Fazer acontecer.



























São muito curiosos os mecanismos que fazem com que as pessoas coincidam. Há aquilo de nos sentirmos ligados a pessoas que fazem parte do nosso mundo desde que conhecemos o nosso mundo. Depois há os percursos. Ditados por escolhas. Coisas que determinam outras. E há coisas destas. Completamente imponderáveis. Completamente do domínio da graça. Coincidir com alguém. Alguém que pela ordem previsível não faria parte do nosso mundo. Mas sim. Um dia acontece alguém que não era suposto. Que não estava para acontecer.
E agora aqui. Aqui as imagens. Aqui palavras. Aqui dizer isto. Que a minha amiga Babette esteve lá fora no jardim. Que se sentou à minha mesa. Que bebemos champanhe todos juntos no terraço. Que brindámos às coisas todas que hão-de vir. Que os filhos dela e o meu foram pequenos índios ali fora. Mas que se portaram muito bem e comeram tudo:) Dizer que finalmente coincidimos numa data para que estas e as outras coisas todas pudessem ser reais. Não projectadas. Não adiadas. Não remetidas lá para frente. Indefinidamente.
Acontecer. Gosto muito desta palavra. Por podermos pôr nela o que quisermos. Primeiro acontecemos nas vidas uns dos outros. E isso não é controlável. Não nos pertencem os mecanismos pelos quais essas e outras coisas acontecem. E a seguir, nós. Fazemos acontecer. Ou não. Aí vem a parte da escolha. Fazemos acontecer ou deixamos cair tudo? Eu e ela somos de fazer acontecer. Por isso é que tivemos um dia lindo de sol. A uma mesa com flores e espelhos e azuis que tinham sido trazidos a pensar no dia em que viesse cá. E sim. Essas escolhas pequeninas fizeram sentido. Foram exercícios de escolha imperceptíveis. A preparar o caminho que a traria cá. Mesmo que até tenha sido um bocadinho mais longo do que estávamos à espera. Mas aconteceu. Já se pode conjugar o verbo assim. Aconteceu. Bom isto. De dizermos coisas que aconteceram nas nossas vidas. Pertence-nos isso. No fundo, é a única coisa que nos pertence verdadeiramente. O que vivemos. O que já nos aconteceu. Eu fico sempre feliz por dizer que aconteceu. Uma consciência da finitude. Que liberta. A ideia da minha finitude. E de isso poder ser iminente. De poder haver coisas imponderáveis e intrusivas que acabem com tudo. E com isso, tudo. Tudo o que não foi vivido. Tudo o que foi adiado. O almoço de hoje foi mais uma das coisas belas da minha vida. A Babette e a família dela são muito. São muito para mim. E eu nem sonhava que iria ser assim. Bom, não é? Acontecerem coisas e pessoas que nem sonhámos. E isso tudo, e nós fazermos acontecer mais.

14 comentários:

  1. Uma mesa muito muito bonita para brindar a presença da Babette e companhia à vossa mesa no jardim.

    Vim aqui apenas para dar os parabéns ao bom gosto da anfitriã (algo que já tinha deixado transparecer em outras mesas postas por aqui e não só).

    Como já referi anteriormente, é muito agradável presenciar mesmo através dos vossos blogs a amizade a crescer e florir. Afinal aos amigos nós só desejamos tudo de bom, e eu tenho o prazer de poder dizer que sou amiga da Babette. Por isso fico feliz por ela ficar feliz.

    Beijinho

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  2. E aconteceu também que foi assim possível chegar ao blog da Mar através da Babette.
    E poder apreciar a maneira de ser de ambas, tão em sintonia em tantas coisas.Boas pessoas, também. E uma Lusitana que passa uns momentos felizes enquanto vos lê. Que bela festa a vossa, nesse lindíssimo almoço feito com tanta dedicação e expectativa. Creio que foi a mesa mais bonita que vi no seu blog. A ementa então, pareceu-me deslumbrante.
    Beijinhos

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  3. Disse muitas coisas fundamentais. A começar pelo que disse no fim. Quando gostamos das pessoas, gostamos muito de tudo de bom que lhes aconteça. Desejamos tudo de bom. Registo isso com muito carinho. Por saber que a vossa amizade vem de longe. Que existia muito antes deste afecto.
    E sabe, é como escrevi há pouco no blog da Babette. Que o mais importante foi a ideia do acolhimento. As casas e os contextos são sempre muito diversos. Podem ser mais ou menos confortáveis. Mais ou menos belos. Mas a ideia de acolher é a mais preciosa. Com uma mesa. Com comida. Com carinho nas palavras e nos gestos. Andamos todos tão a precisar de coisas boas, não? E a ironia: tive um dia terrível. Não consegui parar um minuto. As fotografias do almoço continuam a não conseguir estar aqui. E uma sensação demasiado persistente de não estar a ser capaz de chegar a tudo. Isto tudo só para dizer que o seu comentário me fez bem. A propósito de uma pessoa que me faz bem. E isso é uma coisa pela qual devo expressar gratidão. A ver se consigo devolver o bem que me é feito.

