Há muito tempo.



Qualquer coisa de decadência, na Figueira da Foz. Romântica. Cheia de evocações silenciosas. Nos edifícios dos anos setenta, junto ao mar. A falarem da época em que a praia era lá. Na Figueira. A pressupôr deslocações que se estendiam pelos dias quentes. E nas edificações anteriores, enquanto foi uma espécie de reduto. As dos anos trinta. Lindas, as casas de veraneio dos anos trinta. Lindo, o casino. Lindas, as ruas. Há lugares em que sentimos que já estivemos muitas vezes. E sim. Objectivamente, já ali estive muitas vezes. Muitas coisas foram ali vividas. Gratas. Coisas prolongadas de Verão. Acordar com tempo. O mar à frente. Descer à cidade, pela Serra da Boa Viagem. Sempre com mar. Perigosamente, o mar. Escarpas. Falésias. E o mar lá em baixo. Com qualquer coisa de tenebroso, à noite. A adivinhar-se lá em baixo. No abismo que é a estrada que leva à cidade. E depois de uma última curva, a cidade. E o mar. Já sem medo. O mar brilhante da Figueira. O mercado sonoro da Figueira. Peixes para os almoços tardios dos dias quentes. Os frutos. Os legumes que depois eram saladas muito frescas. Coisas assim. E outras. Mais silenciosas.
Soube bem voltar. Sabe quase sempre bem voltar a lugares que já não nos vêem há muito. Como aquele mar. Que já não via a Mar há muito.

6 comentários:

  1. Um areal imenso o da Figueira. E aquela aurea de orgulho presente nas glórias passadas. Ir a banhos na Figueira.... Foram as primeiras férias de praia que fiz com os meus meninos!
    Um beijo
    Babette

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  2. Muito decadente. Sempre com muita areia. E muitas pessoas em noites quentes. No centro. Mas sabes, as praias escondidas daquela zona são lindas. Quase silenciosas. Era num desses lugares. Coisas que estão lá atrás. Quietas. Resolvidas.
    E saber que sim, que os teus meninos viram praia ali. Pela primeira vez. Coisas que ficam, essas.

    Um beijo.

    Mar

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  3. A Figueira é minha também. Muito. Para mim não é decadente a palavra. É mais carinhoso dizer que a terra onde se passaram os Verões da infância parou. Ficou no mesmo sítio.
    Buarcos, que tem um areal mais pequeno, e que tem os Alfredos que ao crescer foram passando a rochedos, a Emanha, o picadeiro à noite, o Relógio, o Tubarão, a Igreja com o Padre Cantor e o Ovo que é supermercado.
    Bom os sítios serem tantas coisas.
    E uns cortes de ténis onde hei-de jogar!

    Lindas as tuas fotografias, das casas e das praias de areia. Essa que diz carrocel era onde havia uma casa de divertimentos. Cá fora havia um teatro de marionetas, em que tínhamos que por uma moeda para funcionar. Nem sei explicar aquela alegria! Que nunca se esquece.

    Beijinhos, azuis, Mar

    da Pipinha

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  4. Mais tua, a Figueira. Uma certa tristeza, quando ias. Com os pais. Para um mês inteiro sem nós. Sem as coisas de Verão que eram daqui. Sem as tardes na piscina da Joana. Sem bolos de chocolate diários. Sem as nossas deambulações. Era melhor quando estávamos todas. Sempre melhor. A decadência tem a ver com um imaginário que para mim está lá cristalizado. Uma coisa que se quer muito ver. E não. Não dá. E tem muito daqueles edifícios, esse imaginário. Os dos anos setenta, principalmente. Da arquitectura de Estado Novo. Austera. De traços que diziam que tudo devia obedecer a uma ordem definida. De cima. Coisas assim.
    As tuas recordações são lindas. Mais da cidade, que são. As minhas são de Quiaios. Tu sabes. Também andavas lá. Nas passagens de ano, muito principalmente. Na agitação de um lugar para mudar de ano. Em festas ruidosas. Longas. Que pareciam nunca acabar.

    Um beijo da tua Mar, Pipinha:)

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  5. É muito giro e interessante neste universos de blogs que apresentam um pouco da nossa gastronomia caseira, retratem tb a nossa cidade... adorei o teu blog... vou vir mais vezes visitar-te.

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  6. Olá Sophy:

    Que bom que tenhas gostado. Que bom que voltes mais vezes. E que bom que sejas da Figueira. Significa coisas muito bonitas, a cidade onde está a Sophy:)

    Um beijo. E obrigada.

    Mar

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