem coisas assim. Doces feitos com tempo. Vigiados com atenção doce. Para ficarem bem. No ponto que queremos e que há-de fazer bem.
Um recurso precioso, este doce. Para lanches. Para ir comendo com bolachas muito leves. Ou para sobremesa, sobre lascas de parmesão. Receita da Maria de Lourdes Modesto. Ligeiramente adaptada. Mas a vir dela. De uma página guardada há anos, retirada das folhas do Diário de Notícias. Quando havia receitas dela, lá. Acrescentadas de coisas pequenas que nós sabemos que fazem uma grande diferença, nisto de fazer comida. Fazem falta, as receitas dela em páginas feitas da espuma dos dias.
Um doce vindo de uma das minhas maiores referências. A Maria de Lourdes Modesto. Para a Babette. Que me pediu que o fizesse. Assim: "Vê lá se fazes o tal doce!" Hoje. Fiz hoje.

Doce de tomate verde

2 quilos de tomate verde + 1,5 quilo de açúcar + 1 limão

De véspera, corta-se o tomate e o limão em rodelas bem finas. Deixa-se a macerar no frio, em camadas alternadas de tomate, limão e açúcar. No dia seguinte, leva-se ao lume até formar ponto de estrada. A minha adaptação da receita original é esta: quando o doce está quase pronto, retiro as rodelas de limão e reservo. Depois, passo a varinha mágica (sem ser continuamente). No fim, devolvo as rodelas de limão ao doce. Apercebi-me de que fica melhor assim, a consistência.

Depois deste ritual, outro. O de colocar em frascos. Colheres de felicidade em tons de verde. Dentro de frascos. Reservas possíveis de felicidade. Premeditadas, estas.

8 comentários:

  1. Querida Mar,

    Nunca fiz doce de tomate verde. Deve ser bom. Também adoro esses papelinhos recortados de jornais que se vão acumulando em cadernos ou mesmo soltos.

    Um beijo

    Fa

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  2. Um doce diferente que desconhecia por completo mas as imagens cativaram-me e despertaram a atenção para a cor e consistencia do doce. Esta é uma daquelas coisas que tem de ser premeditada, porque requer tempo, mas sabe tão bem.

    Graça

    P.S. Peço desculpa pela falta de acentos e de pontuação mas estou com problemas no teclado.

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  3. O doce que te pedi... Que te sujeitou a premeditação e tudo. Lindo que ficou! Uma receita daquela que admiramos muito e servido naquele prato que tanto gostamos. Obrigada por me teres satisfeito o pedido ;) Havemos de o comer aqui, então. Na minha nova casa.
    Um beijo grande. Com um obrigada ainda maior!
    Babette

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  4. Pequenos rituais que nos sabem tão bem. As tais pequenas coisas que nos acalmam e nos fazem mais felizes. Gostei muito do teu doce premeditado.
    Um beijo,
    Ilídia

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  5. Sim, minha Fa. Muito bom. O doce. E também o que se guarda nos papelinhos recortados. Os resultados podem bem ser coisas destas. Doces.

    Um beijo.

    Mar

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  6. Olá Graça:

    De vez em quando, os computadores trocam-nos as voltas. Ontem foi o meu, que não me deixou responder a comentários. Fez birra ou assim:)
    Também não sabia, antes de o ver nas tais páginas de que falo. Uma delícia só. A ver se experimenta. Depois de o premeditar:)

    Um beijo.

    Mar

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  7. You're welcome, Babette:) Fizeste bem. Tinha a ideia há imenso tempo. Mas adiava. O teu tom naquele dia ao telefone resolveu tudo. O poder de uma frase imperativa:) O facto é que até fui menos impulsiva do que o costume. E pensei de véspera no que iria fazer no dia seguinte e tudo.
    Levo-o naquele dia:)

    Um beijo.

    Mar

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  8. Olá Ilídia:

    Sabe mesmo bem fazer um doce. Mais ainda quando o dia é de muita chuva, como aconteceu. Apetece que o tempo demore muito a passar. O António adorou. Com torradas. Pode ser que o teu Manuel também goste, se experimentares fazer. Eles parecem ter gostos muito próximos:)

    Um beijo para ti. Que estejas bem.

    Mar

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