    Um beijo para si. Que está longe. Mas muito perto. Que bom que seja assim. Que bom haver mais uma pessoa que acrescenta beleza e bondade ao mundo.

    Mar

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  4. Olá minha Lusitana:

    Foi mesmo assim, não foi? A Babette "descobriu" um blog tão fora de circuito:) E tão pouco. Em muitos sentidos. Com ela, veio também a Lusitana. E outras pessoas. E eu acho lindo o imponderável disso tudo. E mais as outras coisas todas que digo muitas vezes. Não faz mal dizermos muitas vezes coisas boas, pois não?
    E sim. Também me parece a mesa mais bonita. Que bom que lhe tenha sido dedicada. Pena não conseguir publicar também as imagens da mesa para os nossos pequenos índios:) Na casinha de vidro do jardim. Uma coisa a contrariar, essa. De as fotografias não estarem aqui a documentar. Uma espécie de resignação a extrair dessa contrariedade. Mesmo que transitória.
    Ela esteve feliz. A ser acolhida. Servida. Como uma princesa:) Com uma ementa pensada para ela. Inteiramente merecida. Obrigada por estar aqui também. Ou aí.

    Um beijo com carinho.

    Mar

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  5. Hoje estou a comentar a minha Mesa ;). Vivida e acontecida ontem. Tão bonita. Muito de princesa, com azul, espelhos, copos antigos e as tuas mãos. E a mesa dos nossos índios. Tão bem que eles se portaram com uma mesa enfeitada a gomas e blocos de madeira. Eu tenho a foto, mas queria que fosses tu a publicar. Voltas que nos trocam os dias e até os blogs. Dias cheios que precisam das memórias das coisas boas para amenizar. E sim, ontem foi um dia muito bonito. Acho que vou carregar muitas baterias com ele. No dia em que fui princesa no jardim da Mar. E do Vasco. Com os nossos pequenos índios a viver histórias de bandidos que corriam à volta da casa. Da tua casa. Obrigada. Tu também me fazes bem...
    Babette

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  6. www.burroquandofoge.blogspot.com17 de outubro de 2011 às 15:07

    Vim ver como ficou a mesa com as rosas rosa para a Babette :)
    E ficou linda, com os pratos azuis e os espelhos e o conjunto todo, aquele, o do momento. Como conversámos. E o sol e o verde.
    Fico muito contente em ler como foi bom receberes amigos. Porque sou tua amiga e porque me recebes sempre. Todas as vezes, com o mesmo carinho, com as mesmas mãos abertas.

    A fotografia está muito bem, as outras, também sabe bem esperar por elas.

    Um beijinho grande, de acolher.
    da Pipinha

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  7. Queridas amigas,

    Hoje gostei de encontrar a referência a um mesmo almoço em dois blogues distintos, tendo sido o mesmo servido sobre uma toalha cor de Mar, com pratos a condizer e espelhos que reflectiram a luz. Mesa em consonância com a Mar, mas criada em função da Babette. Daí ela ser diferente de outras mesas. Duas princesas num jardim. Se fosse uma verdadeira Fa(da) iria permitir que cada uma formulasse um desejo para o transformar em realidade. Fico a pensar no que me pediriam? Um assado (talvez), uma gelatina (não creio), um bolo de chocolate (é provável), uns queques (nunca), muito menos as minhas outras sobremesas com pouco açúcar. Talvez preferissem algo mais etéreo, uma chávena de chá envolta em palavras que evocassem afectos.

