Por esta altura, é irreversível. Talvez por não conseguir achar que se deve reservar tudo para aquela noite. Apetece-me que esteja presente no quotidiano. Mesmo que isso não passe por aquelas evidências todas de centro comercial. Pode ser um prato. Pode ser um detalhe tão pequeno como esse. Como estes, que eu sei que não terão sido concebidos para cumprirem o destino primordial dos pratos normais. Mas também. Por que não? Se são tão bonitos? Se podem ser as duas coisas? Contemplados e vividos. Olhados no centro de uma mesa. E usados por cada um dos lugares que se senta à mesa. E cada um desses lugares poder ser uma vela que nunca tenha sido luz antes. Podia ser assim.
Este ano, as espécies de ensaios para a mesa de Natal. Até à noite das luzes mais quentinhas, até haver uma mesa definitiva de Natal, as que vou imaginando por estes dias. Para deixar ideias. Para registar cada uma dessas tentativas. Que acabam por ser só sinal daquela característica quase infantil. Aquilo do "mal conseguir esperar por". Acho que as mesas que são de Natal em dias que não são Natal são mais isso. Como se fosse possível recuperar vislumbres fragmentários de coisas que temos como irrecuperáveis. Também aqui, agora. E saber que Dezembro é sinal de mesas que se preparam para a da noite que cheira a gengibre e a canela. E que é chá quente bebido a sós. Depois da vida toda que houve à mesa. Enquanto o mundo repousa. A olhar as luzes de uma árvore de Natal. E a evocar a mesa do Natal que está a acontecer. Mesmo que a esta distância, ainda não saiba como vai ser. Mas o bom disso de não saber como vai ser uma coisa pela qual mal se consegue esperar. Como uma mesa de Natal. Pode ser tão simples como uma mesa de Natal.
Olá, Mar.
ResponderEliminarTambém sou do género de "mal conseguir esperar por". Curiosa, impaciente. Infantil. Linda, a sua mesa, com esses pratos pouco convencionais :) Está quase. O Natal está quase aí. Também não vejo a hora :)
Beijinhos para si e para os seus homens :)
P.S.: Espero que esteja a melhorar. Aceite o meu abraço "maternal" ;)
Também estou a corrigir testes. E, pelo que vi, pelo menos numa turma, as notas também estão muito fracas. Sei que não é do género de se consolar com a desgraça alheia, mas achei que devia saber.
Mar,
ResponderEliminarTodos os anos o mesmo ritual. Comprar estes pratos. E nunca me passou pela cabeça dar-lhes outro destino que não o de decoração. Efémera. Apenas durante o Natal. Muito linda a sua mesa. Parabéns e que continue a surpreender sempre com esta beleza tão sua.
Íris
Bem que somos parecidas, nós:) Tínhamos mesmo de coincidir num mundo tão alargado. Mesmo com mar entre e tudo:) Achei lindos, estes pratos. São edições limitadas da Vista Alegre. Cada um corresponde a um ano diferente. Achei piada à ideia de ter muitos Natais à mesa.
ResponderEliminarEstá em curso, a minha fragilidade. Começou devagar. Mas ameaça fazer o pleno. À tarde, aulas com febre. E pode imaginar o esforço. O curioso é que até correu bem. Uma análise de um discurso do Steve Jobs. Para dar a estrutura argumentativa. E não, não encontro o mínimo consolo no mal dos outros. E estou nessa sensação, também. Mais pacificada depois de ler as avaliações que eles fizeram das minhas aulas. E de estarmos todos com o espírito de fazer com que aquela turma não volte a ter tantas negativas. Isso há-de fazer com que corra bem, não é? Eu quero acreditar que sim, porque me senti derrotada, depois de dar 17 negativas numa turma. Nunca me tinha acontecido. E não quero mais disto. Fico triste por e com eles. E comigo. Uma série de coisas pouco luminosas.
Um beijo. Vai ver que as notas deles serão melhores. A Ilídia vai fazer tudo para que sim. Que eu sei.
Mar
Olá Íris:
ResponderEliminarEu percebi que sim. Que são do género de serem tidos como decorativos. Pela reacção da senhora que mos vendeu, sobretudo. Que reparou que eu estava a contar pratos consoante a previsão de lugares à mesa. Creio que resultam bem. Também não era difícil, por serem tão bonitos. Eu só me entretive a colocá-los nos lugares. E obrigada. Por ter gostado. Pela verbalização carinhosa desse gostar.
Um beijo para si. Gosto do seu nome. É de flor, tenho ideia. E é fácil de dizer. Íris.
Mar
Olá Mar,
ResponderEliminarMal posso esperar pelo ensaio das suas mesas de Natal, como sempre, irão ser cheias de pormenores interessantes.
Gostei muito do texto que escreveu, aparentemente um texto simples e com tanto conteudo.
Obrigada
Maria José Duarte
De tudo retenho especialmente o "não guardar tudo para aquela noite". Ou para uma qualquer outra noite. Como os meus lápis ainda não estreados ou os Menús Arte Nova tão bem guardados. Vou disciplinar-me a usar mais os dias. Na sua plenitude, ainda que sejam aparentemente dias banais. Mas serão certamente cheios de pequenos nadas que nos fazem felizes!
ResponderEliminarUm beijo
E as melhoras...
Babette
Olá Maria José:
ResponderEliminarA ver se os ensaios para o Natal não a desiludem:) Testes pequenos, para perceber o que vai acontecer à mesa do Natal. E obrigada. Mais uma vez. Pelo seu carinho.
Um beijo.
Mar
Sabes que acho que a chave estará nesses nadas muito pequenos? De vez em quando ocorre-me de uma maneira tão flagrante. Como se reparasse numa coisa que esteve sempre lá. E em que não reparei. Ou não quis ver. Usa tudo o que te apetecer. Pratas a uma terça-feira. Cristais num dia cansativo de trabalho. Velas todos os dias. Fica cá tudo. Nós passamos. Hoje morreu a mãe de um amigo muito querido. Uma senhora que cozinhava como ninguém. Para mim, a memória dela será sempre o pudim que me ensinou a fazer. Chamou-me lá a casa, para que eu a visse. E eu não me esqueço. Nós deixamos de existir. Nós morremos. E então, o libertador para mim, é pensar que quero muito que cada dia tenha um bocadinho de beleza. Ainda assim, estou triste. Mesmo com estas evidências todas. É triste deixarmos de existir.
ResponderEliminarUm beijo.
Mar
PS: Estou quase bem:) Já não tenho febre. É um princípio de recuperação, creio.
Fiquei triste por saber que estás triste. Tão plena, essa finitude. Consciente. E ao mesmo tempo tudo na não existência é incrédulo...
ResponderEliminarUm beijo especial para ti. E pensamentos no amigo que perdeu a mãe.
Babette