Seja o que for.




Parece veludo branco, quando se olha. Num primeiro gesto, dá-se conta de haver mais qualquer coisa. Isso é o que acontece ao olhar. Logo a seguir, vem a parte em que se sente. Aquele efeito de uma sopa quentinha. Penso sempre que não deixa de ser curioso. Porque é uma daquelas coisas de todos os dias, no fundo. Uma sopa faz-se muito rápido, a maior parte das vezes. Não obedece a procedimentos muito elaborados. A base é simples, mesmo que possamos complicá-la. Ou sofisticá-la. Em todo o caso, aquilo que tenho aprendido nestes anos todos, é que as sopas mais simples são as que fazem melhor. E as que nos dizem palavras que podem ser assim como veludo branco. Ao ouvido. Uma e outra vez. Todos os dias isto. Até pode ter sido um dia complicado. Até pode ter acontecido sentir que não se é mesmo nada. Mas o ritual de fazer uma sopa, por ser tão humilde, tão à medida das nossas limitações, reconcilia-nos com aquilo que em nós vai abaixo. Seja o que for que aconteça, ser capaz de fazer uma sopa, há-de ser sempre possibilidade de colo. Daqueles que não se pede a ninguém. Como se pudéssemos olhar-nos de fora e concedermo-nos o conforto de um colo. Seja o que for que venha por aí.

Creme branco de courgettes com ovos e hortelã

1 cebola + 2 courgettes + 1 batata + 3 ovos + azeite, sal e folhas de hortelã a gosto.

Faz-se um refogado breve com a cebola e o azeite. Depois, junta-se a batata e as courgettes (sem a casca) partidas em pedaços. Preenche-se com água até cobrir os legumes, um pouco de sal e fecha-se. Quando começar a ferver, reduz-se o fogo e deixa-se cozer mais uns 10 minutos. Passa-se depois até ficar bem cremoso e junta-se as gemas dos ovos. Deixa-se estar cinco minutos e retira-se as gemas, para serem partidas em pedaços pequenos. Mistura-se as gemas e a hortelã no creme e mais sal e azeite, caso seja necessário.

Com o creme branco que pode ser um colo, o colo maternal da Milky. Faz parte, ela. E eles, agora. Tinham de ficar aqui. Há anos que aqui ficam as coisas que vão acontecendo. Hoje fica o primeiro registo dos gatinhos da Milky. Ainda sem nome.

NB: O queijo de Évora da imagem não é ornamental. O creme fica muito bem com lascas deste queijo do Sul.

12 comentários:

  1. Por vezes são as comidas mais simples que nos dão o conforto e consolo de que necessitamos em determinado momento. Simples e cremosa esta sopa para amaciar um dia em que nos sentimos menos bem.
    Os gatinhos são lindos e a fotografia demonstra muita ternura.
    Um beijo de boa semana com muitas sopas para confortar!

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  2. As sopas são reconfortantes, é verdade... assim como a tua escrita... as tuas palavras...

    Que lindos gatinhos...

    Boa semana!!!

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  3. Gostei tanto desta sopa. Já te perguntei e tudo, como se faz com as gemas. A parte gulosa desta sopa que apetece experimentar. E os pratos, tão lindos. Tão bela que pode ficar uma sopa branca numa taça azul...
    A Milky parece muito serena no seu papel de mãe!...
    Babette

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  4. Pois é. A sopa traz-nos mesmo isso. E é naquela hora. Em que no fim do dia, depois da água, do pão, de todos à mesa,se respira por fim, já sentado, e se dá o primeiro golo na sopa quente. Finalmente!
    Gostei do teu texto que compara a sopa ao colo, como o colo da Milky que agora é mãe e é toda colo. Que lindos os gatinhos, o preto e o malhadito. Ontem foi bom voltar a pegar num gatinho tão pequenino!
    Hei-de fazer uma sopa assim, como a tua !

    Um beijo da Pipinha

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  5. Olá Graça:

    O bom de poder haver uma sopa, não é? Para tornar menos ásperos os dias. Ou só para reforçar aquilo que em nós quer que a vida seja mais macia.
    Muita ternura quieta, a da Milky. Uma mãe que é como as mães devem ser. Um colo macio para os gatinhos dela.

    Um beijo de boa semana para si também. E obrigada.

    Mar

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  6. Olá minha Sophy:

    Sempre generosas, as tuas palavras para as minhas palavras. Obrigada por ti. E boa semana com exclamações:)

    Mar

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  7. É só deixar cair as gemas no creme e esperar um bocadinho, até que fiquem cozidas. Depois é só disseminar os pedaços que fazem bem. O António adorou. A ver se acontece assim com os teus dois índios:) Lembro-me sempre de que gostas destas coisas azuis. E vês, o azul fica tão bem ao creme branco:) Quase tão sereno como a Milky.

    Um beijo para ti.

    Mar

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  8. Olá Pipinha:

    Sim, qualquer coisa de finalmente nesse gesto da sopa. Tu és assim como eu, nestas coisas. Ou eu sou como tu:) Gostamos de pão. De sopa em vez de entradas com coisas misturadas. E de água. Embora eu seja muito de não abdicar de um copo de vinho:) Dá para as duas coisas, que é o que interessa.
    Fez-me bem ver-te feliz a pegar nos gatinhos da Milky, ontem. A ver se lhes damos nomes.

    Um beijo.

    Mar

    PS: E a minha intuição estava certa. Esqueceste-te de um prato aqui em casa. Deixas sempre alguma coisa:)

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  9. Que conforto, este post. Sopa e gatos. Não há nada mais reconfortante do que chegar a casa e sermos recebidas por uma sopa e um ronronar :) Estive a preparar a aula de amanhã e a Micas esteve a fazer-me companhia, deitada sobre os papéis :)
    A imagem da Milky com os seus gatinhos é de uma ternura imensa. Obrigada por a partilhares connosco :)
    Um beijo para ti e festinhas nesses bichanos (apetece pegar neles, de tão fofos que são :)
    Um beijo,
    Ilídia

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  10. Olá Mar,
    que sopa agradável deve ter ficado, e muito reconfortante.
    Um beijinho e obrigada pelas tuas visitas

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  11. Não é que alguma vez me tivesse imaginado com três gatos em casa:) Nunca tinha tido gatos nem nada. Só cães. Mas sim, reconfortante. E exigente, também. A Milky é um bocadinho caprichosa. Quer muita atenção:)
    E estão a crescer tão rápido, os gatinhos sem nome. Hoje fui vê-los ao final da tarde, assim que cheguei. Uma ternura só.

    Um beijo.

    Mar

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  12. Olá Gisela:

    Muito de confortar. Muito de tomar conta de nós, uma sopa. E eu gosto muito de ir ver as tuas receitas.

    Beijo.

    Mar

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