    Um beijo para ambas e outro, em particular, para a Lusitana

    Fa

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  8. Finalmente a comentar a tua mesa:) Que há muito que queríamos uma mesa pensada para ti. Foi ontem. Num dia com o sol que eu tinha pensado para quando viesses. Para estar lá fora. No terraço dos sofás brancos. Na mesa debaixo das árvores. Coisas assim. Coisas assim que nos fazem bem. E que ficam em nós. São reservas contra a dor. Contra o que nos nega. Contra o que nos faz sentir pequenos. Como hoje. Em que senti coisas dessas. Sem que houvesse um tempo real para as sentir até ao fim. Com o silêncio que elas pedem. De vez em quando, é assim. E não há sapatos lindos que nos valham:) Mas sabes, pensar no dia de ontem fez bem ao meu dia mau. Pensar que seja como for, seja o que for, o dia de ontem não me pode ser retirado. Acontece isso com as coisas boas que vivemos. Ficam e pronto. Pertencem-nos.
    Que bom que a casa da Mar e do Vasco tenha sido acolhedora. Como disse o teu marido, quase depois de chegar. Acolhedora e harmoniosa, a minha casa. Definida pelo teu marido com sensibilidade e com muito mundo:) E a juntar a isso, o registo contido do Vasco. Gosto sempre desses e de outros registos dele.
    Voltar. Penso no vosso voltar. Se calhar com lareira. Se calhar com tempo frio. E comida reconfortante que aqueça. E que acolha.

    Um beijo com gratidão. Só por seres minha amiga. Quando é assim, não é preciso mais nada.

    Mar

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  9. Foste assim uma espécie de cúmplice:) Escolhemos juntas as rosas rosa para a Babette. Olhei para elas e soube que iriam estar à mesa do dia seguinte. Rosas rosa impulsivas. Como a tua amiga de há muito. E sabes, também me acolhes na tua casa. Como no sábado em que escolhemos as flores. Café quente. Pão. Queijo. E biscoitos. E nós. Há tanto tempo, nós. Tão bom sermos assim há muito tempo. E repetirmos rituais de há muito tempo. Muito bela, a repetição com estes contornos. E sim, também eu estou à espera de ver aqui as fotografias:) Já desisti de me irritar com o blogger caprichoso. Que não me obedece.

    Um beijo da tua amiga Mar. Que se sente acolhida pelo teu carinho.

    PS: As nabiças que me deste foram integradas numa sopa de mãe que os meninos e os grandes adoraram:) Já viste que bom?

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  10. Quem disse que não é uma Fada de verdade?:) E assim sendo, posso formular já o meu desejo? Queria um assado da Fa. Daqueles em que integra legumes e coisas que preciso sempre de perguntar o que são:) Mas que imagino a saberem-me bem.
    Lembrei-me de si no Domingo. Lembro-me muitas vezes. Mas muito no Domingo. Por gostar da ideia de a ver ali fora. E de ali fora poder haver uma mesa para a minha Fa(da):) É bom pensar na possibilidade de uma mesa. Com chá e palavras. Ou assados e bolos de maçã. Coisas assim que são afecto.

    Um beijo para si. Que também está aqui.

    Mar

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  11. Olá, Mar. Vim aqui ontem (e ao blogue da Babette também), mas, com a correria do dia, não consegui comentar. Ficomuito feliz por terem estado juntas em mais este almoço especial. A mesa estava linda. À altura da vossa amizade. Obrigada por me terem levado para a vossa mesa :) Este fim de semana também estive com uma nova amiga, que tenho adorado descobrir ( a Elvira, do Elvira's Bistrot) e falamos de vocês. Isto é, sem dúvida, o mais bonito de termos blogues :) um beijo, depois de um dia detrabalho que durou até às 19:30.

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  12. E então um obrigada à Pipinha, que ajudou a escolher tão belas rosas. E que está muitas vezes nas nossas conversas...
    Um beijo à amiga da minha amiga ;)
    Babette

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  13. Olá Ilídia:

    Como a compreendo. Os meus dias fora de casa têm terminado por volta das oito. Amanhã vai ser a mesma coisa. E nós sabemos bem como isso pode ser penalizador para uma mulher. Por haver mesmo uma questão de género incontornável. É mais difícil para uma mulher. Embora não tivesse necessariamente que ser assim.
    Por essas e por outras coisas, as memórias boas que temos, ajudam-nos a olhar melhor para a frente. E a tentar retirar o melhor dos nossos dias. E sim, o melhor dos nossos blogs. O afecto. As cumplicidades. As mesas todas a haver. Coisas que fazem com que a água toda que existe entre nós e a Ilídia seja quase nada. Num quase nada, vou lê-la. Num quase nada, descobrimos as coisas todas que fazem com que a água toda seja nada. Por algum motivo me chamam de Mar:)

    Um beijo com muito carinho. Pela água. E fique bem. Resguarde-se, depois dos dias que acabam já de noite.

    Mar

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  14. Babette, foi um gosto ajudar a escolher as flores rosa para a vossa mesa! Para a minha amiga oferecer à sua nova amiga.
    É assim entramos no mundo umas das outras, pelos gostos, por aquilo em que se coincide.
    Um beijinho,
    contente pelo vosso dia.
    da Pipinha

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