Sul.

Os gestos são ponderados, quando regresso do mercado. Depois da alegria que vem de lugares dentro de mim que não conheço. O cesto onde foram sendo colocados os legumes que hão-de ser uma sopa. Ou uma salada. Os frutos que são como em nenhum outro lugar. Por saberem a sul. Por serem doces como o sol do sul. Figos. Uvas brancas de moscatel. Morangos pequenos e muito doces. Ameixas vermelhas por dentro e quase negras ao olhar inicial. E peixes que não vêm de lugares longínquos. De Sagres. Das águas frias que há perto. Os peixes das águas que são mais atlânticas que mediterrânicas. Um almoço com coisas do sul. Salada de beldroegas. Com morangos, figos e queijo cheddar.  E arroz de polvo de Sagres. Assim, hoje:

Para a salada, basta colocar algumas beldroegas num prato fundo, cortar uns cinco morangos ao meio e quatro figos. Antes do queijo, flor de sal, azeite e vinagre de maçã. No fim de tudo, o cheddar (mild). O melhor dos acompanhamentos é pão alentejano. E o vinho que apetecer no momento.

Para o arroz de polvo, faz-se um refogado com metade de uma cebola, pimento amarelo (ou da cor que quisermos), um dente de alho esmagado, um tomate cortado em pedaços e azeite. Quando a cebola estiver translúcida, junta-se um polvo médio cortado em pedaços. E um pouco de vinho branco. Fecha-se o tacho e deixa-se durante cerca de meia hora (o tempo pode variar consoante a consistência do polvo, por isso, vai-se provando até atingir o ponto certo). Quando estiver cozido, acrescenta-se água até meio do tacho. Depois de ferver, junta-se uma chávena almoçadeira de arroz carolino e sal a gosto. Pouco antes de retirar do lume, coentros picados e mais sal, se for preciso.

Depois disto, apeteceu coisas de criança com o meu filho. E sol. E água.

NB: A salada colheu inspiração numa pessoa. Na Gisela. De um blog que celebra estas e outras coisas. Na lista de lugares a acompanhar de perto. Pão e beldroegas, o rosto virtual da Gisela. Obrigada a ela. Pela salada colorida do almoço de hoje.